Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

Jorge Tufic

 

ANTO, a revista global
 

 

Impõe-se como um dever de estrito reconhecimento que se lavre, aqui, um voto de louvor continental à Revista Anto nº 6, dirigida pelo poeta António José Queirós, com os altos e merecidos patrocínios do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, o Ministério da Cultura e a Câmara Municipal de Amarante,em Portugal.

Justifica-se, de pleno, a homenagem, tendo em vista o rigor com que se houve a equipe da Revista em selecionar os textos desse número do outono do ano 1999, a cuja isenção não faltara, decerto, um toque mágico de abertura tanto para nomes já bastante conhecidos dos leitores latino-americanos, como para os outros, na sua maioria parcialmente desconhecidos, todos, afinal, ombreados numa espécie de Antologia de poetas de Portugal, Brasil, Espanha, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, México e Uruguai.

O resultado foi esplêndido, senão maravilhoso. Pois, se nem todos que mereciam aparecer, aparecem, todos que aparecem mereceram aparecer, modéstia à parte. E ao lado de monstros sagrados que nem por decreto permitiriam à sua ilharga um sujeito do Piauí, do Amazonas ou do Acre. Por tudo isso este número da Revista portuguesa representa uma vitória da Poesia, além de apresentar-se como um trabalho silencioso da experiência literária secular, realizado com desprendimento e justiça. Sobretudo, como exemplo de justiça.

Deste modo sutil, Anto foi à caça daqueles que, embora ficcionistas, nunca deixaram de exercitar a poesia, dando largas ao verso e à metáfora, o mesmo procedendo com poetas ainda pouco divulgados, mas donos de bagagem suficiente para ostentarem esse título. Entrevêem-se, nesse agito entre a escoima e as naturais dificuldades de contato, as mãos límpidas de Aricy Curvello, representante da Revista no arquipélago brasileiro.

Publicações desse porte merecem ser lidas e relidas com gosto, sabendo-se, de antemão, que nenhuma influência de grupos mesquinhos terá ela sofrido no decurso de sua longa e criteriosa elaboração. É a primeira, diga-se também, a indicar um modelo correto para a lenda da globalização nessa área da literatura, quando vislumbra e sofre, no próprio pelo, os raivosos obstáculos na tarefa de reunir tantos países irmãos numa só caravela.

Aos 500 anos da descoberta do Brasil, portanto, dá-nos esta sóbria edição da Revista lusa a prova maior de que a voz de Pedro Álvares Cabral não emudece diante da visão dos macacos e das araras, mas prossegue e ressoa, ainda mais viva, como palavra de ordem.