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Dos leitores
Antônio Carlos Secchin
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Sent: Friday, May 09, 2003 6:52 AM
Subject: Re: Saramago
Que
beleza de "arranjo", meu caro!
Abraço,
Secchin.
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Ricardo Alfaya
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Caro
Soares,
Você
é um dos artistas realmente mais interessantes do pedaço.
Sempre inovando, buscando, experimentando por caminhos
diversos. Tudo que me convida a ler sempre me deixa
gratificado.
Dessa
vez, o que na verdade se acha por trás de seu experimento e
de sua indagação aos leitores na verdade irá
fatalmente desaguar na seguinte questão: o que é
poesia? Um texto poético, porém francamente
discursivo, passa a ser poema se apresentado em versos?
O que mais se aproxima de um poema: um texto ruim empilhado
em versos ou um bom texto em prosa poética?
É lícito considerar-se uma narrativa poema?
Você,
poeta e crítico experiente, sabe que para muitos escritores
o discursivo não constitui poesia. Se for uma
narrativa, então, nem pensar.
Na
verdade são idéias modernas, bem recentes, aliás, pois
a poesia épica sempre foi narrativa, distinguindo-se
da prosa, estruturalmente, pelo fato justamente de estar
em versos e atender a certas regras de rima e metrificação.
Enquanto
esses modelos e critérios se mantiveram estáveis e
predominantes nunca houve maior problema quanto a isso. Foi
justamente a ruptura contemporânea com esse paradigma
que gerou a imprecisão entre os gêneros.
Perguntado
numa entrevista sobre sua leitura preferida, Rosário Fusco
não hesita em responder: "Filosofia, porque é
poesia pura".
Em
certos casos é verdade, sem dúvida.
E claro
que, ao concordar com Rosário, estou implicitamente
reconhecendo que não entendo a existência do poético
como simples resultado da aplicação de uma,
digamos, estrutura física do texto. O poético
transcende a estrutura, o que o torna inefável, evidentemente,
assim como é impossível dizer o que exatamente
constitui a beleza de uma sinfonia de Beethoven, como observou
Rubem Alves no ensaio "O que é religião".
Rubem observa e acrescenta: a beleza não é um atributo
cientificamente comprovável da matéria.
Então,
assim como a descrença de Tomé não pôde
impedir que pássaros de barro levantassem vôo,
não há como querer aprisionar o que é
poético numa gaiola de conceitos. Do barro do
texto, o poético sempre se erguerá, abrirá suas asas
e empreenderá seu vôo.
Felicidades,
Ricardo
Alfaya
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Aleilton
Fonseca
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Subject: Eita poeta tinhoso da molesta!
Dom Soares Feitosa:
Eita, seu poeta
tinhoso da molesta!
Será mago do
uni-verso esse cantador juramentado que sabe versificar
as prosas saramagas?
De tom em tom, eis
a poesia da qualidade toda.
Que as musas te abençoem,
seu poeta danado... de bom!
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Aníbal
Beça
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Subject: sARAMAGO
Desculpe-me por só
agora responder-lhe. As diatribes computadorizadas...
Li seu trabalho de
colocar em verso a prosa de Saramago. Um exercício
que só vem deixar à mostra o seu talento
natural de lidar com o ritmo do poema. Bandeira
e muitos outros poetas, sempre afirmaram ser o poema,
livre das amarras da metrificação, muito mais difícil
de se ajustar à musicalidade do que o metrificado.
Concordo.
Mesmo sendo a prosa
de um poeta como Saramago, vc. construiu uma partitura
sua, de sua respiração pessoal. Não
fora vossimecê, afilhado dos rapsodos da Grécia
Nordestina. Parabéns.
Deixo-lhe um repto:
Ponha em verso a Carta de Pero Vaz de Caminha. Mas
depois, quando for editada, e ganhar os olhos de milhares
de autores, lembre-se dessa velha patativa da floresta...
A propósito, ainda não conheço
Fortaleza. Seria uma boa oportunidade para abraçar
os muitos amigos daí...
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Ana
Cabreira
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Não pude deixar
de pensar em Borges! Lembra do "Pierre Menard, autor
del Quijote", in Ficciones? Pois é.
A tese ali é de que todo homem deve ser capaz
de ter todas as idéias... Pierre Menard -
criação exuberante de Borges - decide escrever o Quixote
como Cervantes o fez. E vai escrevê-lo, não
como mera cópia ou vergonhoso plágio,
mas como autor das idéias postas ali
no papel. E assim, a sua empresa - tecendo versos
com ritmo e pulsação - a partir de idéias já
existentes em prosa, corrobora a tese de Menard.
Ah, eu gostei demais.
E acho que Borges adorou!
Um grande abraço.
Ana - Porto Alegre-RS
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Ergógiro
Dantas
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Prezado
Senhor Soares Feitosa,
É
tarefa de fôlego longo versejar quem já
em prosa nos brinda com pura poesia.
E devo
reconhecer que é trabalho de belíssima
cepa, e de poderoso resultado.
Receba,
mais um vez, os meus mais sinceros cumprimentos.
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Márcio Catunda
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Caro Soares,
Uma beleza essa versificação do Saramago.
Você continua pesquisando coisas essenciais na arte
da palavra.
Da próxima vez que eu for
a Fortaleza temos que nos encontrar, de qualquer maneira.
Abraço e grato pela lembrança,
o amigo Márcio.
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Nilto Maciel
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Poeta Feitosa, isto é
maravilhoso. Você, leitor sagaz e
poético, sabe onde está a Poesia. Quem
não sabe passa a vida dizendo besteiras e rabiscando
"versos" que nunca passarão de lama em contraste
com os passarões dos Poetas como Saramago e você.
Tenha a minha admiração por tudo o que você tem escrito
e anotado.
Nilto Maciel
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Erorci Santana
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li a versão poética
do fragmento da belíssima obra do Saramago,
um dos melhores romances que ja li, aquele "Evangelho...".
Taí uma opinião
sobre poesia e prosa que o Fernando Pessoa assinaria
embaixo, pois ele afirmou que a diferença entre
os dois gêneros era apenas de superfície
e não de conteúdo, superficial e não visceral.
Reparando bem, qualquer um vê,
por exemplo, que o "Grande Sertão: Veredas",
do Rosa, o melhor romance que já li na vida,
é na verdade um poemão. Outras obras
há de qualidade que, sendo poemões, não deixam
de ser romanções, como "Os Lúsíadas",
do vovô Luís de Camões.
E tudo isso me alegra: montão.
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Izacyl Guimarães
Ferreira
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Subject: Prosa & Verso
Pra ver que a
poesia sopra o que quiser, não só
quando quer,como disse Mestre Manuel Bandeira.
Espiei também
os outros desentranhamentos como o citado
Mestre fez com Schmidt e mais amigos. Pra
ver que a poesia sopra como quer, porque quer
e onde quer. Basta saber através
de quem.
Olhe:você
com estas glosas transversais e com o "newest
criticism" deflagrado pela querela dos "rascunheiros"está
fazendo é oficina de poesia, coisa
muito necessitada nestas latitudes e longitudes.
Palmas para o
co-autor! E o abraço.
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Elizabeth Lorenzotti
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Subject: prosa e poesia
Caro poeta
Sobre o
Olha,
Tomé, o teu pássaro foi-se embora!
Eu me lembro de ter lido acho que em Joseph
Campbell, o grande mitólogo, que as pessoas costumam ler a
Bíblia ao pé da letra, e então transformam
poesia em prosa.
Belo é transformar prosa em poesia e ah, se
pudéssemos fazer isso com a nossa vida.
Muito lindo. Só você mesmo.
Grande beijo
Eli
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Gustavo Dourado |
Prezado Soares
Lamento pelos hd perdidos com
vírus.
E louvo-te pelos textos de Saramago e Euclides da
Cunha...os outros verei em seguida ...sei que tb
são bons.
Realmente você tem a verve e a energia dos
mestres da linguagem...
A sua linguagem é única e peculiar,
carregada de satironia e um grau
picaresco advinda da linguagem do romanceiro popular e de
outros ambientes......
Admiro a força de seu talento e de suas ações
virtureais e revirtuais...
Grande abraço...
Gustavo Dourado
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Antônio Cícero |
Caro poeta,
Bela intervenção! Parabéns.
Abraços,
A. Cicero
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Gláucia Lemos |
Feitosão, meu poeta amigo:
Faz tanto tempo, mas tanto tempo mesmo, que não entro no
sagrado refúgio do seu (nosso) jornal de poesia. Sabe
como é a questão de tempo... E agora, meu Deus, tô
arrepiada!!! não é que tenho um feliz e privilegiado
encontro com meu herói literário, aquele a quem os
deuses doaram toda sabedoria de palavras e de fazeres
literários, o incrível Saramago, em versão Feitosina? Li
e reli. Grande Saramago que leio e releio em muitos
livros seus que possuo e consagro como os mestres do
estilo. Grande Feitosa que vai ao vate luso e sabe
banhá-lo no mel da poesia de quem, também dos deuses,
recebeu o dom da sabedoria dos versos. Agora mesmo
terminei a leitura de Levantado do chão, um
poema em prosa sobre o Alentejo, ainda estou impregnada
da unção de obra tão forte. E vem então você com os
pássaros de Tomé e me embebeda ainda mais a
sensibilidade. E me embriaga com licor sagrado. Que Deus
os abençôe, a você e a ele, para SUA maior glória, que
também é glória de Deus ver as suas criaturas
derramando-se em belezas de tanta grandiosidade.
Abração baiano da nossa
sempre amizade. Gláucia Lemos.
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- veja como o poema foi
"feito" |
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Tomé, teu pássaro foi-se embora
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