Silas Corrêa Leite
Os Fotogramas Poéticos do Luiz
Edmundo Alves
O poeta bahiano contemporâneo, Luiz
Edmundo Alves, psicólogo radicado em Belo Horizonte, Minas Gerais,
em seu novo livro, "Fotogramas de Agosto", literalmente revela (...)
os "fotogramas" (objetos literários transparentes)poéticos de
recente belíssima safralavra. "Muita coisa que interessa/Se
configura no inesgotável", poetiza mui belamente ele. E desconfia,
remonta, estilinga, reconta. Uma saudade-sombra aflora ranhuras de
si mesmo (que desvela), abismando-se, suspenso às vezes numa espécie
de close-captação de sua cítrica sensibilidade ferida, talvez
decantação para uma lírica mordaz.
Para ele é fácil "revelar" silêncio. A
poesia é sépia? Apresenta-se bandalheiro como "o poeta que precisa
do medo de morrer". E transmusica seus uni/versos (versus ele
mesmo), decompondo imagens belas, fragmentando matizes. Desfoca
focos e se sopra na contraluz (lampejos?) de seu próprio prisma,
altamente talentoso, inebriado pelo verbo (vinho-verso) poetar.
Quebra clichês em poemas com doses
quase homeopáticas, quebra ritmos, desorizonta-se; musicando as
pétalas (3 por 4) guardadas no peito, e se denomina graciosamente um
pato em terreiro de cínicos. Tem a intensidade-alísio de avessos.
Lendo-o, imaginei uma contação/(cantares) tipo Gonzaguinha, ao
entoar o refrão "ganhando um fuscão no juízo final". Esse é o
enfoque, o enquadramento.
Projeto gráfico excelente, capa
lindíssima (Pindaro Lutero/Wilmar Silva), abre-se o livro e começa o
espetáculo: lê-se poemas de qualidade. O autor espectra a vida a
passar-se-lhe; sendo-a, portanto, intenso e profundo, portentoso
hospedeiro de cacos e pólens dela, portador de vivíssimos cenários
imagéticos, recolhendo fotogramas com sua bateia de granizos d´alma,
ora em disfunções e descompassos, ora aflitivo e memorial como se
com borras de café (a ferrugem dos dias mecânicos pagando pedágios a
mesmices), no olhar entriste/tecendo (a vida! a vida!) sobre todas
as coisas de causas, credos e contemplares. A esponja do boêmio
poeta vira mata-borrão, e como dói. Dói o palavrear poético de suas
ranhuras. O ideário do "poetna" - como Luiz Edmundo Alves - seria
perolizar a dor, a angustia, a saudade (e-ou cabide de perdas) no
macadame das idéias?
Gostei muito dele, novidadeiro
(inventor do inexistente) em um desses achados:
"Oppa!
Pop pop pop
A nação é pop
Top top top
A nação é foda
Oppsss, aqui óó!
-Roda, roda e avisa..."
Poesia-caturra, cartum (henfil/na/mente)
mais a cara (e a craca) e a carruagem de abóboras de Luiz Edmundo
Alves, promotor e paladino das artes literárias no biscoito fino do
mundo da web, a partir do exuberante
www.tanto.com.br
Conhece a ofi/sina de recriar(se)
desse tanto, quanta e quantum. Sarava compadre. Sua poesia realmente
ins-pira. Terreiros e palheiros inumanizados carecem agulhas de
objetivos novos e limpos, muito além dessas nebulosas sub-vicências
e vivências/sobre. Aliás, depois de ler "Fotogramas de Agosto"
conclui que, é bem verdade, não é sempre que fotogramas enlivrados
causam boa impressão como a desse livro.
Fotogramas de Agosto, Poemas, 2005
Luiz
Edmundo Alves, Poeta
Editora Anomelivros
E-mail: anomelivros@anomelivros.com.br
Site: www.anomelivros.com.br
Leia a obra de Luiz Edmundo Alves
|