Maria do Socorro Cardoso Xavier
O vaivém dos discursos ou de nobres e
plebeus
Elizabeth Marinheiro,
Tempo Brasileiro,
Rio 1999-221 pg.
Sábia e permeavelmente a escritora e
crítica literária Elizabeth Marinheiro tenta e consegue mostrar o
valor do “vaivém dos discursos ou de nobres e plebeus”, nesta
polissêmica obra. A autora faz uma amostragem intertextual de
dezenas de autores do panteon nordestino e brasileiro, sob uma
linguagem semiótico-verbal acessível aos leitores de diversas
índoles e tessituras lítero-sócio-culturais.Não obstante, mantém a
integridade acadêmica, semântica e dos conceitos da teoria e crítica
literária, canônica e emergentemente.
Não citarei o nome de suas obras
anteriores, arroladas na orelha deste livro, com o aval de
abalizados nomes da literatura brasileira.
Esta obra de cariz histórico,
literário (crítico), memorialista, sendo quantitativa e
qualitativamente de análise, torna-se envolvente, na qual relativiza
os valores, delineando perfis e tendências, com profundo
conhecimento das obras ali analisadas. destaca a pluralidade
cultural de cada discurso.
O ensaio "tendências da contemporaneidade nordestina", texto
riquíssimo, erudito, no qual a autora ressalta o relativismo
axiológico; –que se faz depreender, do mutável dos cânones da
cultura nordestina; indubitàvelmente além fronteiras, sob prisma
universal do artístico. Defende a superestimação do literário e a
subestimação do cultural e vice-versa. Ratifica portanto a
construção de um elo entre ambos, estabelecendo-se um vínculo
diádico.
A mestra da intertextualidade, com
perspicácia e fruição disseca os autores por ela focalizados, cujo
campo semântico aponta para o difícil manejo da teoria e crítica
literária.Metáforas ricas e diversificadas.
Há na obra um casamento equilibrado
entre teoria literária e análise cultural, no qual os valores
consagrados ocupam o devido lugar, porém sem obstar os emergentes, -
estes que desestabilizam o canônico e abre janelas à irreverência
das dialéticas contemporâneas. A autora reconhece estas novas
tendências da literatura nordestina com pujante flexibilidade.
O “discuro dos excluídos” é outro
grito pleno de éco evocado pela autora, ao analisar os contos do
escritor paulista João Antonio (considerado marginal). Analisa a
autora: “Ao dosar o ficcional e o pessoal, o narrador João Antonio
olha seu objeto e é olhado por ele. Vê o quadro social e desvenda os
valores que nele se escondem.Nas diferenças, este narrador está
comprometido com sua cultura e por isso põe em cena a voz sufocada
dos marginais”. Enfim Elizabeth Marinheiro adentra-se em múltiplos
discursos com percepção nítida das peculiaridades.
Não é de surpreender o alto coturno
desta obra que Elizabeth Marinheiro acaba de lançar ao público.
Mulher de inteligência privilegiada e preparo intelectual à altura.
“O vaivém dos discursos e ou de nobre e plebeus” é um livro que
honra a estante universitária na área de literatura e história. A
Paraíba e o Brasil estão de parabéns!
Elizabeth é um nome nacional nas
letras. idealizadora e executora de um dos grandes eventos nacionais
no âmbito literário: “O Congresso Brasileiro de Teoria e Crítica
Literária”, realizado de 2 em 2 anos em Campina Grande – com garra,
determinação, organização, significativo intercâmbio nacional e
alhures.
Idealizadora e presidente de honra da
FACMA (Fundação Artístico- Cultural “Manoel Bandeira”).Pertinaz,
baralhadora incansável, erudita e ao mesmo tempo popular. Versátil e
polivalente. Mulher sensível sem ser subserviente, de personalidade
marcante sem ser inflexível.
Esta é o ideal de mulher que
representa assaz o Brasil (o mundo) neste dealbar de 3o. milênio.
Elizabeth Marinheiro é ilha e ao mesmo tempo arquipélago, iluminado
pela mais brilhante das constelações.
Falta-me um olhar mais teórico,
falta-me fôlego para abarcar toda dimensão de sua obra. O leitor de
todas as tessituras com certeza conseguirá.
Leia Elizabeth Marinheiro
|