Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Allan R. Banks (USA, 1948) - Hanna

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da 3ª cururuzagem:

quase mil livros 

distribuídos gratuitamente

 

 

Soares Feitosa        

 

Bom, hoje, 22 de março de 2005, a Biblioteca Cururu compareceu outra vez aos livros. Quase mil exemplares! E ainda tem estoque para em breves dias distribuir outro tanto, ou mais.

Trânsito pesado, chegamos depois de meio dia. Poucos alunos, a maioria já tinha ido embora. A equipe da Cururu sofreu uma baixa: Rodrigo Marques, o fotógrafo apressado, problemas particulares, não pôde comparecer. No lugar dele, com vantagens, a jovem Érica Nayana, estagiária duplamente nova do escritório do advogado Francisco Feitosa, uma contrafação do poeta e cururuzeiro-em-chefe, o Soares Feitosa. Ambos, como se fossem a mesma pessoa, entendem-se muito bem.

Poucos alunos. Sugeri irmos para uma praça popular e, lá, com a multidão ao derredor, distribuir os livros a quem fosse passando, a esmo, como convém. Vicente Jr e Diego, ambos do escritório do advogado Francisco, cururuzeiros desde a primeira expedição, alegaram que seria perigoso. Bom, se tudo, neste Brasil, cada vez mais é perigoso, resolvemos aguardar. 

Ninguém sabe de onde, os alunos começaram a aparecer, talvez fossem as aulas do turno da tarde iniciando-se. Foi a conta da jovem estagiária correr atrás do pessoal: «Livros de graça, minha gente!» Nem precisa comentar que choveu marmanjo atrás dos livros da moça. É da lei cavalheira destas terras que eu a apresente:

A usurpar, com o barrigão, quase que a foto inteira, suado como uma chaleira, o cururuzeiro-em-chefe, o Soares Feitosa. Fica no ar a pergunta: de quem a mão gaiata, repleta de livros, a atrapalhar a foto? Ainda bem que o Diego Arruda, exímio no clic, captou a melhor imagem, deixando o "resto" do marmanjo às escuras. Espi-gato! Vôte, coisa-ruim! 

Na foto a seguir, a mala do carro, livros até a tampa, uns 700. Teremos a 4ª expedição para o próximo abril. 

 

 

À esquerda, a jovem estagiária apregoando livros da Cururu

 

 

Sim, coisas de suspender o coração: era uma população de adultos, súbito, não se sabe de onde, apareceu um Menino! Risonho como uma manhã de praia: 

Depois, o terror-pânico deste cururuziero-em-chefe: que livros a criança terá ganho? Entregaram-lhos, livros, ao riso e às mancheis. Não lhe teria sido (também) muito bom um exemplar de Coração, de Edmundo de Amicis, um dos mais belos livros que li na idade dele...?! Parece que nem o editam mais. Referência de Manuel Bandeira e de praticamente todos os nossos bons escritores do século XX, geração 45, coisa assim. Vou tentar encontrar alguns exemplares, ainda que nos sebos. O menino terá o dele; ela também.

Em tempo: Editam, sim, o belo Coração. Peguei dois exemplares na loja virtual Submarino; um para o menino — como entregá-lo?

 

 

Uma visão apressada do cururuzeiro-em-chefe em pleno comando de distribuir a livrarada. Não é de surpreender tenha ficado tão suado. O baixinho tá c'a gota! Vermelho. Apoplético!

 

 

Abaixo, em primeiro plano, de lado, a estagiária, srta. Érica Nayana, assim mesmo, com ipsilone. No fundo, muito agitado, o cururuzeiro-em-chefe dá voz de comando aos... postes (?) às mangueiras (?). Contra quem, meu Deus?! Mas os pés da fera estão calmos.

 

 

Até que enfim o curuzeiro-em-chefe está calmo. Arre! Cansou?

 

 

Na foto abaixo, o cururuzeiro-em-chefe parece responder alguma indagação que ninguém lembra o quê. Ou, em plena lua crescente, estaria a fazer um discurso profético? Contra quem?

Sim, foi festão!  

 

 

Agora, meus amigos, o melhor da festa. Ele, silencioso como todos os guardas. Algum parentesco com O guarda do Portão da Lei, vide Franz Kafka, em O PROCESSO? Aquele tinha barba, uma barba fechada, feroz. O guarda daqui, pelo contrário, barba nenhuma, uma imagem calma.

Ele, vez por outra aproximava-se do carro cheio de livros, mas permanecia lá longe. Olhava. Dava uma voltinha. Rapidamente retornava. Olhava de novo. Saía e voltava. Olhava outra vez. Não se sabe quantas voltas deu. Até que, puxando lá de dentro um fiapo de voz, ele disse:

— Será que... o guarda... também... o guarda... ele pode ganhar um...?!

— Sim, meu caro guarda, todos estes livros são teus! — disse-lhe o cururuzeiro-em-chefe, o Soares Feitosa. 

Foi a mesma resposta que um prisioneiro do Carandiru, Djalma, fato real, recebeu do poeta Luís Antonio Cajazeira Ramos, quando mandou uma carta pedindo-lhe um livro: «Prezado Djalma: Perdoe-me por ter retido seu livro por tanto tempo em minhas mãos sem devolvê-lo. Ele, o livro, que sempre foi seu. Salvador, 31.2.97. Luís Antonio Cajazeira Ramos». 

Bom, em cima daquele livro, o Djalma fundou uma Biblioteca, em pleno Carandiru, que será inaugurada na noite do Menino, no Século Cem, de Ésquilo. Mas isto, desculpe-me o leitor, é outra história boa de ler em Salomão, clique aqui: Salomão

O guarda retrucou que desejava, se fosse possível, apenas um único livro. Noutro lance, um outro guarda, há muitos séculos, teria dito que apenas meia palavra seria suficiente para lhe curar a filha, à morte. 

Se tudo neste mundo se faz tão-só de emoção, clique aqui para ver o senhor guarda numa tarde de livros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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soaresfeitosa@hotmail.com

 

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