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Luciano Lanzillotti

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Livro: “Geometria do acaso”, Poesia de Luciano Lanzillotti – Editora: Dialética – São Paulo – SP – 2021, 144 p.

ISBN: 9786589873426

Link para compra e pronto envio:

https://www.facebook.com/luciano.lanzillotti 

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Allan R. Banks (USA) - Hanna

 

 

 

 

     
 

 

Gizelda Morais

 

 

 

 

 

 

 

 


 
Luciano Lanzillotti
 

Geometria do acaso

 

Por Krishnamurti Góes dos Anjos (*)

 

PRELÚDIO: Por um desses acasos da vida, vi-me às 6 horas da manhã, aguardando ansioso um famigerado táxi que me levaria ao aeroporto para mais uma viagem a trabalho. A mochila pesada no ombro entupida de projetos estruturais e arquitetônicos, trenas, cabos e o notebook. O porteiro, de olhar sonolento entrega-me um envelope. Dentro, o livro “Geometria do acaso” de Luciano Lanzillotti. Muito bem, afinal! penso comigo ao tempo em que embarco no táxi.

Nas nuvens, figurativa e literalmente, vou lendo o senhor Luciano que lança sua obra de estreia na Literatura com um belo livro de poemas a que deu o nome de “Geometria do acaso”. Reuniu 120 poemas de sua lavra e dividiu-os em quatro partes distintas a saber: Esfera, Pirâmide, Cubo e finalmente, Prisma. Figuras da geometria às quais estou muito familiarizado em virtude da minha profissão e que, em uma primeira mirada, representam metaforicamente as questões de “formas” da existência. Questões que sempre estiveram presentes em nossas indagações, desde tempos imemoriais, mesmo antes até das concepções geométricas propriamente ditas. 

O tempo e a memória que nada mais é, do que as marcas que o tempo em nós imprime estão bem concentradas nos poemas da primeira parte, a parte esférica, para usar a expressão do poeta. Colocados de modo a nos induzir à grave pergunta e consequente constatação: como fugir, como evadir-se de dentro de uma esfera? Não há como. Estamos presos inexoravelmente à memória e ao tempo.  Mas já aí, o poeta nos diz a que veio, e de forma contundente, ao menos em um dos poemas, imprime uma pátina – aqui entendida como aquela oxidação dos sentimentos que o tempo impõe e que acarretam a mudança gradual de perspectivas decorrentes da ação do próprio tempo e da luz. Luz é também uma palavra importante nessa obra, voltaremos a isto adiante. Interessa salientar porque melhor traduz a intenção, consciente ou não, plasmada no livro como um todo, e que não é simplesmente obra do acaso. 

Poema: ÁLGEBRA

A vida se mede com alguns cálculos:

anos em dezenas; / propriedades em metros; / dinheiro em milhares; / amores em bodas,

mas a medida vaga do sorriso / se perde entre alaridos.

Desde tempos distantes / gostamos de juntar comida, / pilhas, roupas, vinho; / nosso cérebro vestiu essa fantasia.

Acreditamos que ao juntar, / medir, sistematizar;

marcaremos um tempo / para além do que nos foi entregue / em frágil vidro.

Esquecemos, entretanto, que ele / já veio trincado.

A “trinca do vidro” se amplia e somos convidados a passar por ela para adentrar em uma pirâmide. Não a egípcia, mas a pirâmide social brasileira onde estão postas as variáveis dessa nossa imensa equação algébrica. Uma álgebra social representada por equações em que as incógnitas, leia-se o povo brasileiro, sempre foi e continua sendo submetido às operações de subtração, divisão, exploração e alheamento, para a única, exclusiva e constante potenciação (isto mesmo, o resultado de um número multiplicado por si várias vezes) da exploração capitalista.

Reconhecemos facilmente as variáveis postas nos belíssimos poemas do senhor Lanzillotti. Quadros pungentes de como vivem os pobres-diabos de nossas cidades. O X da vida de um motorista de ônibus premido a dobrar o turno de trabalho, O Y, da vida de uma vendedora ambulante de limões grávida, o Z de meninos favelados que catam lixo em nossas ruas. Todo um alfabeto de variáveis, onde entram o peixeiro desdentado que apregoa sua mercadoria, o guarda-noturno que só tem um apito como arma, o menino magrinho que faz malabares nos sinais de trânsito, o homem-placa que almoça sentado em um meio-fio, e até as putas de beira de esquina que “liberam almas e / vendem unicamente corpos”. Todos, nós e ‘eles’, “debutantes de sonhos e sociedade inacessíveis”.

ROCINANTE

Carrega três filhos no carrinho, /em busca de reciclados.

À cada esquina, recolhe algo / útil à venda.

O cão, majestosamente, / à frente, abrindo caminho / entre pedestres:

como se fosse cavalo árabe.

Ao menos assim, sonha a criança, / com um fantasioso chicote em mãos:

Vai, Rocinante, vai!

Nota do resenhista: o substantivo “Rocinante” significa: cavalo sem vigor.

Já a terceira parte da obra, parece, a princípio, focar o olhar poético para os cruciais problemas relativos à natureza e o que dela andamos fazendo. Entretanto, se expande e envereda por outros planos. Ora a focalizar como estamos a nos relacionar com as tecnologias alienantes, os objetos e o nosso amor-próprio, levando o leitor à paragens outras que flertam com o bom humor quando aborda as atuais relações afetivas. Andam depredadas a mais não poder como lemos em “Casamento”, “Mentiroso” e “A carta”.

OCEANO

No mar / revolto / das comunicações

busco me agarrar / a algo fixo:

são tantas / as mensagens / que o silêncio / vai se eximindo

de criar / ponte / entre verbo / e / diálogo.

SHOPPING

Andam em círculos / desorientados pelo consumo.

Tantas coisas lindas / em um mesmo lugar: / Palmeiras, orquídeas e / rios com peixes.

Aqui se tem o Éden, Taj-Mahal / paz de espírito e / o que mais se poderia desejar?

 

ACADEMIA

Olha-se fixamente / enquanto faz esteira.

Seus contornos trabalhados à exaustão, / revelam desejo de superioridade / sobre o tempo.

Com fones em ambos os ouvidos, / canta mergulhada na realidade sonora.

Terminada a sequência, recolhe pertences / em bolsa de luxuosa marca / e volta para casa solitária.

Todos nós sabemos, ou fazemos vaga ideia, das formas que nos cercam no mundo material. Parece-nos que o X da questão desta obra está em seu título. No adjunto adnominal, “acaso” que é termo acessório utilizado para atribuir, determinar, modificar, e transcender o substantivo “geometria”. Merece registro que o autor é Licenciado em Letras pela UNISUAM, Mestre e Doutor em Literatura Brasileira pela UFRJ, e não só pesquisou, como escreveu sobre as poéticas de vários autores, notoriamente as de Manuel Bandeira e Ruy Espinheira Filho. Portanto sabe muito bem o que está fazendo e o faz de maneira excepcionalmente bela e profunda justamente em o  “Prisma” última parte que vale de per si, toda a obra, e voltamos então a refletir mais amplamente sobre a questão da “luz”, mencionada no início do texto.

Mas que diabo é “Acaso”? Vem do latim a casu, ou seja, algo que surge ou acontece a esmo, sem motivo ou explicação aparente.  Fica-nos na consciência o fato inconteste de que o que pode ser considerado acaso num sentido, pode não ser considerado acaso em outro. Isto nos remete lá para a filosofia da Grécia antiga onde viveu um tal de Demócrito, que segundo reza a lenda, existiu uns séculos antes do Cristo. Pois muito bem; esse malucão andou pensando sobre acasos e aleatoriedades. E dentre outras conclusões chegou à aleatoriedade do desconhecimento de causas. Que seria apenas um outro nome para a ignorância humana acerca das causas determinantes de uma dada estrutura ou de um dado fenômeno e, consequentemente, de nossa incapacidade de descrever, prever ou controlar. Seria um determinismo disfarçado? Tempos depois, surgiu outro alucinado, matemático, astrônomo e físico, que organizou a astronomia matemática. Um tal de Pierre-Simon Laplace, no século XVIII andou esbravejando alucinadamente que: “se imaginarmos uma inteligência capaz de conhecer todas as forças que animam a Natureza e conhecer o estado de todas as partes da qual ela é composta - uma inteligência suficientemente grande para analisar todos esses dados - então ela seria capaz, de numa fórmula, expressar o movimento dos maiores corpos do universo, bem como o dos menores átomos. Para tal inteligência nada seria incerto e o futuro, bem como o passado, estariam abertos a seus olhos.” Iluminou mais o assunto, mas o golpe de misericórdia no racionalismo matemático, veio de ninguém menos que Albert Einstein (século XX), a protestar com a famosa frase: Deus não joga dados! Parafraseando Shakespeare; há sim mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã geometria dos homens possa imaginar.

 

GEOMETRIA DO ACASO

Acaso é aquilo que ocorre sem se esperar: / amor, poema, livro.

Algo planejado / não será também / o acaso?

A tônica da vida beira a incerteza / e a matemática não dá conta / com variáveis.

Há então a geometria do acaso, / embora não se encontre definição / em livros do gênero.

Por ela e só por ela / é possível se compreender / que a vida não se mede, / a vida se gasta.

É na aparência da simplicidade dos versos, que aquilo que reputamos como invisível, imprevisível ou misterioso, se revela. Com efeito, o leitor se emociona com a carga de lirismo e sensibilidade que permeia essa produção ímpar.

ROSA

Não é só matiz e pétalas / que dignificam a planta.

Ainda que maltratada, / em pouco adubo, água, / coloração dispersa / e sem enxertos.

Se ela sobrevive é porque algo / no íntimo, luta, bravamente / para ser rosa. 

Luciano Lanzillotti se mostra em toda sua simplicidade prosaica. Sempre atento aos olhares do mundo e para o mundo, tece fios de um cotidiano real, ao mesmo tempo em que aponta para uma trama de diversidades que são substância e conteúdo poéticos, na medida em que, ao realizar seus poemas, vai registrando um universo de percepções e sensações concretizadas a partir de relações inesperadas (acasos?), que transformam palavras em conteúdos impressivos e sensoriais, para emocionar o leitor. Para o emocionar, e também para que raciocine. Aí a luz, ou por outra, a geometria do não-acaso!   

(*) Krishnamurti Góes dos Anjos tem publicados os livros: Il Crime dei Caminho Novo – Romance Histórico, Gato de Telhado – Contos, Um Novo Século – Contos, Embriagado Intelecto e outros contos, Doze Contos & meio Poema e À flor da pele – Contos.  Participou de 28 Coletâneas e antologias, algumas resultantes de Prêmios Literários. Há textos seus publicados em revistas no Brasil, Argentina, Chile, Peru, Venezuela, Panamá, México e Espanha. Seu último romance publicado pela editora portuguesa Chiado – O Touro do rebanho – Romance histórico, obteve o primeiro lugar no Concurso Internacional - Prêmio José de Alencar, da União Brasileira de Escritores UBE/RJ em 2014, na categoria Romance. Colabora regularmente com resenhas, contos e ensaios em diversos sites e publicações. Atuando com a crítica literária, resenhou mais de 300 obras de literatura brasileira contemporânea veiculadas em diversos jornais, revistas e sites literários. 
 

 

 

 

 

 

 

 

 


 
Luciano Lanzillotti
 

Ronaldo Cagiano

 

Seu livro recolocou-me na trilha da boa literatura.

Nesse conjunto de poemas, você transita pelos espaços subjetivos e oníricos da palavra, realizando um trânsito entre o concreto e o abstrato das nossas experiências existenciais.

A relação com o passado e a memória são pontos culminantes nos poemas do livro, por meio dos quais você recupera aquela essência que nos conforma como ser e como leitor-escritor.

Gosto muito dessa narrativa poética que passa em revista ao nosso inconsciente, às nossas mitologias, esse modo de um olhar que rastreia nossa ancestralidade e nossas raízes e dela a matéria estética viva se expressa plenamente.

Na geometria existencial você coligiu, em diversos ângulos de observação, os acasos e ocasos que entremeiam as caminhadas, percursos sensíveis dos tantos mundos que nos formam.

Sua poesia flerta com diversas vertentes, nascendo do observador-escafandrista, que vai fundo, seja na apreensão dos dilemas, seja no registro da banalidade do quotidiano: do lírico ao social, do metafísico ao político, do plausível ao subjetivo, sua palavra vem amalgamada por uma linguagem elaborada, atravessada por sutilezas e explosões metafóricas.

Há inegável flerte com autores e obras, fruto de suas leituras e familiaridades estéticas: de Drummond a Jorge de Lima, de Bandeira, do popular ao erudito, o poeta estende suas pontes, estabelece seus diálogos e instaura uma simbiose entre instâncias criativas. Como o itabirano, sua poesia lança um olhar agudo sobre "o tempo presente, os homens presentes, a vida presente".

Entre os vértices e vórtices da trajetória individual e coletiva, recolhendo matéria e circunstância do visto, do vivido e do imaginário, você constrói uma poesia de intensa, de densa expressão.

Um livro que nos traz o prazer da leitura.

Ronaldo Cagiano

 

 

 

 


 
Luciano Lanzillotti
 

 

Livro de poemas ‘Geometria do Acaso’

nos leva na espiral do devaneio para sentir mais os objetos e gentes

 

Fernando Andrade

 

Toda polêmica tem seus lados. Joga no ar um assunto, e logo um dos lados diz isto é comigo, estamos com o cerne da coisa. O outro lado rebate este ângulo é meu, ou nosso! Estamos coberto de razões, mas as linhas pelo qual passam triângulos que nunca são amorosos, gente quadrada que parece saída de uma santa fé inquisição, para puxar qualquer cabo de guerra onde o pensamento parece que vai sumir pelo seu esgotamento nervoso de esgarça-lo até sua morte.

Fico imaginando o abstrato, esta figura mítica que sonda a arte e seus asseclas muito mal comportados. Por que é preciso deixar cair o queixo, quando faço um conto à la Cortázar, um poema com requintes de ironia à la Szymborska para que o leitor mergulhe no seu abismo pessoal através da ficção, ou do poema. Penso nisso, quando leio o novo livro de poemas do Luciano Lanzillotti, Geometria do Acaso, editora Dialética, que nos desliga dos rótulos rasteiros dos conceitos dicotômicos do que é simples aos olhos, ouvidos e bocas.

Pois o poeta quando escreve seus poemas faz do sentido vazado por imagens que imprimem uma expressividade quase pictórica em seus devaneios poéticos. Luciano tira de suas esferas, pirâmides e cubos, a relação da matiz do signo com certa simbologia que passa pela cor da palavra e seus tons para ir ao significado mais nuançado pelas gretas e fendas no final do poema onde o sentido desvanece um pouco para fazer um pintura alusiva a neve, onde as palavras não esfriam pela fugacidade fantasmática dos significados.

Através desta relação entre um pensamento geométrico e matemático, o poeta nos leva ao passeio universal pelas beiradas do convívio entre gentes, ideologias  e sociedade.    

 

 

 

 

 


 
Luciano Lanzillotti
 

 

 

MATEMÁTICA NA POESIA OU A GEOMETRIA DO ACASO

 

Poesia e matemática combinam? Claro que sim, pois há beleza poética em tudo, ainda mais nas ciências exatas.

No prefácio à obra “Geometria do acaso”, São Paulo: Editora Dialética, 2021, o escritor Leonardo Valente analisa magistralmente a estrutura do livro de Luciano Lanzilotti, de forma que basta a leitura para compreender a dinâmica do livro.

O volume vem dividido em quatro blocos, a saber: esfera, pirâmide, cubo e prisma e que cada um condensa poemas não aleatórios, mas com um propósito analisado por Leonardo Valente.

Na primeira parte do livro, “Esfera”, a incidência dos poemas versa sobre a cidade, a rua, a consulta médica, as chaves da casa, o tempo, a memória…

A parte dois, “Pirâmide”, p.45, traz textos de crítica social, como o desemprego, a violência, a má política do transporte público, além de trazer a eleição de personagens sociais emblemáticos como o cidadão comum, o peixeiro, a prostituta, entre outros.

Em “Cubo”, p 67, os animais são o destaque com a estranha relação destes com os homens. Entre couros, gaiolas, doces de javali, o aposentado que alimenta os pombos nas ruas, o encalhamento de baleias jubarte na praia etc.

Há espaço para criticar a postura humana e não ambiental de o homem jogar lixo nos rios, onde “Peixes e girinos / prosperam em seu íntimo, / curiosamente.”, em “Caldo”, p.71.

Outros temas comparecem à parte em voga, como o processo civilizado, as pinturas rupestres em cavernas e a busca de eleição de Deuses, a relação dos recém-Casados, entre outros. Tudo ratifica a vasta imaginação de Luciano, para o qual tudo pode ser matéria de poesia.

A parte final “Prisma”, p. 113, apresenta outros eixos temáticos como a relação da poesia com a matemática, a função metalinguística, as dicotomias da existência, entre outros.

E a fim de ilustrar um pouco todo ideário temático, seguem alguns poemas analisados com as características de estilo de Lanzilotti.

O texto que intitula a obra, “Geometria do acaso”, p. 116, traz que “a matemática não dá conta / com variáveis” e que “a vida não se mede,/ a vida se gasta.”

Em “Desterro”, p.19, há um eu lírico em fragmentos, pois “por onde seguir / se em terra devastada / e cego de ambas as vistas?”

Em “Cidade”, p.20, a cidade parece um corpo feminino com o campo semântico inerente: “trompas” “ovário”, “útero”, uma vez que tal vocabulário aparece no texto. No entanto, a cidade é o mais e disfarça o desconhecido, pois “Dias nos fazem deixar um pouco do que somos / para trás: / placenta em lixo hospitalar.”

Em “Rua”, p.22, o eu lírico se ressente de abandonar o tempo da infância, como se ela lhe pertencesse. Isto porque se “A rua da minha infância / vai desaparecendo com o fim dos moradores // Meu nome também vai com cada um deles: / (…) // Cada um resiste em mim a ir embora / e resisto a me ir de todos vocês.”

A perda da identidade se dá quando falha a “Memória”, p. 27, porque “Um nome se apaga aos poucos // (…) Até que a fatídica pergunta / jamais seja recordada.”

O tempo aparece no poema “Pais”, p.28, como elemento que age sobre o eu lírico e “As vozes, / ainda que as mesmas / da infância, //lembram-me / que também / envelheci.”

Há um traço narrativo em “Consulta”, p.31, uma vez que o poema relata uma história entRe a médica e a mãe de um estudante/ paciente, no caso.

Os versos de “Fera”, p.36 “Então, passo a pensar / a vida: ,// que parte da minha carne / ainda poderá / ser salva?” trazem interessante reflexão existencial, ora dedicada aqui aos leitores desta resenha.

não há escola melhor / do que a do envelhecimento”, em “Tempo”,p.39.

Resumo de História” é um poema crítico-social que exalta que obras monumentais, ao capricho de faraós e ditadores, foram construídos sempre pelos humildes, numa dicotomia entre as classes sociais: quem manda e quem obedece.

Rocinante”, p.54, é um poema que encanta, pois, apesar de revelar a face da pobreza, com a apresentação de uma família humilde, um pai que recolhe recicláveis na rua, o filho, uma criança brinca com um chicote imaginário em mãos. Era Rocinante!

Em “Zoo”, p 75, o habitat natural dos animais versus o espaço-prisão de um zoológico configuraria liberdade vigiada?

A falta de comunicação e o vazio vocabular ou conteudístico aparecem em “Oceano”, p. 77, texto no qual há a necessidade “(…) / de criar / ponte / entre o verbo / e / diálogo.”

A metalinguagem desponta em “Silêncio”, p. 114, “Cáctus”, p. 117, entre outros, mas os versos do último poema citado trazem que “’O verso, não como / adoração, nascimento, / resposta, // mas puro deleite: // animal feito, / unicamente, de palavras.”

A intertextualidade aparece em forma de homenagem à poeta norte-americana Emily Dickinson, citada em “Emily”, p. 127

Daí, as dificuldades nos relacionamentos surgem, seja em um “Casamento”, p. 84, ou não. Isto porque, se a morte separa as pessoas, é importante dizer que “objetos não mantêm os mortos / objetos só nos sacrificam”, como em “Armário”, p. 89.

Também há espaço para uma análise sobre as relações tecnológicas, em “Selfies”, p. 99, ou “’Postar”, quando a carta é preterida como meio de comunicação aos recursos digitais,

O desapreço pela cultura em “Livraria”, p. 92, mostra que “Quando as livrarias desaparecem, / algo finda em um povo.” E se os livros são rejeitados, o consumismo não é, como mostra “Pesquisa”, p. 95, quando “(…) / Estranhamente, lojas de celulares / estão sempre lotadas.”

Por todo o exposto, a poesia de Luciano Lanzillotti vale muito a pena.

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

Luciano Lanzillotti
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

Luciano Lanzillotti
 

 

 

 

 

 

 

 


 
Luciano Lanzillotti
 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

Luciano Lanzillotti
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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