Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

José Santiago Naud 

Santiago, RS, 24/07/1930 - Brasília, DF, 20/07/2020

Poussin, Acis and Galatea

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica:


Alguma notícia do autor:

Leonardo da Vinci,  Study of hands

 

Bernini_Apollo_and_Daphne_detail

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

José Santiago Naud



Biografia

Nasceu em Santiago (RS), em 24 de julho de 1930. Diplomado e licenciado em Letras Clássicas. Diretor do IEL/RS, professor pioneiro da FEDF, professor fundador da UnB. Pertence à Associação Nacional de Escritores, cofundador, e ao Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. Colab. em periódicos. Detentor do prêmio de poesia no festival internacional da revista Quixote (P. Alegre, 1958), láurea no concurso nacional de poesia da revista Leitura (Rio de Janeiro, 1959), prêmio nacional de poesia no concurso de escritores da Fundação Cultural do Distrito Federal (Brasília, 1965). Participa da Antologia dos poetas laureados no concurso de poesia de leitura, 1958, organização de Carlos Ribeiro; Poetas de Brasília, 1962, org. de Joanyr de Oliveira; A novíssima poesia brasileira, 1962, org. de Walmir Ayala; Aqui, poesia, 1965, dir. de Ruben Yacovski; Antologia poética da Geração de 45, 1966, org. de Milton de Godoy Campos; Antologia dos poetas brasileiros, 1967, org. de Manuel Bandeira e Walmir Ayala; Antologia dos poetas de Brasília, 1971; Brasília na poesia brasileira, 1982, ambas org. de Joanyr de Oliveira; Cuatro siglos de poesía brasileña, 1983, org. de Jaime Tello; Antologia da poesia brasileira contemporânea, 1986, org. de Carlos Nejar; Nem madeira nem ferro podem fazer cativo quem na aventura vive, 1986 (coord.); Planalto em poesia, 1987, org. de Napoleão Valadares; Capital poems, 1989, Thesaurus; Caliandra – poesia em Brasília, 1995, André Quicé Editor; Cronistas de Brasília, vol. 2, 1996, org. de Aglaia Souza; Poesia de Brasília, 1998; Poemas para Brasília, 2004, ambas org. de Joanyr de Oliveira; Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal – Patronos, 2007, org. de Napoleão Valadares. Bibl.: Poemas sem domingo, 1952; Cartas a Juanila, 1953; Noite elementar, 1958; Hinos quotidianos, 1960; A geometria das águas, 1963; O centauro e a lua, 1964; Ofício humano, 1966; Verbo intranquilo, 1967; Conhecimento a oeste, 1974; Dos nomes, 1977; Noção do dia, 1977; HB promontorio milenario, 1983; Pedra azteca, 1985; Vez de Eros, 1987; As colunas do templo, 1989; O olho reverso, 1993; Memórias de signos, 1994; Os avessos do espelho, 1996; Antologia pessoal, 2001; 20 poemas escolhidos e um falso haikai, 2005; Fábrica de ritos, 2 vol., 2008 – 2011; 47 poemas lusitanos, 2011; Cara de cão, 2018. Faleceu em 20 de julho de 2020.

(Texto redigido em 23.12.1022)

 

Albrecht Dürer, Mãos

Início desta página

Ricardo Alfaya

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

José Santiago Naud


Na rua solitária


Na rua solitária
com o sol a pino
uma reta de ouro se alastra
ofuscando tudo
e tingindo as coisas.
Réstea de espanto
o grito do louco risca o céu
azul
em linha oposta à sombra da árvore.
No aconchego materno de umbu
partem-se paz e sossego, a doçura
e o ponto justo
são de repente um raio na desmesura do grito do louco
com a sua alma em frangalhos num leito de chamas
a espatifar os olhos do menino
presos no silêncio da praça.
Ficou da sensação
o pavor dominado, aquele preciso instante
da visão de um reboco vermelho
no muro descascado,
os tijolos s à mostra
e a calçada
dura,
asperezas,
fascínio,
destemor,
e o grito do louco
riscando de sangue o céu azul.

Assim também (oculta)
a cadeia da herança espiralava
o explícito das formas, pura aparência
com o espírito dentro desde os espaços abertos,
um ato feito em nós:
Deus
escrevendo a peça que dizemos
com a memória das células,
mandado e medo de cumprir
a hora prescrita,
o tempo certo de sair -
clara mandala.
Como o salmão remonta as nascentes
para deixar à aventura do rio os seus ovos
e ali
fluindo
começar a morrer, assim
o louco grita
ou nós, apoderados da razão, desandamos.
Só um cão é companhia
Que volte os nossos olhos para a luz
Ou na treva compasse os nossos passos.
Dentro da gruta
espessa
os nossos nervos pulsam impacientes
e passa de pai a filho o relâmpago das mães.
De repente
as ruínas circulares dos desabamentos fatais estão ali
e são
como o grito do louco
em reta de ouro
o quadrado da praça - um raio
de saudade
agora
aqui
total lembrança,
fiel presença
para sempre fatal
em sombra iluminada.
 

 

 

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), A Classical Beauty

 

 

 

 

 

José Santiago Naud



Enquanto o vento roda


Enquanto o vento roda lá fora
e uma folha amarela bate na vidraça
a candeia ali dentro flui essa flor de luz
em torno da mesa
e o chantre conversa com a esposa
enquanto compõe sua música. Tranqüilidade
de fazer o pão para todos
sem estar de candeia às avessas
nem acendê-la para deixá-la embaixo da cama.
Mais fraterno ainda, o cão
se lhe enrola no meio das pernas
e ele o deixa ficar assim
um cachorro astuto
prisioneiro do sono e do tempo
como um novelo. Doce paz
e instante dourado
que duram enquanto lá fora desatam-se os ventos
e ruge a destruição - estremeção do mundo
sem cão nem gato, rato
roendo a perfeição
enquanto a música harmoniza as puras dissonâncias
e entre marido e mulher a candeia
incendeia o aqui
mas habita sem tempo
o centro da harmonia.

 

 

William Blake (British, 1757-1827), Angels Rolling Away the Stone from the Sepulchre

Início desta página

Regina Sandra Baldessin

 

 

 

 

 

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), Girl, detail

 

 

 

 

 

José Santiago Naud


 

Em que lugar ficou


Em que lugar ficou
o cruzeiro no meio do caminho
com a ermida mais adiante onde a estrada bifurca?
Já não sei.
Sei que ficou
passando a geografia para a mente
e no fundo de mim o fim da tarde
emoldurando um roble e a montanha posta do lado,
mais longe
a densa natureza da pedra e o ar fino
prende ainda ali o inverno frio
nuns fiapos de outono
e é a retidão de álamo a paisagem vazia
imóvel
dentro de mim. Não sei
nem quero saber:
essa estrada
essa curva e esse quadro
parado no fundo de mim
caminho de partir
ficando
enquanto o auto arfa e pára
lentamente
arqueja e tosse a última pulsação
antes que eu baixe e te tome nos braços
meu amor
no ar fino da tarde.
Beijo fundamente a tua boca
com um beijo radical
esse quadro que ficou ali
ignoto
no ar fino da tarde
e o guardamos para sempre
apócrifo no pó dos nossos nomes.
 

 

 

Leonardo da Vinci, Embrião

Início desta página

Virgílio Maia

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

José Santiago Naud


 

A poesia de Soares Feitosa

 

Fico muito feliz, companheiro, de que as melhores vozes nacionais, viradas para a Poesia, reconheceram e proclamaram sua energia lírica, quantas vezes de ressonância épica. E, sobretudo, sua afeição à terra, tão originalmente expressa na singularidade desse envelope peregrino com cheiro de imburana, numa prova de que a Natureza e Vida lhe garantem a seiva na forma da palavra!

« Leia a obra de Soares Feitosa »

 

 

Da Vinci, La Scapigliata

Início desta página

Domi Chirongo

 

 

 

 

Muito mais de não sei quantos mil poetas,

contistas e críticos de literatura.

Clique na 1ª letra do prenome:

 

A

B

C

 

D

E

F

G

H

I

J

K

L

M

N

O

P

Q

R

S

T

U

V

W

 

X

Y

Z

 

 

WebDesign Soares Feitosa

Maura Barros de Carvalho, Tentativa de retrato da alma do poeta

 

 

SB 23.12.2022