Estes poemas de Luís Carlos de
Morais Junior irradiam emoções e sensações das mais diversas
encruzilhadas e sendas perdidas do ser, das coisas, do
destino e dos mais variados enfoques de interpretação da
existência. Estes poemas se acolchoam uns aos outros, embora
muitas vezes de modo contraditório, e dentro deles próprios
harmonizam-se por contradição de opostos. Não é à toa que o
autor ressalta entre suas vastas influências de verdadeiro
vendaval culturalista a figura onipresente de Heráclito de
Éfeso. É neste constante fluir que suas palavras são
recriações de antigos poemas-fragmentos pré-socráticos agora
transformados em dimensões atômicas e eletrônicas dignas
desta nossa era kaótica e com o olho no porvir do genoma e
da nanotecnologia. Mas o poeta agita o ser de maneira
totalmente ultra-romântica dentro deste devir
super-tecnológico, e não faz apenas ambos coexistirem, como
os faz umbilicalmente interligados regozijarem-se contínua e
descontinuamente de serem portadores desta condição.
Há poemas de amor, destilações
de sutilezas que vão dos sonetos de Shakespeare até os
devaneios dos sonetos de amor de Vila Rica do século
dezoito. Depois odes e anti-odes numa simultaneidade
Heideggeriana para a máquina e as máquinas. Devaneios de
hai-kais desconstruídos e rapidamente reconstruídos com
novos sentidos múltiplos. E por aí vai nosso genial poeta
que transforma gritos em melodias e pensamentos em poesias.
Vai do desvario até a lógica Aristotélica, sempre em sua
linguagem totalmente original e antropofágica do
Brasil-Universal. Seus poemas já partem da idéia fundamental
de nossa importância cultural tumultuante e de mistura sem
igual, democrática e radical hiper-tropical de um humanismo
do vir a ser.
E tudo isto numa velocidade da
luz, monólogos profundos misturados a diálogos de Torre de
Babel em que a gritaria de vozes cria um coral de sinfonias
batucadas no pandeiro da alma. Crítica e anti-crítica
permanentes jorram de suas poesias, e todas elas dominadas
pelo desejo de Eros, do amor e do amar, e quanto mais
confusão e pecados, mais perdão e mais perdoar. São cânticos
das religiosidades da Nova Era de um mundo Brasilificado,
aonde toda dor encontra um eco e um super-contraponto de
fulgurante e retumbante humor. Este poeta é profeta e
pensador pré-socrático do Brasil universal do século XXI!!!!
Depois de ler este Larápio
uma atmosfera de felicidade oceânica me invade, e começo a
meditar sobre os desdobramentos que sua leitura me oferece
em direção aos labirintos de outros universos, universos
paralelos que vão brotando sem cessar incendiados pela
labareda inicial de sua imaginação, e sei que este Larápio e
multiplicador de tesouros da alma e do bem, merece mais do
que um milhão de anos de perdão, merece na verdade um milhão
de anos de exaltação, porque seus versos, sua mensagem, seus
enigmas, sua pessoa, vive banhada e iluminada em permanente
e eterna graça divina!!!!
(23 de Junho 2.004)