Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

Luís Antonio Cajazeira Ramos


Um novo livro de Luís Antonio Cajazeira Ramos
 


 


 

Título: COMO SE
CAPA: Vauluizo Bezerra
R175c
Ramos. Luís Antonio Cajazeira, 1956-
Como se / Luís Antonio Cajazeira Ramos. — Salvador:
Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia,
Fundação Cultural do Estado da Bahia, EGBA, 1999.
116p. — (Coleção Selo Editorial Letras da Bahia, 45)
ISBN

1. Literatura brasileira — Poesia. I. Título.

CDD-869.91

[Lançamento: Academia de Letras da Bahia, 31.08.1999]



ORELHAS
 

O meu entusiasmo pelo poeta que é o Luís Antonio Cajazeira Ramos, de um tal domínio do verso no que se chama poética, versificação, engenho e afins, que me fica no espanto, que sem favor é também seu: muito céptico, impiedoso, crítico, hipercrítico, auto-hipercrítico.

São raras as provas de tamanho engenho e arte que me pergunto, ato contínuo, onde está essa outra coisa que o vulgo chama (e eu também) poesia, se não confinada à espantosa opulência verbal e interverbal. Luís Antonio é impiedoso com o poeta que há nele (signo positivo de sua auto-insatisfação) e massacrante com os poetas em derredor, que se alteiam do que ele consegue. Sou seu admirador.

Antônio Houaiss

 

É uma surpresa a presença de Luís Antonio Cajazeira Ramos no cenário de nossa poesia contemporânea. Se as novas gerações foram pouco a pouco perdendo contato com as fontes geradoras da poesia e principalmente com a tradição, Luís Antonio fez a sua estréia dando uma lição de poesia.

Na orquestração de seu vasto imaginário, ele se impõe de imediato na esteira de uma nova vanguarda: aquela que busca reabilitar o verso. Sua dicção estranha mescla vários estilos de época, ao ponto de parecer um extemporâneo. Guarda, sim, algumas semelhanças e identidades, mas não seria exagero afirmar que se parece com muitos e com nenhum. Arrisco dizer que é uma espécie de ancestral de Gregório de Mattos e de Augusto dos Anjos, mergulhado no burburinho contemporâneo, no furor das ruas, no redemoinho deste tempo. Para usar uma de suas mais belas imagens, um tempo de fiat breu.

Maduro na técnica, é um poeta de grande riqueza verbal e tem o sentido do encantatório e a serenidade das medidas. Nos infinitos torneios verbais que executa com mestria, há um domínio incomum da matéria, espantosa bagagem que arranha o mediúnico, própria dos verdadeiros poetas.

Crispado, agônico, sátiro, o poeta caminha sem medo de ferir ou ferir-se, aberto ao universo íntimo tanto quanto às intempéries do mundo. Não será à toa um conterrâneo do já citado Gregório de Mattos e de Castro Alves. Viaja no coração da rua como participante indignado, e não faz concessões, não se deixa abraçar pelas facilidades. Talvez por isso exija muito do leitor, que só aos poucos penetra na selva escura de sua insólita música, misto de escuridão e luz, concha de ressonâncias em que a memória é casa e espanto, riso e risco.

André Seffrin



<< Leia alguns poemas do Como Se >>



OPINIÕES


I. ARTIGOS PUBLICADOS

Alexei Bueno, in Fiat breu, Edições Papel em Branco, Salvador, 1996: Construindo e desconstruindo, a todo momento, o modelo oficial do soneto, subvertendo inesperadamente a rima ou a métrica em certo passo, para no instante seguinte reconstruí-la com o mais clássico requinte, Luís Antonio reproduz na forma o mesmo processo do seu andamento discursivo, onde o coloquial atinge subitamente o estilo elevado, onde o satírico abre caminho ao trágico, onde o chulo redunda no filosófico, ou vice-versa, numa mobilidade que consegue ser barroca e clássica ao mesmo tempo. Grande humorista e indubitável virtuose nas formas poéticas, Luís Antonio Cajazeira Ramos capta, como poucos poetas, diversas situações e estados da nossa imediata atualidade, do nosso duvidoso circo multimídia, transformando-os em vivaz e direta expressão poética.

Álvaro Alves de Faria, in Jornal da Tarde, São Paulo, 22.3.1997: O livro Fiat breu é uma viagem por uma paisagem que invoca formas antigas, palavras atuais e termos antipoéticos propositais. Cajazeira percorre seus rumos devidamente traçados para mostrar que está além das formas.

Assis Brasil, in A Poesia Baiana do Século XX, Fundação Cultural do Estado da Bahia, Salvador, e Imago Editora, Rio de Janeiro, 1999, pp. 251/253: Quanto aos sonetos, alguns lembram a técnica dos poetas da Geração de 45, com rimas toantes ou tradicionais, repondo o sacral onde os iconoclastas do Modernismo de 1922 tinham eliminado. Nos poemas de versos livres, no entanto, Luís Antonio utiliza como substrato poético o coloquial, assumindo a postura caótica das várias formas da pós-modernidade.

Cid Seixas, apud Ana Cristina Pereira, in 20 anos de Bahia, Salvador, 15.1.1999, pp. 138/140: Poucos apresentam a qualidade de estréia de um Luís Antonio Cajazeira Ramos, que já no primeiro livro estava maduro.

Clodoaldo Lôbo, in A Tarde, Salvador, 4.12.1996: Desmistificando-se, ao expor a mistificação, Luís Antonio transita entre o sagrado e o profano, o verdadeiro e o ilusório, o essencial e o circunstancial. Ele se revela, mesmo — ou justamente — quando tenta se despistar.

Fernando Py, in Gazeta de Petrópolis, coluna Livros de Poesia, Petrópolis, 14.9.1997: Mais afeito às formas fixas — o que não significa não se utilizar de formas mais livres — dá o seu recado com métrica e rima, pois no seu caso ambos os recursos tornam-lhe mais natural a expressão poética.

Florisvaldo Mattos, in Parecer da Comissão Editorial do Selo Letras da Bahia, Salvador, 1998: Sobressai o seguro domínio que o poeta possui das formas fixas, sobretudo no soneto, embora sua eficácia também fique demonstrada no manejo do verso livre. Mais ainda: a salutar veia de ironia e sátira, que o faz aparentado de outros satíricos baianos, tais como Gregório de Mattos, Lulu Parola, Sílvio Valente e Lafaiete Spinola, sobrepondo-se a esses no que tange à versificação lírica. Sob um toldo de coloquialismo e informalidade, as idéias e as formas poéticas de Luís Antonio brotam e se afirmam com a força que lhe dá identidade e voz própria, sob marcas de sutileza e humor, dentro de uma tradição de valores universais.

Fonseca Gaspar, in Jornal da Amadora, Lisboa, Portugal, 6.3.1997: Uma obra em que a palavra é usada com rigor e mestria para expressar emoções e pensamentos, ambos complexos ao mais alto nível da escrita. Cajazeira Ramos usa a forma e as palavras como máscaras venezianas que coloca, retira, para logo voltar a colocar uma outra, sempre a um ritmo vertiginoso, bailado em diapasão com uma música por si mesmo produzida — a sua poesia. Na poesia estou destacado do tempo. Esta é a explicação, na linguagem poética do próprio autor, dessa magnífica e luxuriante dança de cores e formas, sem deixar de ser trágica e desejosa, do seu Fiat breu, onde todas as palavras, uma vez escolhidas, são lícitas.

Gerana Damulakis, in Fiat breu, Edições Papel em Branco, Salvador, 1996: Nesse seu processo, ele já está pleno de certos domínios, como o uso confiante do soneto. Outro domínio de Luís: sua musicalidade. Ele é estrondoso e bombástico, lembrando uma sinfonia de Mahler, especialmente a Sinfonia nº 1, em ré maior (Titã). À-toa, é escusado evocar outras artes, porque a poesia tem casa própria, e a sua é do tipo poesia franca, não fabulada, mas criada por traços vitais, individuais, por sentimentos que, quem sabe? nem se efetuem senão na obra, quando no seu momento de cisma e captura, e avultam na declaração transcrita.

Luís Carlos da Silva, in Latitudes, nª 4, Cahiers Lusophones, Paris, França, dezembro de 1998, pp. 56/58: Certas palavras gritantes impõem-se ao leitor com muita força, as asserções estão carregadas da filosofia própria a certos autores inteiriços que fogem dos padrões instalados, das ideias preconcebidas, das certezas inabaláveis É dos poetas que põem em questão as suas ideias, e mostra-nos outra interpretação, outro sentir a vida e os problemas inerentes que nos rodeiam. Falar dos livros Fiat breu e Como se é minimizar os seus versos, não falar seria tão ridículo como o sovina que guarda num cofre, escondidas de todos, pérolas de uma beleza rara.

Luiz Nogueira Barros, in Gazeta de Alagoas, Maceió, 8.6.1997: Luís Antonio tem um fulcro no qual se apoia: sua luta de anjo e de criatura humana (por vezes demônio). Os poetas, os bons, são assim: loucos, surpreendentes, humanos, desumanos, mitológicos, carnais, espirituais e uma gama infinita de surpresas nem sempre totalmente decodificáveis.

Manuel Sérgio (de Portugal), in Fiat breu, Edições Papel em Barnco, Salvador, 1996: Luís António é um poeta clássico. Sendo clássico, é um moderno. Há nele uma inteligência crítica associada à virtude poética. Na leitura da obra se me deparou uma exuberância verbal admirável e de grande criatividade. A linguagem dos poetas é a sua — sumptuária, sem ser gongórica; inovadora, sem ser desconexa ou confusa. O Cajazeira, na poesia, inventa o imprevisto: é poeta, por isso. Ele troca a luminosa solidão da torre de marfim pela comunhão dos subterrâneos da consciência colectiva — sem deixar de ser original!

Sérgio de Castro Pinto, in A União, suplemento Correio das Artes, coluna Registro, João Pessoa, 1.6.1997: Luís Antonio se assenhoreia do soneto.

Soares Feitosa, in Jornal de Poesia, Internet: Só os que possuem um ouvido absoluto sabem dos sons da palavra. Luís Antonio Cajazeira Ramos tem ouvido absoluto. Leia-se o Cajazeira com o ouvido, e o rythmo explodirá pleno. E a linguagem poética? Luís Antonio faz ponte entre o antigo e o moderno. Nem em Camões, nem em Castro Alves, nem em Augusto dos Anjos, dez poemas maiúsculos é coisa fácil de pinçar. Em Como se, a busca dos dez não é tarefa impossível. Este: um Livro.

II. ARTIGOS INÉDITOS

Gerardo Mello Mourão, Rio de Janeiro, 1997: É no labirinto subterrâneo de si mesmo que prospera toda a sua poesia. Os tempos em que se compõe e se decompõe essa coleção de poemas breves estão contidos e contados num calendário único — o calendário dos dias e das noites do poeta. Sua poesia situa-se no território mais autêntico da escritura lírica: parece um diário, um caderno de memórias, o memorial do coração, o memorial da alma. Como em todo livro de memórias digno desse nome, a pura geometria do consciente rende-se à magia caótica das intuições. O moinho da memória vai moendo a escuridão até fazer a farinha luminosa da palavra pura. Sei que a poesia só se incorpora em sua forma própria. Essa forma alcança momentos antológicos na lírica do poeta Cajazeira Ramos. Não hesitaria em situar seu canto memorial — memorial de si mesmo, como um diário íntimo, repito — naquela grande árvore onde florescem nomes como João da Cruz, Santa Teresa e Rainer Maria Rilke. Da melhor.

Gláucia Lemos, Salvador, 1997: Dois tons marcantes da poética desse artista são o lirismo e o pronto sarcasmo, a ironia leve ou cortante, com que o poeta se expõe quase nu de pudores, ciente e consciente de que a Arte sempre estará acima do Bem e do Mal e de que ele ironiza a si mesmo ironizando o outro. Ele é o mesmo no estilo mordaz, desassombrado e... lírico. A sua Arte, uma mesclagem pós-moderna do clássico — forma, ritmo, métrica cuidada — com a modernidade tranqüila da liberdade de rimas, da contenção do lirismo, dos temas existenciais.

Ruy Espinheira Filho, Lauro de Freitas, Bahia, 1998: E quais são as características da poesia de Luís Antonio — as virtudes tão capazes de suscitar tanto admiração quanto estranhamento e rejeição? Um trato cuidadoso do verso, um ritmo rigoroso, um lirismo que mais tende para as asperezas que para as amenidades, uma voz cujo tom marcante se compõe de humor, ironia, sarcasmo. Difícil falar de Luís Antonio sem aproximá-lo dos satíricos, pois sátira é o que não falta à sua obra. Mas, sem dúvida, trata-se de um satírico diferente, pois no seu caso a sátira não é a sua intenção, o objetivo, sim uma decorrência da sua reflexão — freqüentemente cáustica — sobre o mundo, os homens, a vida.

III. CARTAS

Adriano Espínola, Fortaleza, 1997: Humor corrosivo, de um certo sentido trágico da existência. Qualquer coisa do humor machadiano.

Astrid Cabral, Rio de Janeiro, 1997: Fiat breu ilumina a nova poesia brasileira. Os poemas são de muito impacto e conciliam o antigo com o novo.

Hélio Pólvora, Ilhéus, 1996: Cajazeira desponta poeta feito. Apreciei em Fiat breu a sua heterodoxia, o seu despautério, a sua imprecação, o seu jeito de ser rebelde. Recolho impregnações do velho, bom e querido Augusto dos Anjos. Ah, a rebeldia, a desobediência formal, a insensatez aparente, como isso faz bem a quem escreve... Enfim, Cajazeira trouxe uma poesia renovada porque com o seu toque pessoal.

Herculano Moraes, Teresina, 1997: Poucos são tão grandiosos, na abordagem de temáticas que perseguem o conhecimento da condição humana.

José Paulo Paes, São Paulo, 1997: Poesia bem acabada, com as suas sutilezas e a sua voz própria. Poemas de ágil artesanato e mais ágil humor.

Lêdo Ivo, Rio de Janeiro, 1997: Uma poesia viva e inventiva, zombeteira e todavia marcada por uma nítida interrogação existencial.

Luís Augusto Cassas, São Luís, 1997: Dicção ímpar, à qual se ajunta, no conúbio da visão pós-moderna, a alquimia de antigas formas com novas maneiras de penetrar na carne da realidade.

Marco Lucchesi, Niterói, 1997: Delicioso, inteligente e claro Fiat breu, a cuja escuridão já me considero afiliado. Poesia de expressões sutis e uma ironia lírica, intensa e viril. Versos cheios de beleza, espanto e coragem.

Moacyr Scliar, Porto Alegre, 1996: Li o livro, terminei-o empolgado: é da melhor poesia que se faz no país.

Raquel Naveira, Campo Grande, 1997: Linguagem atual, cortante e irônica. Sonetos contemporâneos.


OPINIÕES


IV. ARTIGOS PUBLICADOS DEPOIS DO LANÇAMENTO


(Jornal A Tarde, Caderno 2, coluna Leitura crítica, Salvador/BA, edição de 13 de setembro de 1999.)


COMO SE
Gerana Damulakis

 

Come se não bastasse a qualidade própria de sua poesia, Luís Antonio Cajazeira Ramos insere neste segundo livro uma variada fortuna crítica arrecadada na esteira do sucesso causado pela sua estréia com Fiat breu em 1996. Uma gama de críticos, escritores e amantes da literatura expressaram a admiração e a surpresa com aquele que despontou poeta feito, no dizer de Hélio Pólvora, e, quase nu de pudores, como atestou Gláucia Lemos, alcançou de imediato momentos antológicos, como bem viu Gerardo Mello Mourão, e com uma força que lhe dá identidade e voz própria, segundo Florisvaldo Mattos. Também não passaram desapercebidos o trato cuidadoso do verso e o ritmo vigoroso, evidenciados por Ruy Espinheira Filho, assim como Cid Seixas registrou que poucos apresentam a qualidade de estréia de Luís Antonio. Ainda, Brasil afora, via cartas, via e-mail ou pessoalmente — o poeta lançou o primeiro livro também no Rio e em São Paulo —, a acolhida foi a mesma: muito louvor e encantamento.

Este poeta não nasceu poeta. Nada na sua vida pretérita dava pistas de que assim seria: graduou-se muitas vezes, engenharia, advocacia entre outras; entrou pela prática burocrática, o que já fez lembrar o grande Drummond e sua vida igualmente ligada ao serviço público, fato que ainda pode ser acrescido de outras lembranças tais: Machado, Lima Barreto, Vinicius, Rosa, Cabral, como se tal ligação fosse o acompanhante ideal para o ato da criação artística — mas isto já deu até matéria primorosa em revista nacional de grande circulação.

O riso de viés é a dominante da poesia de Cajazeira Ramos: a sátira muitas vezes, a ironia sempre, poucas vezes o sarcasmo grosseiro, porque maior é o fino humor, o tal riso de viés de quem sabe perceber que tudo não passa de um teste de força, como em Leite das pedras: Dor dura! Sinto-a pele, sinto-a gosto./ Chão seco duma terra amargurada./ E o mato medra verde de teimoso. Esta é uma amostra que serve para ilustrar a filosofia encerrada na poética de Luís Antonio, que apregoa o velho lema da incansável fênix: refaço-me esperança e dor sem medo,/ sobre os cacos do espelho misterioso.

Já lhe foram atribuídas impregnações de Augusto dos Anjos, por conta de versos como: De tanto que me apego à vida, exposto/ à cusparada que me rasga o rosto,/ eu lambo a sangue frio o escarro escuro. Tão-somente impregnações, porque Luís Antonio Cajazeira não carrega influências, talvez poucas confluências. Ele ousou virar poeta, e virou, ou era e não sabia, como queiram, mas isto aconteceu quando sentiu um eu fantástico — Um eu fantástico eu me sinto agora —, ou um eu anônimo — nada além de um eu sem nome —, e tratou de construir seu nome. Conseguiu, dando o reino em troca da caneta, rendendo homenagem a dois senhores: eu e a sombra/ que junto ao Sol se arrima e guarda e ronda,/ neste reino onde o Sol não se (im)põe nunca.

Ainda que se afigurem tantas as louvações, nunca será demasiado registrá-las, inclusive se considerarmos desde o entusiasmo imenso do falecido Antônio Houaiss, sem ligações de qualquer ordem com o poeta, o que de saída dá mais peso ao elogio, até as reverências deslumbradas de seus amigos, como o poeta Soares Feitosa, que chega a dizer que nem em Augusto dos Anjos é fácil pinçar dez poemas maiúsculos, enquanto no livro Como se a tarefa não é impossível.

Como se foi lançado na Academia de Letras da Bahia, com apresentação do acadêmico Edivaldo M. Boaventura, um livro quase inteiramente de belíssimos sonetos, uma lição de poesia bem feita e inteligente, sem lirismo piegas, sem versos perdidos ou forçados. O poeta tem o que dizer e diz da grande dificuldade que é viver, porque não poderia o homem ter melhor sorte do que não haver nascido, como disse o grego Teognis, mas Cajazeira não se consome, é "como se" preferisse a ilusão de que viver é fundamental e, afastando a tragédia grega, apenas dá um riso com o canto da boca.

 

 

 

A menina afegã, de Steve McCurry

Início desta página

José Nêumanne Pinto