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Maria do Socorro Cardoso Xavier

 

Fortuna Crítica: Divanira Arcoverde*
 

"Tu não estás só na multidão"
 


Criar é ser Aquele que É; Criar é matar a morte.

(Jean Christophe).
 

 

E tu, num "orgasmo de criação" fizeste dos teus poemas "um Parto feliz, retirando dos destroços do quarto de despejo da existência" a "forma Feliz", o leitmotiv, o fio condutor para viver.

Teus poemas carregados de um cepticismo até certo ponto preocupante, são "Barco Sem Vela" que "acumulando pesadelos e desenganos" vão navegando com todas as intempéries para não naufragar"; E na luta da sobrevivência, contra os vendavais que carregam teu "Barco sem Vela" para aportar quem sabe onde, tu navegante sem rumo "implodes o sentimento verdadeiro". Mas na ânsia de VIVER, te fazes voz de inúmeras mulheres que arraigadas de preconceitos e princípios se encorajam, para "abrir a janela/ qual pássaro sedento/ de vida/ de liberdade".

Em teu estilo cheio de adjetivações ricas e antíteses fortes, questionas o existencial. Abordas dialeticamente VIDA x MORTE; AMOR x ÓDIO; RISO x CHORO; na preocupação de que "As pessoas valem/ não pelo intrinsecamente ser/ mas pelo materialmente ter". E dás teu grito de denúncia e revolta, quando "na ânsia pessoal de transformar o mundo" reclamas por "verdade e justiça". Na tua visão multifacetária, de uma sociedade díspare, imperativamente, como se pudesses ordenar, dizes: "Veja a criança abandonada/ veja o operário com espinha dorsal quebrada/ veja um professor com faringite/ veja o marginal perseguido/ que a própria sociedade gerou "E num sentimento mais forte, em ti, "o amor transcende fronteiras" e quantas vezes, procuras sufocar "A pior lágrima/ aquela que se derrama/ no silêncio profundo", para epicurìsticamente "viver hoje todos os segundos".

Não, Socorro, Tu não estás "só na multidão" porque teus versos gravitam em torno de ti, multiplicando-te em várias facetas, nas várias mulheres que a tua consciência artística criou e impõe no ecoar dos tempos.

Imortalmente.
 

 

(*) Professora universitária paraibana, pós-graduada em letras, crítica literária.
 

 

 

John William Waterhouse , 1849-1917 -The Lady of Shalott

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Weydson Barros Leal