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Luciano Lanzillotti

Thomas Colle,  The Return, 1837

Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica:


Alguma notícia do autor:

 

 

 

Nilto Maciel

 

Adriano Espinola

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Luciano Lanzillotti



Pequena biografia


Nasceu no Rio de Janeiro em 1975. Licenciado em Letras (UNISUAM), Mestre e Doutor em Literatura Brasileira pela UFRJ, com pesquisas orientadas por Eucanaã Ferraz e Dau Bastos sobre as poéticas de Manuel Bandeira e Ruy Espinheira Filho. Fez parte de antologias especializadas em literatura contemporânea em mídias impressas e digitais.

(Texto redigido em 27.06.2023)

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

Luciano Lanzillotti



Quem acreditava que Soares Feitosa fosse apenas mantenedor do Jornal de Poesia, enganou-se profundamente. Embora venha fazendo com maestria trabalho fundamental para arte tão ameaçada, Feitosa é muito mais: poeta, prosador dos excelentes, além de leitor dos mais cultos. E de retorno, após longo silêncio, produz livro bipartido: de um lado, apenas o esqueleto do texto; do outro, os diálogos produzidos em decorrência dele. Ambas as faces são belas e necessárias em um cenário cada vez mais árido, como esse em que vivemos por aqui.


Capa do Livro POÉTICA de Soares Feitosa
Clique e acesse o poema Dedicatória

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Memories, detail

 

 

 

 

 

Luciano Lanzillotti


Livro Fotografia de um minério

Frederic Leighton (British, 1830-1896), Memories, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

Luciano Lanzillotti


Luciano Lanzillotti
 

Geometria do acaso

 

Por Krishnamurti Góes dos Anjos (*)

 

PRELÚDIO: Por um desses acasos da vida, vi-me às 6 horas da manhã, aguardando ansioso um famigerado táxi que me levaria ao aeroporto para mais uma viagem a trabalho. A mochila pesada no ombro entupida de projetos estruturais e arquitetônicos, trenas, cabos e o notebook. O porteiro, de olhar sonolento entrega-me um envelope. Dentro, o livro “Geometria do acaso” de Luciano Lanzillotti. Muito bem, afinal! penso comigo ao tempo em que embarco no táxi.

Nas nuvens, figurativa e literalmente, vou lendo o senhor Luciano que lança sua obra de estreia na Literatura com um belo livro de poemas a que deu o nome de “Geometria do acaso”. Reuniu 120 poemas de sua lavra e dividiu-os em quatro partes distintas a saber: Esfera, Pirâmide, Cubo e finalmente, Prisma. Figuras da geometria às quais estou muito familiarizado em virtude da minha profissão e que, em uma primeira mirada, representam metaforicamente as questões de “formas” da existência. Questões que sempre estiveram presentes em nossas indagações, desde tempos imemoriais, mesmo antes até das concepções geométricas propriamente ditas. 

O tempo e a memória que nada mais é, do que as marcas que o tempo em nós imprime estão bem concentradas nos poemas da primeira parte, a parte esférica, para usar a expressão do poeta. Colocados de modo a nos induzir à grave pergunta e consequente constatação: como fugir, como evadir-se de dentro de uma esfera? Não há como. Estamos presos inexoravelmente à memória e ao tempo.  Mas já aí, o poeta nos diz a que veio, e de forma contundente, ao menos em um dos poemas, imprime uma pátina – aqui entendida como aquela oxidação dos sentimentos que o tempo impõe e que acarretam a mudança gradual de perspectivas decorrentes da ação do próprio tempo e da luz. Luz é também uma palavra importante nessa obra, voltaremos a isto adiante. Interessa salientar porque melhor traduz a intenção, consciente ou não, plasmada no livro como um todo, e que não é simplesmente obra do acaso. 



Luciano Lanzillotti
 

Ronaldo Cagiano

 

Seu livro recolocou-me na trilha da boa literatura.

Nesse conjunto de poemas, você transita pelos espaços subjetivos e oníricos da palavra, realizando um trânsito entre o concreto e o abstrato das nossas experiências existenciais.

A relação com o passado e a memória são pontos culminantes nos poemas do livro, por meio dos quais você recupera aquela essência que nos conforma como ser e como leitor-escritor.

Gosto muito dessa narrativa poética que passa em revista ao nosso inconsciente, às nossas mitologias, esse modo de um olhar que rastreia nossa ancestralidade e nossas raízes e dela a matéria estética viva se expressa plenamente.

Na geometria existencial você coligiu, em diversos ângulos de observação, os acasos e ocasos que entremeiam as caminhadas, percursos sensíveis dos tantos mundos que nos formam.

Sua poesia flerta com diversas vertentes, nascendo do observador-escafandrista, que vai fundo, seja na apreensão dos dilemas, seja no registro da banalidade do quotidiano: do lírico ao social, do metafísico ao político, do plausível ao subjetivo, sua palavra vem amalgamada por uma linguagem elaborada, atravessada por sutilezas e explosões metafóricas.

Há inegável flerte com autores e obras, fruto de suas leituras e familiaridades estéticas: de Drummond a Jorge de Lima, de Bandeira, do popular ao erudito, o poeta estende suas pontes, estabelece seus diálogos e instaura uma simbiose entre instâncias criativas. Como o itabirano, sua poesia lança um olhar agudo sobre "o tempo presente, os homens presentes, a vida presente".

Entre os vértices e vórtices da trajetória individual e coletiva, recolhendo matéria e circunstância do visto, do vivido e do imaginário, você constrói uma poesia de intensa, de densa expressão.

Um livro que nos traz o prazer da leitura.

Ronaldo Cagiano

 



Luciano Lanzillotti
 

 

Livro de poemas ‘Geometria do Acaso’

nos leva na espiral do devaneio para sentir mais os objetos e gentes

 

Fernando Andrade

 

Toda polêmica tem seus lados. Joga no ar um assunto, e logo um dos lados diz isto é comigo, estamos com o cerne da coisa. O outro lado rebate este ângulo é meu, ou nosso! Estamos coberto de razões, mas as linhas pelo qual passam triângulos que nunca são amorosos, gente quadrada que parece saída de uma santa fé inquisição, para puxar qualquer cabo de guerra onde o pensamento parece que vai sumir pelo seu esgotamento nervoso de esgarça-lo até sua morte.

Fico imaginando o abstrato, esta figura mítica que sonda a arte e seus asseclas muito mal comportados. Por que é preciso deixar cair o queixo, quando faço um conto à la Cortázar, um poema com requintes de ironia à la Szymborska para que o leitor mergulhe no seu abismo pessoal através da ficção, ou do poema. Penso nisso, quando leio o novo livro de poemas do Luciano Lanzillotti, Geometria do Acaso, editora Dialética, que nos desliga dos rótulos rasteiros dos conceitos dicotômicos do que é simples aos olhos, ouvidos e bocas.

Pois o poeta quando escreve seus poemas faz do sentido vazado por imagens que imprimem uma expressividade quase pictórica em seus devaneios poéticos. Luciano tira de suas esferas, pirâmides e cubos, a relação da matiz do signo com certa simbologia que passa pela cor da palavra e seus tons para ir ao significado mais nuançado pelas gretas e fendas no final do poema onde o sentido desvanece um pouco para fazer um pintura alusiva a neve, onde as palavras não esfriam pela fugacidade fantasmática dos significados.

Através desta relação entre um pensamento geométrico e matemático, o poeta nos leva ao passeio universal pelas beiradas do convívio entre gentes, ideologias  e sociedade.    

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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SB 20.04.2023