Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Emerson Sitta

 

emersonsitta@uol.com.br

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Poesia:

 

Alguma notícia do autor:

Emerson Sitta (1977 – Itu-SP), graduado em Letras, especialista em Literatura, mestrando em Literatura e Crítica Literária pela PUC – SP. Professor de literatura e redação no ensino fundamental, médio e universitário.

Publicações: O Melhor é Sempre – Scortecci Editora – 2008.

Página pessoa em: www.emersonsitta.blog.uol.com.br

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Um esboço de Leonardo da Vinci, página do editor

 

 

Emerson Sitta

 

Um pequeno bloco de poemas

 

Mistério

 

Mar fundo...

Nos ares vejo...

Correr, nadar...

O fim desiste dos pés,

Meus entre terra e pedra.

Amargo sou

Apenas divino

É o mistério.

Que pé tomo

Que onda saio

Que paixão desisto.

O silêncio não vem

O barulho tormento

Poderoso e imenso

Do mar me cala,

Viro e vago

No princípio do amor

Sem alimento

Triste

Ainda que brilhe o olhar,

Mesmo que o medo

Endureça meu pulso

Iguais as rochas

Que desafiam o mar

Penso no reflexo

Da força e paixão,

Fuga o mar oferta

E corro

Enrosco, caio

Risco, o chão do

Meu chão

Caminho e fera

A poesia e o poema.

 

O horizonte

Não me quer

Prefiro

Mar

Mar prefiro mar

Ainda que não me conheça bem

O fundo e o objeto

Que sou.

 

 

 

Só eu

 

Uma idéia

Percorria a minha cabeça

Precisava ouvi-la

!

Sente-se disse a ela

!

E ela

 Fugiu

 

 

 

Morrer morrer morrer

 

Como seu eu pudesse morrer de amor,

Ora, porém não posso.

Diz a culpa que não devo.

Mas só, no alto do mundo eu sonho,

Um dia gostaria de morrer de amor.

Mas vejo singelo o meu peito arder

E a respiração faltar, mas nada encontro,

No lugar, no luar, onde for, um amor.

Mas não encontro, não encontro,

No luar, no lugar, no pairar, no mar.

Mas não vejo que isso pode acabar,

Não acaba, é simples, é bobo,

Mas como eu gostaria de morrer de amor.

Embora não possa sigo tentando

Construindo, ruindo, pedindo, sorrindo,

Vivendo eternamente um dia

Como se eu pudesse morrer de amor. 

 

 

 

Apenas dor

 

Ah

Tem dias que a dor é apenas dor,

Não serve a loucura

Nem a felicidade.

 

Pode ser que o choro contido,

Pois, há sempre um choro contido,

Resgate o ardor,

Mas este vale, este ar e este céu

Nada escondem.

 

E a dor não passa por outra coisa

Senão ela mesma,

Implicador.

 

Vale contar os lados e os fatos

E encontrar nas montanhas

Um sorriso ingênuo, reflexivo.

No ar, a transparência é a negação,

O impossível, tudo em volta do nada.

 

Como tudo, às vezes, pode parecer tão impossível?

E o céu, o céu é uma brincadeira,

Vestido de azul, dança com as borboletas

E marca no olhar a amplitude do improvável.

Complicador.

 

 

 

 

Pense

 

Pense numa idéia,

Multiplique

Fique esperando.

Pense numa idéia

Divida

Fique com medo.

Pense numa idéia

Adicione

Fique com raiva

Pense numa idéia

Subtraia

E fique nervoso.

 

Esqueça esqueça

 

“Falta ritmo” não é samba 2

“Falta estruturar” não é objetivo

“Falta um final” tem pouco sentido

“Falta coração” não é emocionante.

 

Esqueça esqueça

 

Tenha uma idéia e pronto.

“Sinta calor” e rancor

“Sinta desespero” e frustração

“Sinta vontade” e ansiedade

“Sinta” que não e faça mesmo assim.

 

Esqueça esqueça

 

A idéia já se foi

A idéia foi minha

Nossa lei, nossa língua

Nosso coração, nossa proposta de mudança.

 

A idéia era tudo que tínhamos

A idéia era o nosso peito batendo,

Tinha sabor, cor e desejos

A idéia era o canto, o manto, o tanto

Que queríamos ser.

 

Esqueça esqueça

 

A idéia já foi contratada, esganada, engolida.

Esqueça esqueça

 

“Pense” em outra idéia

“Pense” em outra coisa, outro troço, outro negócio,

“Pense logo”, “pense rápido”, “pense agora”

 

Pense

          Esqueça

Esqueça

              Pense

Alguém já fez isso.

 

 

 

 

eles e nós e nós e eles

 

chegaram fizemos, mas nada deu.

ouviram tentamos, mas nada saiu.

rasgaram saímos, mas nada certo.

refizeram aceitamos, mas nada confiante.

foram voltamos, mas nada seguros.

mandaram refizemos, mas nada servia.

mandaram resolvemos, mas nada concreto.

mandaram pedimos, mas nada continuou.

voltaram assistimos, mas nada contentes.

venderam entendemos, mas nada doce.

venderam ouvimos, mas nada tranqüilos.

venderam tememos, mas nada fizemos.

chamaram atendemos, mas nada mudou.

deram aceitamos, mas nada felizes.

pagaram gastamos, mas nada comprado.

continuaram continuamos, mas nada de entender.

 

 

 

Calcificando incertezas

 

coca cola

anti-depressivo

fuminho bom

música pra dançar

desemprego

 

Acho melhor voltar a acreditar em

Deus 

 

 

 

Serpejar

 

A morte me sonda

A morte quer que eu morra

 

Mas nego

Rejeito

Digo não

 

Não aceito bala de estranho

É isso

 

A morte é um estranho.

 

 

 

Tempo, senhor de nós mesmos

 

Não sobrou tempo para o beijo,

 

Tempo não há

Beijo _______________

Tempo não há

Beijo _______________

Tempo não há

 

O beijo ficou para depois

Um depois que talvez não exista

 

Tempo não há

_____________ Beijo

Tempo não há

_____________ Beijo

Tempo não há

 

Para o beijo não sobrou tempo