Maria do Socorro Cardoso Xavier*
"Pelo Tempo Sem Fim amém"
Este é o primeiro livro do autor,
cuja leitura fértil empolga Emocionou-me sua profunda e original
dedicatória "procurando gente para fincar raízes, antes que a noite
venha".
Pelo tempo sem fim amém é uma obra
mista de ficção e realidade, na qual histórias e estórias se
entrelaçam, mergulhando nas árvores genealógicas das principais
famílias do Vale do Sabugi (Santa Luzia, na Paraíba), fincadas de
dois séculos atrás: Portugal, o avozinho!
Trata-se de narrativas singulares,
não lineares, em que o autor utiliza vários tempos, passado e
presente se entrecruzam com várias falas, "pelo tempo sem fim amém".
Diria ser um livro de memórias, de cunho histórico-sociológico, cuja
narrativa animada, heróico humorística, se refere a acontecimentos
que remontam ao século passado. São mergulhos nos dias longínquos
das brenhas do Sabugi.
O autor narra com um tal dinamismo
semiótico, que chegou a cotejar "Pelo tempo sem fim amém" com a
genialidade de "Cem Anos de Solidão".
O fervilhar de imagens de um
inconsciente coletivo nos transporta com cores vivas ao século
passado, vislumbrando um realismo quase fantástico, numa obra que
traduz um mundo restrito e quase imutável "pelo tempo sem fim amém".
O autor, sempre fincado ao chão
tórrido e aos seus filhos guerreiros de suor, seca e dor, processa
uma catarse de si e de sua ancestralidade. É vida, realismo,
fantasia, ideologia religiosa, tragédia, comédia. Aí o autor fincou
seu marco de obstinação e originalidade ao resgatar suas raízes e
seus duendes ocultos.
Pelo Tempo Sem Fim amém: Adhemar
Fernandes Dantas: Campina Grande/Pb: governo da Paraíba/SEC,1982.175p.
(*) Já referenciada em
outros trabalhos publicados no Jornal de Poesia.
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