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Dora Ferreira da Silva

Conchas, São Paulo, 01/07/1918 - São Paulo, SP, 06/04/2006

Michelangelo, 1475-1564, Teto da Capela Sistina, detalhe

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

 

John William Godward (British, 1861-1922),  A Classical Beauty

 

Ticiano, Magdalena

 

 

 

 

 

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido

 

 

 

Dora Ferreira da Silva


 

Nota biográfica:
 

Poeta e tradutora de Rilke e de Hölderlin, entre outros. Faleceu na tarde do dia 06/04/2006, aos 87 anos, em São Paulo-SP, onde morava.
 

" Dora tem uma longa trajetória de mais de 50 anos dedicados à poesia. Autora de livros como Andanças, Talhamar, Retratos de Origem, Poemas da Estrangeira e Hídrias. Foi três vezes ganhadora do Prêmio Jabuti. Recebeu também o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, em 2000, por sua obra Poesia Reunida, editado pela Topbooks.

Como tradutora, destacam-se seus trabalhos com autores como Rilke, Saint-John Perse, San Juan de la Cruz, Hörderlin e Jung. Também atuou como editora, fundando a revista Diálogos, juntamente com seu marido, o filósofo Vicente Ferreira da Silva. Depois, criou a revista Cavalo Azul, para difusão da poesia. Atualmente, funcionava em sua casa, um Centro de Estudos de Poesia com o mesmo nome.

Dora conquistou o Prêmio Jabuti 2005, um dos mais prestigiados da literatura brasileira, com o livro Hídrias."


Fonte: Estadão.com.br
 

Obras de Dora Ferreira da Silva:

  • Andanças, edição da autora, 1970, Prêmio Jabuti.

  • Uma via de ver as coisas, Editora Duas Cidades. 1973.

  • Menina e seu mundo, Massao Ohno, 1976.

  • Jardins( Esconderijos), edição da autora, 1979

  • Talhamar, Massao Ohno, 1982.

  • Retratos da origem, Roswhita Kempf, 1988.

  • Poemas da estrangeira, Massao Ohno, 1996, Prêmio Jabuti.

  • Poemas em fuga, Massao Ohno,1997.

  • Poesia Reunida, Topbooks, 1999, Prêmio Machado de Assis da ABL.

  • Hídrias, Odysseus Editora, 2005, Prêmio Jabuti.

Traduções:

  • Elegias de Duíno, de Rainer Maria Rilke, Editora Globo, 1972
    e relançada recentemente.

  • Memórias, sonhos e reflexões, Carl Gustav Jung, Nova Fronteira, 1975

  • A poesia mística de San Juan de la Cruz, Cultrix, 1982, esgotada.

  • Angelus Silesius, em colaboração com Hubert Lepargneur, T. A.Queiroz, 1988

  • Vida de Maria, de Rainer Maria Rilke, Editora Vozes, 1994

  • Tauler e Jung, em colaboração com Hubert Lepargneur, Paulus, 1987

      

Alessandro Allori, 1535-1607, Vênus e Cupido

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

 

 

 

 

 

Dora Ferreira da Silva


 

Valsas de Esquina de Mignone


Só um pássaro
e seu peso de orvalho tocando
o chão como se foram teclas.
Passa onde a graça
ilumina a cidade de ferro
subitamente atenta a essa beleza.

Nos jardins teimam rosas
delicadamente.
Violetas africanas
salpicam de ouro
muros escuros
e as princesas purpúreas
espiam dos balcões verdes
nas paredes florescidas:
dançam pétalas
dança a vida
nos jardins contentes
não termina a partitura
que se repete
sempre.


 

Ingres, 1780-1867, La Grande Odalisque

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Caravagio, Tentação de São Tomé, detalhe

 

 

 

 

 

Dora Ferreira da Silva


 

Boneca


A boneca de feltro
parece assustada com o próximo milênio.
Quem a aninhará nos braços
com seus olhos de medo e retrós?

O signo da boneca é frágil
mais frágil que o de pássaro.
Confia. Assim passiva
o vento brincará contigo
franzirá teu avental
dirá coisas que entendes
desde a aurora das coisas:
foste um caroço de manga
uma forma de nuvem
ou um galho com braços
de ameixeira no quintal.

Não temas. Solta o
corpo de feltro. Assim.
Para ser embalada nos braços
da menina que houver.

 

 

Caravagio, Tentação de São Tomé, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova, detail

 

 

 

 

 

Dora Ferreira da Silva


 

Chamar Pássaros


Chamar pássaros com o alpiste
de amá-los. Eles pousam nos parapeitos. Nem
sombra de medo nessa aproximação.
Quase me sinto gêmea do que são parados
à beira da janela ou saltando no telhado
recém-chegados.

A cordialidade dos pássaros é

sutil:
afloram o coração de quem os ama.


(Este poema inspirou "Cumplicidade" de Soares Feitosa.)
 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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(05.05.2023)