Marco Lucchesi
Quadrante lunar de Majela Colares
A poesia de Majela Colares tem saber e
sabor. Obra que se insinua, através de modos sutis, silenciosos, com
seus versos que flutuam como pontes lançadas sobre abismos e
significação. E nisto reside a sua modernidade, através de
fragmentos e remissões, de coisas passadas e futuras. Mas não é uma
obra fria, ou apenas clara, ou marcada por raros matizes.
Trata-se de uma partitura emocionada,
de um lirismo que não arranca da paisagem suas flores, aquários ou
plenilúnios, mas que com eles estabelece um campo de meditação, como
fontes e parcelas da máquina do mundo. Quadrante Lunar responde a
essa demanda local e ao mesmo tempo global – como diriam os físicos.
Vejo um fio tênue ligando sua aldeia com as demais aldeias do mundo,
o processo da história em sua ação contínua e inarrestável, a
simpatia do Cosmos e a fina teia de palavras e seus correspondentes
sonoros. Vejo um fio que nos aproxima a todos, nas fontes abrâmicas.
No céu de Agosto. Ou de Setembro. Esse fio de ouro parte do coração
do poeta e o leva para todos os quadrantes. E nisto reside a força
de seu canto e de seus passos. Sua maravilhosa invenção e
descoberta. De um céu a outro. De um mundo entressonhado e visto.
Pois sabe, afinal, que "o Céu vem dos céus - o mundo é pequeno /
sublime é o canto, os gestos e o salmo”.
*Poeta, ensaísta, tradutor e
critico literário
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