Clique aqui: milhares de poetas e críticos da lusofonia!

Endereço postal, expediente 

e equipe

 

Escreva para o editor

Escreva-nos

 

Página do editor Soares Feitosa

 

Soares Feitosa

Fortuna crítica

Neste bloco:

Dilson Lages

Edison Pereira de Almeida

José Alcides Pinto

José Helder de Souza

José P. di Cavalcanti Jr.

Oldegar Vieira

 

 

Continua

Anterior

Página inicial do Jornal de Poesia

 


 





Clique aqui: milhares de poetas e críticos da lusofonia!

Endereço postal, expediente 

e equipe

 

Escreva para o editor

Escreva-nos

 

 

 

 

 

José Alcides Pinto

 

Um primeiro escrito

 

Da Construção Poética  

 

Fiz dois trabalhos para o livro de Soares Feitosa. O primeiro, desprezei por falta de uniformidade. Era um levantamento apressado de nossa cultura desde os seus primórdios, para através deste situar a poesia de meu conterrâneo no lugar que lhe é devido. E à pesquisa - juntei modernos e modernistas, sem esquecer as vanguardas de hoje.

Bem, mas é bom lembrar aos que tiverem oportunidade de ler este trabalho, que não sou crítico literário ou coisa que se consigne. Tenho alguns livros de poesia e ficção; alguns, fui até modesto; em verdade, são até muitos, e todos marcados pelas 
limitações. Mas até Machado de Assis dizia que as possuía. Mas isso não salva o barco, evidentemente Machado de Assis é Machado de Assis, e que sou ? um simples provinciano das letras, com fumaça de escritor-poeta.

Bem, vá lá. Mas por que me cerco de tantos cuidados ? Tudo isso se faz necessário, a meu ver, para dizer algumas palavras sobre os poemas de Soares Feitosa, que a princípio me impressionaram.

O livro foi todo construído pelo autor, da capa ao colofão, mas este se não existisse não faria falta, já que o livro tem informação de sobra: fotos, vinhetas, reproduções, desenhos, letras musicais, etc. tudo a que tem direito uma obra que se quer de arte - e arte poética.

O título, como todo o projeto da obra, é belíssimo. Réquiem em Sol da Tarde (poesia heróica, telúrica e lírica). A referência é desnecessária, pois rouba ao leitor o prazer da descoberta. Mas não comete por isso Soares Feitosa nenhum pecado, nem mesmo venial.

Cores, sons, imagens, harmonia, ritmos e ritos, orquestração, até sementes de plantas aromáticas foram jogadas, e bem jogadas, nesse volume de quase 700 páginas: épico, simbólico, surrealista, além de outras virtudes (teologais?) e por que se há de negá-las ? - isso sem falar no arranjo técnico gráfico-visual-espacial da montagem das linhas dos poemas e tantos outros ingredientes que formam o texto. 

Há autores que dispensam apresentação, e Soares Feitosa é certamente um destes, tal a sua identidade com os poemas de sua saga, que têm raízes e vertentes clássicas - e a Grécia está presente no que de melhor gerou o pensamento grego na filosofia, no teatro e na poesia. Nesses momentos, é sempre oportuno lembrar Ésquilo, Aristófanes e Eurípedes - três gigantes que detêm a Grécia antiga nos punhos, sem falar nos pensadores  propriamente ditos.

Soares Feitosa, esse caboclo dos Inhamuns, teve a paciência e a sabedoria para esperar a sua colheita poética (estréia aos 50 anos) e deixar que ela amadurecesse como uma massa cheia de dias promissores de verões. Sim, o tempo amadureceu seus poemas e deu-lhes cor, sombra, luz, irradiação de íris, a beleza de rainhas e princesas.

Trouxe também a fé e a prudência para que seu trabalho ganhasse, nesse clima propício, a dimensão de sua perenidade. Eis aí, em algumas linhas, o perfil do poeta Soares Feitosa, um tanto singular sob vários aspectos de que se reveste sua arte 
poética.

Não é possível escrever sobre Réquiem em Sol da Tarde sem antes conhecer o autor. Ele, em pessoa, é o próprio poema vivo, sob uma exaltação lírica e feroz ao mesmo tempo, como se sua poesia viesse rasgando o útero da terra para se 
mostrar ao mundo em toda a sua plenitude.

Seus versos clássicos, de feição modernista, se escrevem e inscrevem na vanguarda inventiva com grande intimidade, e refazem o que se perdeu ou poderia ter-se perdido nas curvas da marcha heróica de seu tempo. Soares Feitosa atualiza seu processo de trabalho na aliança com outras artes: a dança, a pintura, a música, a escultura, a arquitetura, enfim, com todos os elementos que representam o potencial da grande poesia, desde Homero a Shakespeare, de Dante a Virgílio, de Camões a Pessoa.

A organização conduz a forma, preconizava Focillon. Não há como negar isto. Mas que organização é esta de que nos fala ele ? Certamente aquela que fortalece a estrutura da linguagem e amplia o campo de sua plenitude. Já Valéry dizia que a revisão é o princípio da perfeição. Se não é demais, citaríamos ainda Pessoa: “Exija de si o que sabe que não poderia fazer; não é outro o caminho da beleza”.

O autor de Réquiem em Solda da Tarde assimilou bem os preceitos dos autores citados,  mas tapou os ouvidos à advertência de Pessoa, ou não a conhecia. Serviu-se mais da máquina para fazer suas poesias do que de suas próprias emoções. Em outras palavras, entregou ao computador a tarefa dessa missão. E aí foi que os burros deram n’água.

Essa não é uma crítica, como já sugerimos, mas uma viagem de observação, um rastreamento em torno da poemática. Ninguém de boa fé pretende negar a arrojada vocação desse autor para a Poesia. Soares Feitosa é um gênio primitivo, solto, absoluto, a procura de seus genes dispersos no mundo. Um mar turbulento, uma tempestade  ingovernável. Tem tudo para ser um poeta original (e original ele é), um poeta de grande porte (e também é isso). E por ser isso e aquilo é que nos ocupamos de sua figura literariamente magistral. Ele possui a postura de um príncipe exótico, de pé, no pórtico de seu palácio, onde o unicórnio do tempo reina e pasce a messe de seu poema.

Possuindo cultura geral no campo a que se propõe o seu trabalho, inegavelmente é um homem de letras, na acepção mais rigorosa do termo.

Não lhe falta nem mesmo o malabarismo verbal, e a improvisação, a visão plural dos fenômenos estéticos da arte de seu tempo. A única restrição que consigo lhe fazer é sua paixão pelo computador, como se ambos vivessem em regime de concubinato - desconfio que vivam mesmo -e ainda a pesada influência que carrega de Gerardo Mello Mourão.

O erro maior do autor de Réquiem em Sol da Tarde foi ter lido os Peãs, de Gerardo, antes de escrever seu livro. A sombra dessa obra o acompanha como uma estigma. E Soares Feitosa não esconde essa mancha pesada, pelo contrário, sente-se orgulhoso dela. E fez dos Peãs uma espécie de Bíblia de cabeceira.

Os poemas de Gerardo Mello Mourão são um marco da literatura brasileira; não só isso, mas obras de cunho universal. Não veja nisso o leitor nenhum exagero. Mas voltando ao reflexo da obra de Gerardo na poemática de Soares Feitosa, lembramos que influência não é sinônimo de pastiche caso fosse, Eça de Queiroz não teria sido o maior escritor da língua portuguesa e um dos maiores do mundo, pois o Primo Basílio não é outra coisa senão uma versão do Madame Bovary.

No caso de nosso poeta, a presença de Gerardo é uma constante, mas esta não compromete seu nome, nem prejudica a autenticidade de seu livro. Ao mesmo tempo, lembramos que o computador não faz poesia, nem jamais o fará. Dá o ornamento, o enfeite, dá ao corpo do poema a decoração emblemática do dólmã do general russo. Porém a máquina não é como o coração humano.

Pessoalmente, nada tenho contra o computador, pelo contrário; até que ele é útil e engraçadinho. No caso da poesia deve servir para compor o verso e não para descompor. Os poetas devem aceitá-lo como instrumento do seu tempo, um acessório bem diferente da pena e do tinteiro e inimigo da Olivetti, mas jamais como um meio para se chegar aos fins.

Mas retornemos ao livro de Soares Feitosa. A exuberância das metáforas na ordem e na desordem de seus versos enriquece toda a obra. Da fonte de seus poemas nascem deuses, ninfas, dríades, bruxos, elfos. É o mito em estado puro rompendo as eras ancestrais, atirando o leitor contra os diques da História.

O potencial criativo do autor de Réquiem em Sol da Tarde e a delicadeza dos lances líricos e amorosos que envolvem alguns de seus poemas lembram Castro Alves, Cruz e Sousa, Lamartine, Byron, Alfred de Musset. Soares Feitosa é um inventor de símbolos e signos (arquétipos). Vai buscar a precisão da linguagem de Mallarmé, a expressão erudita e ideográfica de Ezra Pound; em Apollinaire o verso caligramático e, em Cummings a visão fragmentada do poema.

Usando uma sintaxe nova de relação tempo-espaço (o espaço gráfico como agente estrutural) ganha seu livro novas conotações no que há de mais ousado no panorama da poesia atual. 

Tudo é motivo para seus poemas: aves de arribação, bichos-animais, as conversas de comadres, cantadores e violeiros, lendas e folguedos populares, crenças e alusões. Sim, porque tudo se une e se deságua no estuário do verso. O Nordeste está 
em seu livro por inteiro: o sertão dos Inhamuns, e sua gente sofrida, os rebanhos de cabras, e ele, o pastor de toda essa região mágica, a mesma do seu preceptor - daí, quem sabe - a confluência de seus poemas. 

Mestre Antônio e tantos outros mestres, no passo, na pancada, na conversa de pé-de-ouvido, de joelho dobrado, pé escorado na parede do esteio, à sombra do beiral da casa de taipa, assuntando à luz da estrela a bárbara fala dos trabucos ou na lembrança do vôo da jaçanã e também nas asas bordadas da borboleta.

E assim, nesse remanso, a cabeça guarda o barulho do mundo, o gemido dos bois nos  currais, colhendo a seara das estrelas, assistindo o passar do tempo nos passos da parca. E quando a manhã amanhece ele se encontra extasiado no “ouro dos jatobás” e volta-se para a “miragem da cuia/ pois o apanhar da água uma quase música/ e os joelhos/ sob o rastro dos céus passantes” - do poema Antífona.

Assim Soares Feitosa resgata a cultura da sua gente, passa a limpo a geografia e a história de sua terra, mistura línguas, idiomas, a música erudita e a popular, aonde nem mesmo Beethoven deixa de comparecer, e de tudo isso tirar os efeitos mais surpreendentes. 

As palmeiras, as tanajuras, as avoantes, as abelhas são vozes. E ele dialoga com as serras e com os ventos (demiurgo), e galopa o seu pégaso - potro fogoso e selvagem - mas os bichos miúdos e as aves também merecem sua atenção: “Sou de arribar, arribaçã/ groteio tudo, meu giro é amplo/ se a moça vai, quero ir também” - de Lua de Março.

Para Soares Feitosa inovar não é uma atitude, mas uma necessidade orgânica, instigada pelo seu espírito inquieto, aventureiro e inconstante. E pode (também o deve) fazê-lo, porque domina todas as técnicas do verso, tem na cabeça a solução dos problemas estéticos, inclusive os de natureza ética. Sua linguagem, sua engenharia, sua forma, tosa essa engrenagem, levam-nos (Perdidos & Achados) à descoberta do poema: Revire, desencave, quem sabe, debaixo desses livros, sob grossa poeira saltem, mola do tempo, dois olhos perdidos ...... achados e a noite cinza.

     Não é do meu feitio interior fazer transcrições, mas como fugir à tentação de fazê-las diante de versos como estes (Femina)? 

Não lavei os seios  
pois tinham o calor  
        da tua mão.

              

Não lavei as mãos 
pois tinham os sons  
        do teu corpo. 

 

Não lavei o corpo 
pois tinha os rastros 
        dos teus gestos; 
tinha também, meu corpo 
        a sagrada profanação 
do teu olhar 
        que não lavei. 
 

Lavei, sim,  
lavei e perfumei 
        a alma,  em jasmim, 
que é tua, só tua, 
        para te esperar 
mesmo que não tenhas ido 
        a nenhum lugar: 
donde apaguei 
        todas as ausências 
que apaguei  
        ao teu olhar”. 

Soares Feitosa agora está sozinho e em plena liberdade reina absoluto e soberano. Não obstante, ainda não teve seu livro, mais de 700 páginas maciças, a necessária leitura crítica. Tem recebido muitos elogios, mas nenhum crítico foi feito até hoje à sua obra.  

Falta uma definição da crítica especializada para tenhamos uma melhor definição do alcance de seus poemas. 

Verdade se diga, finalmente, Soares Feitosa com o Réquiem em Sol da Tarde deu um susto nos poetas brasileiros deste fim de século. 

 

                                   Fortaleza, out/95 José Alcides Pinto

 

 

 

Um segundo escrito

 

Hinário e Prece  à Poesia de Soares Feitosa 

Soares Feitosa está mudando o rumo da poesia brasileira. Culto. Oráculo de Delfos. Passa por cima de rios mares continentes promontórios. Leviatã nordestino. Tribo das andorinhas azuis, como já dissera Castro Alves: gênio, entre os seus poetas eleitos. Aqui também podemos ouvi-lo falar de Bilac como de Cruz e Sousa, Fernando Pessoa e Augusto dos Anjos, Artur Eduardo Benevides e Francisco Carvalho, Pedro Henrique Saraiva Leão e Dimas Macedo, Juarez Leitão e Sânzio de Azevedo, entre muitos outros para ficar só com os vivos. Da Grécia aos sertões de Inhamuns um pulo, sem esquecer o Gerardo por dentro, o Gênese e todas as profecias, que o homem é dado às transcedências: de Abraão a Davi, Sara e sua numerosa prole, as judias mais formosas; também Josué, Jacó e toda a sua progênie.

O poeta Soares Feitosa vai anotando - desde seu primeiro livro — Réquiem em Sol da Tarde — tudo o que vê e o que não vê, o que sente e o que não sente, o que existe e o que não existe, porque afinal de contas toda a ausência está presente no mundo; tudo anota em seu caderno de palavras, agora impresso, numa apresentação primorosa, pelas Edições Papel em Branco, que singularidade! Ele, Soares Feitosa, é o poeta de um alfabeto misterioso, mágico, no emprego das vogais e consoantes mais estranhas: metáforas inusitadas e surpreendentes. É um cristão primitivo, transcendental como um rio, um pássaro em alto vôo. Como os anjos navega em céu aberto, sem barco, sem bússola, porque é o próprio espaço a se refazer no tempo de sua ciência e sua arte. Símbolo e signo da modernidade: arquétipo. Ele é o mais antigo pastor e módulo cibernético mais moderno. Integra-se no avanço da Internet e mostra seu completo domínio nesse campo. Inaugura seu "Jornal de Poesia", que hoje abriga poetas dos quatro continentes, ou dos cinco, porque ele já não sabe bem onde começa a geografia e a história de seu país. Não conhece os limites, as zonas de turbulência, mas sabe que a poesia existe no tempo, e preexiste sem começo e sem fim.

Soares Feitosa, como já disse em outra oportunidade, deu um susto nos poetas brasileiros deste fim de século com sua estréia Réquiem em Sol da Tarde onde a habilidade artesanal do autor foi posta a toda prova. Obtendo enorme sucesso, seu talento confirma no livro que ora analisamos — Psí, Penúltima, livro este que integra duas virtudes teologais? — escrito para eruditos e críticos de poesia, e para o público de um modo geral. O título da obra é para quem sabe saber a sabedoria — fonte onde se oculta o reino das palavras e seu significado plural.

Pois aí está (o) do título. E também inseridos no texto, estão depoimentos dos maiores vultos de nossas letras — de Jorge Amado a Lêdo Ivo, Ivan Junqueira a Hélio Pólvora, César Leal a José Louzeiro, Millôr Fernandes a Thiago de Melo, Maria da Conceição Paranhos a Manoel de Barros, Osvaldo Carneiro Chaves a Antônio Massa, nosso jovem professor filósofo; mais uma vintena deles, que o autor tomou o país de assalto, espécie de tornado, levante de Canudos, bravura de cangaceiro, Lampião; estopim de fogo, Antônio Conselheiro abençoando os homens com o seu rosário de sementes graúdas, sem esquecer Padim Ciço e sua leva de romeiros vestidos de mandapolão e pés descalços, que a Fé não tem o espinho nem a poeira que cega.

Tudo importa ao poeta e tudo é objeto de suas investigações: os cantadores e os violeiros, o sertão por inteiro, com suas andorinhas viageiras, as avoantes que circulam nas lagoas, as jaçanãs, o aboio troante dos vaqueiros, o assomo dos macacos nas quebradas, que tudo por essas bandas respira sob o manto de Deus Vivo e do Crucificado, dos crentes e cristãos circuncisados.

Ora, meus amigos, tudo isso e mais do que isso e muito mais possa ser fazem parte da poesia desse poeta genial — costela do Atlântico, que surge no pórtico da nossa história literária como um verdadeiro profeta, um emissário da paz entre os homens, como ainda Gerardo à esquerda e à direita, ceifando o joio, para que o trigo da poesia se faça presença eterna. Tudo é surpreendente neste livro: a linguagem nova, a dicção presentificada na essencialidade das palavras, no avanço do tempo, perseguindo a posteridade obstinadamente.

As palavras vão pendoando as espigas, enchendo-as de leite e mel. As metáforas caem sobre as sombras da tarde e as iluminam. E em tudo e por toda parte está o ouro da melhor poesia, a inquietação do pássaro esquivo, saltando de galho em galho, o rouxinol chilreando nas brechas do telhado, as vertentes soluçando por entre as pedras dos riachos. Natureza natureza natureza. É certo que "a alma fica melhor no descampado/ O pensamento indômito, arrojado/ Galopa no sertão/ Qual nos estepes corcel fogoso/ Relincha e parte turbulento,/ estoso, solta a crina ao tufão". Isso é de Castro Alves. E isso lembra muito o arrojo metafórico dos poemas de Soares Feitosa.

Poeta de vanguarda e experimental: heróico, telúrico e lírico, ele dono (e proprietário) de muitos recursos gráficos e visuais, faz e monta o poema como quer. Sua técnica e a habilidade de lidar com as palavras são até então desconhecidas. As palavras o reconhecem como se fossem um escravo bom, obediente, orgulhoso de seu senhor. Monta e desmonta e remonta — arquiteto da loucura e do sobrenatural. Não adianta destacar este ou aquele poema como mostra de sua criatividade. Tudo nele é original, e traz impresso em letras firmes a marca de sua autenticidade.

Soares Feitosa, cobriu-se de glória logo aos cinqüent’anos, data de sua entrada nas letras, até então era um ilustre desconhecido. E foi essa ausência que o salvou, porque sob o sol das hespérides amadureceu sem floração, como o acontece aos mitos. Eles são!, são antes de existir.

Ao mar o poeta deu o estrugir ruidoso por entre as rochas. Ele é o reflexo de seus poemas, como Machado de Assis é o de Dom Casmurro, Alencar o Ipê de sua terra. Chegou maduro para ser colhido e guardado por inteiro num silo, cuja guarda só poderá ser confiada à parca fiandeira.

Que devo mais acrescentar "Quero o perfume do lado de fora/ e a cera-da-abelha/ sertão." Por dentro do favo estão os seus poemas, e na boca do povo, na praça, no meeting, no oratório da capela, na oração da família reunida à mesa. Amém. Quero-os (se posso querê-los) nos bolsões dos balandraus, misturados ao rosário e ao Adoremus.

José Alcides Pinto, dez/99 

 

Um terceiro escrito

 

 

POESIA E SÍNTESE

Ao gosto da verdadeira poesia, ou da arte poética, Soares Feitosa, inventor solitário e consciente de sua missão na literatura, recria seu universo poético do nada, como Deus criou o mundo, onde nada falta — da alegria da vida à tristeza da morte — extremos onde flore a felicidade e o amor.

Com o conhecimento prévio de todas as coisas, do que existe e do que inexiste, imprime ao texto poético uma dinâmica singular. Seu trabalho em constante mutação enriquece sua poesia e a distancia dos poetas de sua geração. A palavra necessária, em seu emprego adequado, corrige as distorções e os ledos enganos daqueles que pensam que fazer poesia é arrumar colunas de palavras como quem faz uma construção para nela se proteger da intempérie. Não é esta a segurança que Soares Feitosa procura, ante a certeza e a dúvida de que tudo que nos corre o perigo de desabamento e da destruição, menos o amor. 

O amor prememonitório: nesse sentido vamos nortear nossa análise. No inabitável, no inacessível, no incomensurável onde as matérias da alma humana se perpetuam para cantar esse imenso amor, pediu o nosso poeta uma inspiração divina, e de joelhos, sim, e iluminado, profeta de fronte erguida para o céu, contemplou a estrela mais brilhante, ou cá  na terra, de ouvido atento, o chilrear dos pássaros, a buscar o trino mais sonoro e mais doce para aproximar-se do regato de sua deusa-amante.

Poeta marcadamente cristão, mas também com as nódoas do pecado impressas na pele, ei-lo dele cativo e escravo a inspirar penas e cuidados, próprios dos amantes apaixonados, como dizem Camões e Pessoa. Mas Soares Feitosa precisa da forma clássica do verso livre, moderno, para alcançar o objetivo desejado — decantar o amor que lhe fere o peito. E assim armado de metáforas audaciosas, símbolos e signos significantes, senta-se à sua escrivaninha e escreve os versos mais belos que possa imaginar.

Esse descobridor de imagens e de ritmos estranhos, na musicalidade dos sons e das cores, levanta o simbolismo de sua escrita e reconstrói nossa poemática, dando à mesma um sentido mitológico universal, tal Dante e Virgílio, Camões e Pessoa.

Soares Feitosa mergulha na essência da história, e descobre o sentido do verdadeiro e inatingível amor-amor eterno dos mitos que cria de sua fecunda imaginação e que a nada é comparado, posto que é do encanto de sua mente prodigiosa que se origina e o toma por inteiro, corpo e alma, floresce, vive, cresce, se expande ao vento, abarca o mundo e o alanceia.

Este amor está nas páginas dos dois últimos poemas que escreveu, recentíssimos, e que trazem os títulos Nunca direi que te amo e O prisioneiro, obras primas da literatura da língua portuguesa. Falar é fácil, inscrever esses poemas na mente do leitor é que é difícil, porque o inefável jamais se apreende pelo sentidos, mas pelo sonhos.

Para que o paciente leitor não saia desta resenha de mãos vazias, tentaremos mostrar o que não se mostra, dizer o que não se diz, porque as composições de Soares Feitosa as composições de Soares Feitosa de que já falamos acima são para senti-las. Sugestões de leitura que cobram do leitor toda atenção e sensibilidade ao melhor entendimento de seus versos. Veja no Nunca direito que te amo:

          Sem nenhum aviso, 
          as sardas de um rosto, vieram as sardas 
          e eram notícia de uma navegação morena; 
          uma voz rouquenha, como se abafasse 
          o grito súbito sobre este porto 
          de nenhum aviso

 

Ficamos só nesta primeira mostra, pois já nos assalta o desejo de transcrever o poema por inteiro, tal o fascínio, o sortilégio e magia de que estamos possuídos. Por que o dilema? O que nosso poeta esconder ou querer evitar seu idílio amoroso? Talvez seja escusável dizer do secreto ciúme que permeia a beleza de sua amada, já que essa traz sem nenhum aviso as sardas de um rosto, que eram notícia de "uma navegação morena". Veja bem o leitor a originalidade da metáfora. E poeta continua em seu mistério e em sua secreta confissão. Deixemos o intérprete em suspense, perdido nesse labirinto de emoções, mesmo porque não podemos desvendar o mistério da transcendência de seus versos. Abandonemos o poeta que não nos abandona e passemos ao outro — talvez o mais belo dos dois ou quando já escreveu Soares Feitosa desde o seu livro de estréia, Psi, a penúltima.

Não sei nem ninguém saberá como ele escreveu O Prisioneiro, poema do que nos ocupamos agora, não parece obra do ser humano, tamanha a inefável beleza que porta, o que nos faz lembrar Rainer Maria Rilke, quando diz que alguns versos dos seus foram ditados por um anjo":  Vamos a um trecho de O Prisioneiro: 

 

"Trouxeram-me a prisioneira ao interrogatório. 

 .................................................................
          

Decretei a prisão imediata de todos os carrascos. 
          

Mantive a prisioneira sob algemas, 
          que ninguém é louco de manter 
          tesoiro tão rico ao léu;

mas, prudência maior, 
          soltei-lhe os braços e mudei 
          as algemas aos meus próprios pulsos".
 

Pressupõe-se que esta peça a que nenhuma outra iguala em nossa literatura, tenha sido mesmo "ditada", o que nos leva a crer, verdadeiramente, que algum sopro divino conduziu o pensamento no poetam em estado de graça. O poema acontece num clima sobrenatural, num diálogo consigo mesmo, num prisma de encanto.

Não revelaremos o epílogo, nem saberíamos como fazê-lo. Cabe ao leitor inteligente e sensível imaginar, somente, imaginar, o desfecho de tamanho enigma.

Édison Pereira de Almeida

 

Bom dia meu caro Soares Feitosa, Saudações Literárias.

O mundo está como está porque o intelecto está se sobrepondo ao que de melhor o ser humano tem.

E está se sobrepondo justamente porque utilizam o intelecto directa ou indirectamente em função da violência.

Nós que somos apenas escritores , criadores, artistas, pintores, cantores, directores de cinema, poetas, temos por obrigação pararmos e produzirmos mensagens e peças que vocacionem a Humanidade para a Paz.

Assim, solicito que me indiquem qual o caminho para que eu possa enviar e vocês publicarem textos meus, alguns antigos, outros recentes que falam sobre o Amor, o Sol, a Lua, a Natureza, a Paz.

Agradeço o envio do texto que fala sobre o trem...numa linguagem muito rica em detalhes que nos fazem viajar naquele que sem dúvidas foi o trem ( comboio) da sua Vida!!Ou do renascer com outros olhos...e outros sentimentos...

Fique na Luz e na Paz

Édison Pereira de Almeida - O Ermitão da Picinguaba 1979/2001

 

José P. di Cavalcanti Jr.

Caro amigo,

Comovente. Um texto mais que necessário, quase concreto porque construído como escultura. Quisera receber sempre "zonzeiras" assim. Primeiro, obrigado pela deferência e pela generosidade de incluir-me entre os destinatários. Em seguida, não deixe, por favor, de mandar-me sempre textos assim, belos, comoventes, essencialmente bem escritos. 

Há trechos de fazer com que, mais que marejados, a gente traga olhos de sol-pôr com pássaros exaustos mas felizes pousados nos bordos. Noutros, eu pensei perceber o quimérico lugar do encontro do sol e da lua. Ansiei o tempo todo pela conclusão; fiquei apreensivo porque queria ver como você concluiria. Valeu a pena. Parabéns, e obrigado.

Este texto meio zonzo irá para a Pasta de Textos Especiais.

Um grande abraço,

di

 

Dilson Lages

Psi, a Penúltima, é uma leitura da qual não se sai como se entrou. Por isto, sinto-me inteiramente recompensado do longo tempo que lhe destinei. Como esquecer a sensação de flutuar em poemas como "Perdidos & Achados"? "Vou dar uma uma volta/ e no retorno / me dê notícias do achou"

A grandiosidade de sua poesia reside nas relações intertextuais. O vate parece um jogador habilidoso à cata do gol. O resultado do labor constitui uma poética que traduz sonhos e inquietações numa linguagem mítica, na qual, especialmente o sertão e seus hábitos, gritam alto aos nossos olhos.

José Helder de Souza

Soares Feitosa,

Uma Poesia Nova ou Inovadora?
 

Chegaram-me às mãos, em novembro de 1994, por intermédio de Clóvis Sena, três cadernos de poesia, livros ainda sem aquela forma pela qual os conhecemos, saídos de tipografias.

Tais cadernos são assinados por Francisco José Soares Feitosa. Impressos em folhas de tamanho carta, saídas de uma moderna impressora, de computador ainda mais moderno, pelo visto do modo como estão feitos os volumes.

Percorrendo as capas internas, identificamos o autor: um filho de Monsenhor Tabosa, sertão central do Ceará, descambando para o vale do Acaraú. Feitosa, de profissão, é fiscal do consumo, que, inopinadamente, começou, na maturidade, (50 anos) a escrever poesia segundo as notícias inscritas nos cadernos de poesia então recebidos. 

Entre muitas outras coisas para ler, ficaram lá sobre minha mesa os três consideráveis (em se tratando de poesia) volumes do novo autor, Soares Feitosa, nomes de famílias bem cearenses, ainda mais dos sertões do vale do Acaraú. Lá um dia, o sol planaltino me invadindo a sala com o mesmo esplendor das tardes do Ceará, começo a folhear os livros do Feitosa. Constato ou descubro - e numa leitura mais atenta, ser uma obra - nascendo (e em progressão ?) de temática essencialmente cearense, aquela velha história: da minha aldeia é que vejo o mundo, dita desde Heráclito e repetida por muitos Tolstois e Pessoas.

Começa-se pelo próprio título dos livros, “PSI, a Penúltima”. Depois de imaginosas alusões de Feitosa à forma do sinal alfabético grego - um y (ou uma estaca ?) atravessado por um meio-arco (por uma cuia ou forquilhas ?) em que ele vê “candelabro, fogo, luz, glória” quando grafado em maiúsculo é, “mandacaru, sofrimento, seca e resistência” quando tal letra aparece em minúscula. Feitosa aí envolve seus conhecimentos de grego de outras coisas - muitas - com suas vivências cearenses e em mergulhos nas profundezas pelágicas da infância.

Entram aí o épico anunciado junto ao título, de cambulhada com as mitologias - várias - especialmente dos sertões nordestinos, mas especialmente do Ceará, com as tragédias das secas, seus homens crentes nos santos e nas lendas como a da raposa maldita que tem três cabelos do demônio entre os pêlos do rabo, a se arrepiarem quando o bicho - apresentado no poema como um símbolo do sertanejo andejo, retirante e sofredor, vítima dos efeitos da seca - ao topar com o homem, animal capaz de lhe aumentar tormento, eriça o rabo e arrepia os cabelos diabólicos.

O poema adquire belezas telúricas quando o autor, um crente de São Francisco do Canindé, nos diálogos com a raposa, lembra aspectos bem cearenses da natureza. O poema refere-se à seca de 1993, e os sofrimentos do sertanejo fazem lembrar as bondades, o contrário da falta de chuva, as farturas das invernias quando florescem os maxixes e canapuns; verde por toda parte, várzeas, capoeiras e campos do sertão.

O autor aproveita bem, daquele modo telúrico e lírico, anteriormente anunciado na capa dos volumes, a temática da seca e faz da raposa arisca e fugidia a grande metáfora do exodus, “— já disse, vou fugir, é do meu destino, sempre fugi” - do homem nordestino, cearense, diante da inclemência da estiagem e da incúria dos incapazes de construirem o açude Castanhão para regularizar as águas do rio Jaguaribe ou dar melhor utilidade às águas do açude Orós concluído há mais de trinta anos, sem melhor aproveitamento. 

Trata o tema com erudição, sem cair no eruditismo hermético; lembra traços da cultura ou da lenda helênica: Piros esturricando o sertão raposa-Ceará, no bochornal do seu chão. 

Destaco em seguida, dentro da temática cearense, num dualismo constante - seca-invernia, chuva-estiagem, verdura-sequidão, miséria-fartura - neste primeiro livro de Soares Feitosa, o longo (e variado - em verdade, Feitosa é um grande inquieto a esvoejar por sobre todas as coisas, nunca se prendendo a uma trajetória linear) poema Siarah (grafia antiga do geônimo) de grande força épica de mistura com o lírico, o que não é fácil de realizar.

O poema, escrito em setembro de 1993, plena seca de um ciclo de quatro anos de estiagem, celebra a construção de um canal, a trazer águas jaguaribanas para o sistema Pacoti-Riachão de abastecimento de Fortaleza e circunvizinhanças. 

Ciro Gomes, então governador do Ceará, é louvado indiretamente - louvo eu também, louvemos todos nós - por sua coragem de construir o Canal para não ver Fortaleza (belíssima) morrer de sede: “do alto deste barranco, mil Secas vos contemplam” - diz Feitosa, repetindo Napoleão (Soldados! Do alto destas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam! - depois de conquistar o Egito) e aludindo à inauguração da obra, depois de noventa dias de trabalho de 24 horas por dia, uma epopéia!

Na criação poética de Soares Feitosa, dentro da temática cearense, com suas coisas, seus bichos - preás, jumentos, tejuaçus, cupidos, lavandeiras, sabiás (o passarinho e a árvore) - seus acidentes geográficos - a Serra das Matas, onde está a terra da infância do autor e que tem duas vertentes de águas: uma para o rio Acaraú, outra para o Rio Quixeramobim -, os rios Jaguaribe, Macacos, Aracati Mirim -, o povo e seus costumes, - Anísia, a mãe do poeta, vendendo latas d’água da cisterna -, destaco o poema Panos Passados, com linguagem tipicamente de nosso povo, a começar pelo título da peça -, onde reencontro as falas sertanejas das bandas do Acaraú, no inverno, as chuvas - ou no verão canicular, o sofrimento.

Lirismo que transborda, em Panos Passados, dos sertões e chega até a beira do mar, os ventos e as velas das jangadas. O poema desenvolve-se, ou se inspira, em versos de Luciano Maia (poeta meu muito apreciado), também cantor do cosmos cearense, em seu livro Memória das Águas.

Há na poética de Soares Feitosa, e muito neste poema Panos Passados, uma constante recorrência à infância, às imorredouras e, como tais, saudades dos tempos de menino: os deslumbramentos, não só diante das moças nuas, no banho de rio, como foi o de Manuel Bandeira, mas diante das coisas mais simples como os banhos de chuva, das primeiras águas de dezembro ou de janeiro, debaixo das biqueiras das casas e que chamamos de jacarés.

No seu fazer poético, Feitosa procura seguir uma das regras gerais de Heráclito: “o escrito seja fácil de ler e de recitar”, de bom entendimento para todos. É o que se verifica na maioria de seus poemas e, ainda como Heráclito, o afã de encontrar no efêmero o permanente.

No volume O Domador - Ritual Fire Dance - agradou-me o poema Menino do Balde, trabalho em que vejo também as preocupações sociais do poeta. Foi, me parece, otimamente (para não dizer perfeitamente, chegando aos extremos) realizado: de uma situação simplíssima, em que um outro não teria visto poesia alguma - um menino de rua, no Recife, subindo num balde para alcançar de um carro parado no sinal e vender o seu singelo trabalho de limpador - Feitosa como que tirou um poema que direi heróico, exaltando a valentia, a luta dos meninos abandonados.

Menino do balde é apresentado como um guerreiro, não obstante seu tamanho; é o herói de uma guerra diária, surda e implacável. O tema se repete ou continua nos versos de No Céu Tem Prozac, poema comovente, triste, a tristeza da nossa miséria, os meninos morrendo de fome nos braços das mães, a criança preferindo a morte, o céu, onde a mãe lhe diz que há pão, muito pão.

Encontramos, ao longo da obra o que ouso chamar de simbologia errática, sem mensuração anterior, sem compromissos com outras escolas, encontráveis como em poemas Evanescências (canto da Recusa) o Raso da Catarina, medonho deserto sertanejo, de mistura com o paraíso perdido, Milton e Dante.

Quero deter-me agora, em especial, no poema Format C dois pontos. É no meu entender, um marco poético, de uma nova era, uma cultura que estamos, neste fim de século, apenas penetrando, o da cibernética - aí vêm os gregos novamente -, da informática, a época dos computadores - ah! o velho latim computando outro tempo, mais moderno que nós!

Format C Dois Pontos é um poema pleno de originalidade. Não tenho conhecimento de outro qualquer versando tão bem sobre o uso e a linguagem, a terminologia própria dessas máquinas maravilhosas - os computadores.

O trabalho recende inteiramente ao novo, de novidade plena, o autor muito feliz no jogo de palavras, com os termos próprios dos programas de computadores. Soares Feitosa toma de uma palavra desses programas: delete, que segundo tais designações serve para apagar o que se errou na digitação do texto ou simplesmente para excluir do “arquivo” um certo trecho. O termo, latim puro, como muitos outros da linguagem dos computadores, é usado nesse poema para dar uma extraordinária visão (computadorizada ?) da humanidade, desde o homem pré-histórico até o inventor dos computadores mas que também fez a bomba e “deletou” Hiroshima.

É interessante como Soares Feitosa desenvolveu o tema em torno da trajetória do homem, usando os “artifícios”, a terminologia das caixas mágicas dos Personal Computers, os micros.

E, como não poderia deixar de ser, por entre os deletes, undeletes, enters, saves, copieds, formats ou bad command or file name, Soares Feitosa vai imprimindo seus conceitos sobre o mundo e seus filhos, ora bons, ora “apagadores”; e mais, suas lembranças do mundo cearense até chegar ao micro cosmo do nosso Sobral, no meio do sertão do Acaraú. 

Inovou.

 

Oldegar Vieira

Caro Soares Feitosa

 

Li, e reli algumas páginas, de todo o livro lido, Réquiem em Sol da Tarde, um repositório de inspiração autenticamente poética e brasileira, humaníssima, sem pretensões ou modismos: como água corrente em floresta virgem.

Citar este ou aquele poema, impossível. Todos são tocantes.

Seu livro, além disto, além de ser poesia pura é também de cultura e erudição, distingo e valorizo diferentemente estas coisas.

Honra-me, pois, a sua amizade fraternal.

 

Continua

Anterior

Página inicial do Jornal de Poesia