Belchior Joaquim da Silva Neto
Sobre a poesia
de Soares Feitosa
Diocese de Luz, MG, 14.12.97
Meu caro Soares Feitosa
Parabéns pelo seu magnífico poema: “Réquiem em Sol da
Tarde”. Parabéns ao Brasil pela nova literatura que desponta, sedutora e
violenta, com força “heróica, telúrica e lírica” como um réquiem sobre a
literatura quadrada e formalista do passado.
Escreveu o bispo de Afogados da Ingazeira que
seu livro “é poesia de criar escola”; eu vou mais longe, meu amigo,
como velho professor de literatura (oito anos em Diamantina, MG; seis
no Ceará, e aqui em Luz, MG., por mais de trinta) posso dizer-lhe: Meu
caro Soares Feitosa, seu livro Réquiem em Sol da Tarde vem abrir a
cortina de uma nova Literatura.
Se Fernando Pessoa despertou, em Portugal, a
loucura camoniana de um novo espírito literário; se aqui no Brasil,
no campo da prosa literária, surgiu um Guimarães Rosa revolucionando
a nossa literatura, você, meu amigo, destemperou de vez o formalismo
literário do passado e abriu caminhos novos na inspiração explosiva
de poemas fortes, como Siarah, em 14 cantos, que mexem com a alma do
leitor; com Psi, a Penúltima, a espadanar cultura e sensibilidade nos
seus 9 cantos; e no Compadre Primo com seus 9 cantos também, a exalar
cheiro de mato, o gostoso cheiro do sertão, com suas rezas e
paçoquinha.
É o que nos abre caminho para, ao “Balançando
Devagarinho” da rede da infância, saborear os “Cajus de Setembro”
ou o gostoso “Resíduo de Sal”; prosseguir, nos deleitando com tantas
preciosidades poéticas como “Padre Mestre”, “Lua de Março”,
“Rosas Vermelhas”, “Lágrima Súbita”, “Menino do Balde” e, saborear
também a formidável fortuna crítica, “Hombre, uma escandelice”,
padre reitor!
Meu caro Feitosa, a gente começa a ler e não
acha a hora de parar! É ler e anotar sempre: “do alto deste barranco,
mil Secas vos contemplam...”, ou “talvez seja melhor a certeza da dúvida
interrogada”, “mãe, sou eu amor!”.
Quanta beleza, meu amigo, parabéns!
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