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José Bonifácio Câmara
Quatro
personalidades recebem hoje o
troféu Sereia de Ouro
O troféu Sereia de Ouro foi criado pelo
industrial Edson Queiroz há 26 anos.
O troféu Sereia de Ouro, conferido
anualmente pelo Sistema Verdes Mares, é considerado uma
das mais importantes láureas do Estado devido ao seu
caráter pluralista e à sua imparcialidade na escolha
dos agraciados. Ao completar 26 anos de criação, o troféu
idealizado por Edson Queiroz, traduz-se no caráter das
ações dos laureados, personalidades que com trabalho e
dedicação, ajudaram a dignificar o nome de sua terra, o
Ceará.
Gerardo Mello Mourão
O escritor Gerardo Mello Mourão: ``O que
me comove é o reconhecimento do meu povo''
Gerardo Mello Mourão, 71 anos, nasceu ao pé da
serra da Ibiapaba, proveniente de duas das mais importantes famílias
do município de Ipueiras e vizinhanças, os Mello e os Mourão.
Voltado desde os 11 anos para o sacerdócio, quando entrou para
o Seminário Holandês dos Redentoristas, em Minas Gerais, aos 17
anos chegou mesmo a tomar o hábito dos Padres de Santo Afonso,
no Convento da Glória em Juiz de Fora. Mas ele mesmo confessa
que faltou-lhe o heroísmo para assumir a vida monástica. A
família tentou, então, convertê-lo em oficial do Exército.
Mas a vida militar para o jovem Mourão era quase tão dura quanto
a dos padres. Apaixonado por poesia e literatura e a contragosto
de parentes decidiu-se finalmente por ser jornalista e
escritor.
Autor de livros como ``O Valete de Espadas''
e ``O País dos Mourões'', Gerardo Mello Mourão teve boa parte
de sua obra literária editada em vários países, o que chegou a
lhe valer uma indicação para o Prêmio Nobel de Literatura.
Foi preso várias vezes pela ditadura do Estado Novo de Getúlio
Vargas e passou vários anos no exílio. Ainda na prisão, recebeu
a notícia da morte de sua primeira mulher, com quem teve uma
filha. Do segundo casamento com Léa de Barros Carvalho teve
dois rapazes e todos, sem exceção, são motivos de orgulho
para ele.
O escritor afirma que grandes premiações
internacionais não o comovem. O que o comove é o reconhecimento de
seu povo, da sua terra. O troféu Sereia de Ouro é recebido por Mello
Mourão como ``um aceno que me faz da eternidade o grande e saudoso
Edson Queiroz.''
Sinhá D'Amora
A artista plástica Sinhá D'Amora, 90 anos:
atenada com as cores do Nordeste
Foram 65 anos dedicados às artes plásticas.
Agora, aos 90 anos de idade, a pintora cearense Fideralina Corrêa
Amora Maciel, ou Sinhá D'Amora, assumiu outra grande tarefa:
reestruturar o Museu do Crato, onde vários trabalhos seus e de
outros artistas plásticos se encontravam em estado de abandono.
Seus quadros, ela própria fez questão de restaurar em casa.
Agora, depois de rearranjar o patrimônio do Museu, decidiu criar
a Associação dos Amigos do Museu do Crato. Sempre ativa, tanto
nas artes como em seus projetos, Sinhá D'Amora prepara novamente
as malas e retorna, em outubro, para o Rio de Janeiro, cidade
onde morou desde os 23 anos e que deixou, em 94, para se empenhar
na missão de salvar o Museu do Crato.
Viúva do contista, poeta, trovador e funcionário
do Tribunal de Contas da União Raimundo Amora Maciel, viveu com ele
53 anos de um casamento sem filhos. A própria Sinhá diz que esta foi
uma opção feita por ambos e da qual não se arrepende. No dia do
casamento, Sinhá D'Amora lembra que o marido lhe deu como presente
de casamento a matrícula na Escola Nacional de Belas Artes do Rio
de Janeiro. Lá, ganhou prêmios e foi estudar na Europa.
A Europa não alterou a nordestinidade de sua obra,
pois sua temática sempre foi centrada no Rio de Janeiro, no Nordeste e no
Brasil. O troféu Sereia de Ouro está sendo aceito pela artista não como um
prêmio pelo conjunto de sua obra, mas pelo trabalho de soerguimento do Museu
do Crato, tarefa a qual chama de ``dádiva imortal''. ``Nesse ponto, acho que
mereço mas, como pessoa, sou muito humilde''. Antes ir para o Rio, a pintora
fará uma retrospectiva dia 15 de outubro.
Luiz Esteves Neto
O empresário Luiz Esteves: trajetória
ligada a evolução da indústria cearense.
Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(Fiec) por seis anos, cumprindo dois mandatos, o empresário do setor gráfico
Luiz Esteves Neto, 72 anos, é um trabalhador incansável. Ao lado do pai,
Raimundo Nonato Farias Esteves, começou muito cedo a se interessar pelo
setor gráfico. São 58 anos de trabalho sem nunca se afastar da direção da
sua empresa, a Tipogresso. À frente da Fiec, o empresário sempre levantou
idéias que, mais tarde, se tornariam bandeiras para o desenvolvimento do
Ceará empunhadas pelo Governo do Estado ou segmentos industriais.
Seu objetivo, quando presidente da Fiec, foi modernizar a
indústria cearense e transformar o empresariado num instrumento de melhoria da
situação social do País. Lembra que durante a sua gestão houve uma grande
evolução da indústria têxtil e foi dado o pontapé inicial para o desenvolvimento
da indústria do mármore e do granito.
Com sua mulher, Ileana, Luiz Esteves foi pai sete vezes.
Três dos seus filhos optaram pela mesma profissão e, hoje, estão integrados
à empresa. Mas Luiz Esteves confessa que não está preparando um dos filhos
para assumir o seu lugar, mesmo porque considera que todos eles são capazes
de administrar a empresa. E ressalta que aposentadoria é uma palavra ainda
muito distante de seu vocabulário, pretendendo trabalhar ainda por muitos
anos. Com relação ao troféu Sereia de Ouro, o empresário afirma receber
com muita honra o que chama de reconhecimento ao único mérito que diz
possuir, ou seja, gostar de trabalhar. O empresário vê no prêmio um
estímulo ao trabalho e a personificação do caráter laboroso de Edson
Queiroz.
José Bonifácio Câmara
O bibliófilo José Bonifácio Câmara:
biblioteca com seis mil livros sobre o Ceará
José Bonifácio Câmara, 75 anos, é um bibliófilo e
um fã do Ceará. Em sua casa no bairro do Flamengo, no Rio, mantém o maior
acervo literário sobre o Estado. Com uma coleção que reúne mais de 6 mil
livros, alguns deles peças raríssimas, sua biblioteca particular é sempre
aberta para pesquisadores, estudantes, escritores e quem necessitar por
informações sobre nossa economia, política, literatura e costumes. Antes
de se dedicar a colher e guardar a memória do Ceará, Câmara atuou em
diversos cargos públicos destacando os de procurador geral, presidente
do Instituto dos Marítimos (INPS), chefe de gabinete do ex-ministro da
Justiça Armando Falcão e delegado do Brasil à Assembléia Geral da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, na Suíça.
Iniciada na década de 50, a biblioteca de Bonifácio Câmara
é reduto de tesouros da literatura brasileira. Lá, pode-se encontrar quase
todos os livros editados pela Padaria Espiritual, movimento literário
cearense do final do Século 19, ``Prelúdios Poéticos'', primeiro livro
de Juvenal Galeno, publicado em 1856, e o livro ``Memória Sobre a Criação
do Gado Lanígero na Capitania do Ceará'', de autoria do naturalista João
da Silva Feijó, publicado no ano de 1811 pela Impressão Régia.
Casado com Terezinha Monte Coelho Câmara, natural
de Sobral, com quem teve cinco filhos, Câmara diz estar emocionado com a
indicação para o Sereia de Ouro, evento que acompanha há 25 anos.
Sente-se honrado em ser agraciado ao lado de Gerardo Mello Mourão,
``um dos maiores poetas e escritores brasileiros; Sinhá D'Amora e seu
amigo Luiz Esteves Neto.
Talento
Os homenageados 71/95
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1971 - Engenheiro José Walter B.
Cavalcante, brigadeiro Jaime Peixoto da Silveira, general Jaime
Portela de Melo, governador Plácido Aderaldo Castelo.
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1972 - Engenheiro Geraldo Cabral Rola,
engenheiro Luiz Campelo Gentil, economista Rubens Vaz Costa,
senador Virgílio Fernandes Távora.
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1973 - General Tácito Theophilo G. de
Oliveira, professor João Ramos Pereira da Costa, professor
Evandro Ayres de Moura, Sra. Dagmar de Albuquerque Gentil.
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1974 - Governador César Cals de
Oliveira Filho, professor Antônio Martins Filho, engenheiro José
Lins de Albuquerque, professor José de Guimarães Duque.
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1975 - Desembargadora Auri Moura
Costa, professor Waldemar Alcântara e Silva, industrial Tomás
Pompeu de Souza Brasil Neto, médico Eduardo Régis Jucá.
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1976 - Ministro Armando Ribeiro
Falcão, cardeal Aloísio Lorscheider, professor Raimundo Girão,
industrial José Dias de Macedo.
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1977 - Jornalista Luís Cavalcante
Sucupira, escritora Rachel de Queiroz, industrial Pedro
Philomeno Gomes, economista Antônio Nilson Craveiro Holanda.
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1978 - Artista plástico Aldemir
Martins, empresário Casemiro José de Lima Filho, médico Fernando
de Campelo Gentil, desembargador Virgílio de Brito Firmeza.
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1979 - Professora Eunice Barroso
Damasceno, maestro Eleazar de Carvalho, deputado Flávio Portela
Marcélio, industrial Ivan de Castro Alves.
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1980 - Industrial Jaime Tomás de
Aquino, deputado Adauto Bezerra, médico José Pontes Neto, ator
Renato Aragão.
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1981 - Empresário Antônio Romcy,
general Francisco de Assis Bezerra, pianista Jacques Klein,
bacharel Valfrido Salmito.
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1982 - Empresário Clóvis Rolim,
compositor Evaldo Gouveia, ministro Mário David Andreazza,
médico Silas Monguba.
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1983 - Senhor Audísio Mosca de
Carvalho, senhor Camilo Calazans de Magalhães, humorista
Francisco Anísio de Oliveira Paula Filho, médico Haroldo Juaçaba.
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1984 - Médico Antônio Vandick de
Andrade Ponte, marechal-do-ar Casimiro Montenegro Filho,
industrial Ivens Dias Branco, cantor e compositor Luís Gonzaga
do Nascimento.
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1985 - Senhor Carlos Mauro Cabral
Benevides, artista plástico Clidenor Capibaribe, diplomata Dário
Moreira de Castro Alves, dom Raimundo de Castro e Silva.
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1986 - Atriz Florinda Soares Bulcão,
jornalista Paulo Cabral de Araújo, ministro Vicente Cavalcante
Fialho, professor Djacir Lima Menezes.
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1987 - Poeta Artur Eduardo Benevides,
industrial João Clemente Fernandes, ministro José Reinaldo
Tavares, ministro Inácio Moacir Catunda Martins.
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1988 - Industrial Carlos Pereira de
Souza, cardeal José Freire Falcão, poetisa e teatróloga Nadir
Papy de Saboya, cantor e compositor Raimundo Fagner Cândido
Lopes.
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1989 - Deputado Antônio Paes de
Andrade, professor Cláudio Martins, artista plástica Heloísa
Ferreira Juaçaba, médico José Edson Pontes.
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1990 - Médico Aluysio Soriano
Aderaldo, médico Francisco Waldo Pessoa de Almeida, escritor
Manoel Eduardo Pinheiro Campos, industrial Walter Ary.
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1991 - Banqueiro Jaime Pinheiro,
empresário Plínio de Pompeu Saboya Magalhães, professor Roberto
de Carvalho Rocha, artista plástico Sérvulo Esmeraldo.
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1992 - Médico Fernando Pompeu,
político Juraci Vieira de Magalhães, banqueiro José Afonso
Sancho, professor Paulo Bonevides.
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1993 - Médico José Anastácio
Magalhães, empresário Fernando Nogueira Gurgel, sacerdote José
Linhares Ponte, almirante Henrique Saboia.
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1994 - Médico José Oswaldo Soares,
cineasta Luiz Carlos Barreto, crítico literário, historiador e
jornalista Mozart Soriano Aderaldo, museólogo Miguel Ângelo de
Azevedo (Nirez).
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1995 - Sra. Maria Calmon Porto,
educador Odilon Gonzaga Braveza, advogado Ernando Uchôa Lima,
diplomata Jerônimo Moscardo de Souza.
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