Homem de plurais talentos
por Raimundo de Moraes
Conheci Marco Polo quando ele era editor do Caderno C do Jornal
do Commercio. Eu era estagiário do Caderno Cidades mas aquilo não
era minha praia. Claro, fui pro Caderno C. Meu novo editor,
compreensivo e antenado, sempre acatava minhas sugestões de pauta.
Fiz umas entrevistas interessantes, resenhas de livros e filmes,
aprendi como é o dia-a-dia da redação de um jornal. O que foi bom,
pois o know-how do Caderno C me permitiu ser editor de cultura &
lazer da “primeira versão” da Folha de Pernambuco (quando então o
jornal era administrado pela família Asfora).
Agora o Interpoética me permite um “lado B”
jornalístico-literário.
Entrevistar Marco não é (nem será) tarefa fácil para mim. Ele tem
muito o que contar e eu – com uma eterna curiosidade sobre as
histórias de cada um – tenho muito o que perguntar.
Enfim...
São 12 perguntas. Encaixem os fragmentos, definam um pouco este
interessantíssimo perfil. Com vocês, o escritor, jornalista,
compositor, homem de plurais talentos Marco Polo Guimarães.
Marco, você foi um menino prodígio? Como foi essa história de
aos 16 anos mostrar seus poemas para Ariano Suassuna e César Leal?
Comecei a me interessar por poesia muito cedo. Minha mãe lia pra
mim os tenebrosos poemas de Guerra Junqueiro e minha avó, que queria
que eu me tornasse pastor evangélico, lia a Bíblia, que em muitos
momentos é poesia pura. Também se estudava muitos poetas nas aulas
de português. Mas minha descoberta real da poesia como fenômeno foi
ao ler o poema "Ismália", de Alphonsus de Guimaraens. Foi uma
mistura de insight e alumbramento pois, pela primeira vez, eu
percebi o alcance imenso de uma peça tão pequena: um texto de cinco
quadras com versos de sete sílabas. Fiquei apaixonado por aquela
cápsula de significados e emoções e comecei a ler poesia vorazmente.
Eu tinha por volta de dez anos. Aos 12 comecei a escrever também.
Aos 14 fiz um primeiro poema com certo domínio técnico, "O Sapo de
Vidro", cujo texto se perdeu e nunca consegui refazer. Logo depois
fiz um outro que tinha pelo meio os versos "e fina/ a lira fira/
agulhas/ de cristal", que têm certo refinamento. E, finalmente, aos
15 escrevi "O Nadador" que considero o meu primeiro poema bem
realizado. Mas isso foi colhido em meio a uma produção imensa. Eu
produzia muito, embora sempre insatisfeito. Nessa época descobri que
Ariano Suassuna morava perto da Praça de Casa Forte, onde eu também
morava. Depois de muita hesitação tomei coragem e fui procurá-lo.
Ele me recebeu como a um igual, o que me deixou encantado, e teve a
paciência de ler e anotar o calhamaço de poemas que eu levara pra
ele avaliar. Mas no final ele disse que pelo meu estilo era melhor
eu procurar o crítico João Alexandre Barbosa. E, realmente, João
gostou logo do tal "e fina a lira fira", me perguntando se eu
conhecia João Cabral de Melo Neto. Até então, minhas bússolas eram
Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. João Alexandre me
emprestou um livro de João Cabral e eu descobri a terceira pessoa da
minha santíssima trindade: Bandeira, Drummond, Cabral. Foi João
Alexandre Barbosa quem primeiro publicou poemas meus, no Suplemento
Literário do Jornal do Commercio, quando eu tinha 15 anos.
Infelizmente, meu contato com ele foi cortado pelo Golpe de 64. Um
dia chego na casa de João e o encontro queimando livros e se
preparando para deixar o estado. Foi então que me voltei para César
Leal, que passou a me publicar com regularidade, dessa vez no Diário
de Pernambuco.
Foi nessa época também que ele começou a divulgar os poemas do
pessoal que seria chamado "Geração 65"?
Exatamente. Os primeiros poemas desta suposta geração a serem
publicados foram de Alberto da Cunha Melo e Jaci Bezerra. Eu e
Ângelo Monteiro viemos logo após. E como eu sei que você vai
perguntar porque eu digo “suposta geração” vou logo respondendo. Em
primeiro lugar porque nós não tínhamos um ideário ou poética em
comum. Para ficar só em nós quatro, veja as disparidades: Jaci era
um lírico e um virtuose do verso, Alberto era um vasculhador de um
existencial amargo, Ângelo fazia uma poesia mística-filosófica e eu
tentava explorar temas diferentes, como se pode deduzir pelos
títulos de alguns poemas: “Strip Tease”, “Cemitério de Automóveis”,
“Salve Sade Self Made Man”, etc. Em segundo lugar porque este rótulo
Geração 65 virou um guarda-chuva em que hoje se abrigam umas 50
pessoas que vieram bem depois e que de fato não faziam parte daquele
pequeno grupo que recebeu esta denominação. Em terceiro, porque não
gosto deste tipo de rotulação; é quase sempre falso ou, no mínimo,
inexato e redutor.
Então para você, há um certo exagero em taxarem de "Geração
65" a produção poética feita em Pernambuco naqueles idos...
Foi enfocando aqueles jovens poetas que publicaram seus primeiros
textos no Diário de Pernambuco, através de César Leal, que o
historiador Tadeu Rocha criou o conceito de Geração 65. Mas,
evidentemente, a totalidade da produção poética em Pernambuco
naquele tempo incluía outros autores. O que estou querendo dizer é
que, para mim, o rótulo Geração 65 não tem maior importância. Até
porque é uma coisa local, ainda não estudada, aliás, nem sequer
reconhecida pela história oficial da literatura brasileira
contemporânea. O que estou querendo dizer, em última instância, é
que o importante é a obra de cada poeta, não o fato de ele pertencer
a este ou aquele grupo.
No final da década de 60 você viaja pra São Paulo e começa a
trabalhar na área de jornalismo. O AI-5 estava vigorando desde
dezembro de 68. Como foi iniciar uma carreira de jornalista na época
da tortura e da mordaça?
Já tinha enfrentado algumas barras no Diário da Noite, do Recife,
onde a gente trabalhava com um oficial do Exército que lia nossas
matérias antes de liberá-las para publicação. Ele usava uma caneta
piloto e ia riscando tudo que não podia sair. O AI-5 já estava
vigorando. Mas pelo menos aqui, no jornal, a coisa ainda não tinha
tomado um aspecto virulento. Eu até dizia, brincando, que não ia me
autocensurar na redação das minhas matérias (como alguns colegas
achavam mais prudente fazer) só pra dar trabalho ao oficial, afim de
que ele justificasse o próprio salário. Mas em São Paulo aconteceu
um fato assustador. Estava fazendo uma matéria investigativa para o
Jornal da Tarde, onde trabalhava, e uma noite fui abordado na rua
por dois rapagões que me convidaram a entrar num carro estacionado à
beira da calçada. Entrei no banco de trás com cada um dos caras de
um lado, mais outro rapaz no banco do carona e um senhor gordo no
volante. Foi ele quem começou a falar, mostrando que estava a par de
toda a minha rotina diária e a da minha mulher, que era atriz. Só
para mostrar que eu estava sendo “investigado” há algum tempo.
Depois daquele preâmbulo intimidador, enquanto circulávamos pelas
ruas da cidade, o camarada chegou ao que interessava: Eu estava
disposto a abandonar a matéria que estava pesquisando? Se estivesse,
eles esqueceriam que eu existia. Se não... Bem, eu é quem decidia.
Evidentemente concordei em abandonar a matéria que, aliás,
dificilmente seria publicada. Ela mexia com a cúpula do CCC de São
Paulo. CCC era a sigla que designava o Comando de Caça aos
Comunistas, grupo terrorista de direita, acobertado pela ditadura,
composto de filhos de empresários, políticos e militares.
Suspeita-se (mas até hoje não se pôde provar) que foi o CCC de
Pernambuco que raptou, torturou e matou o Padre Henrique, assessor
de Dom Hélder Câmara. Quando eles finalmente me soltaram, na porta
do Estadão, onde funcionava o Jornal da Tarde, fui tomado de uma
tremedeira. Contei a história a meu editor e ele resolveu finalmente
me liberar para uma área mais leve, a editoria de Variedades, que
era como chamavam a área de artes e cultura, e para a qual eu já
vinha há algum tempo pedindo para ser transferido.
E no seu retorno ao Recife, começa a história do Ave Sangria.
Que por sinal chamava-se Tamarineira Village, e foi "rebatizado" por
você...
Quando saí do Recife para São Paulo estava desistindo da poesia.
Em primeiro lugar comecei a desconfiar que só quem lia nossos poemas
eram nós mesmos, os poetas. Depois, aquilo não dava dinheiro.
Cheguei a propor que fizéssemos uma greve: só mandaríamos poemas
para os jornais publicarem se nos pagassem algo. Evidentemente, todo
mundo ficou rindo da minha cara. Então resolvi dar uma parada com a
poesia e me dedicar à música. Eu já mexia com música também desde
pequeno. Aos oito anos minha avó leu pra mim um livro sobre um
cangaceiro que tinha se tornado evangélico, ou crente, como se
dizia. Lá pras tantas ele cita uma canção de cangaço que dizia “Ó
cabra se eu te pegar/ na ponta deste meu aço/ inté o diabo tem dó/
da desgraça que eu te faço/ te tiro o couro inteirinho/ e o espicho
em compasso/ te como as carnes do corpo/ e só te deixo o cangaço”.
Eu fiquei louco pra cantar aquilo mas ninguém sabia me dizer como
era a melodia original. Então inventei uma música pra cantar aqueles
versos e fiz, assim, minha primeira composição. Cheguei inclusive a
estudar piano, acordeon e violão, com teoria, partitura e tudo mais.
Então quando resolvi partir pra música já tinha alguma bagagem.
Em São Paulo compus muita coisa e quando voltei, em fins de 72,
encontrei uma efervescência musical muito boa no Recife, com bandas
como Nuvem 33, Flaviola e o Bando Alegre do Sol, Licar, Marconi
Notaro, Laílson e o grupo Phetus, Lula Côrtes etc. Havia uns músicos
em Casa Amarela que queriam montar um grupo. Eles tinham os
instrumentos, eu tinha as músicas e assim nasceu o Tamarineira
Village. O nome vinha de uma referência ao Hospital Psiquiátrico da
Tamarineira e à Vila dos Comerciários, onde a maioria morava. A
mudança do nome se deu quando da contratação para gravar um disco e
a necessidade de profissionalização do grupo. Achávamos que o nome
Tamarineira Village era muito local e que a gente ia ter que ficar
explicando a origem daquilo, como aliás já acontecia quando
tocávamos em outros lugares como Natal, João Pessoa e Salvador. Ave
Sangria não precisava de explicação.
O grupo se desfez há mais de 30 anos mas ao que parece o Ave
Sangria virou um ícone cult. Tem site divulgando ainda suas letras e
músicas, leilões virtuais do único LP gravado por vocês (e relançado
em 1990) e até comunidades no Orkut. Ou seja, novos fãs e ouvintes
alguns até quase adolescentes... Como você vê tudo isso?
Creio que mostra que a gente fazia uma arte firmemente ligada no
seu tempo mas atemporal pela qualidade. A banda foi uma feliz junção
de músicos muito talentosos. Já no inicio dos anos 70 fazíamos fusão
entre música regional e rock. Tocávamos um baião com guitarras e
interpretação vocal roqueiras, ou um baião com harmonia de blues, o
que era uma total novidade. Num recente Abril Pro Rock, um garoto de
14 anos fez questão de vir falar comigo. Ele estava vestindo uma
camiseta com o símbolo do Ave Sangria pintado por ele mesmo. Tem
também, rolando por aí, uma coisa que você não citou: CD pirata do
Ave. Quer maior prova de consagração? Soube que um dia desses, no
lançamento do disco de um jovem músico pernambucano, no auditório da
Livraria Cultura, o evento foi precedido por nossa música tocando
nas caixas de som. E descobri que a poeta Jussara Salazar, que tem
um gosto muito requintado, é fã da gente. Acho tudo isso muito
gratificante.
E o Seu Waldir? Dizem que aqui em Recife um colunista social
fez campanha contra essa música do Ave Sangria, considerando-a um
atentado "à moral e aos bons costumes". Isto de fato aconteceu?
Fiz Seu Waldir pra ser cantada por uma mulher. Mas, pra provocar
o machismo que imperava no Recife dos anos 70, resolvi cantá-la eu
mesmo. Depois do show teve gente que deixou de falar comigo. E
começou uma especulação de quem seria Seu Waldir. Eu próprio me
encarreguei de espalhar o boato de que era um português, dono de um
bar em Olinda. Então teve gente que saía de carro por Olinda pra ver
se achava o bar do Seu Waldir. Assim, quando fomos gravar um disco,
fiz questão de incluí-la. Não deu outra. Passou a ser a música mais
tocada do disco nas rádios. Então começa o episódio de que você fala
e do qual eu só sei por ouvir dizer, porque nunca, mesmo na época,
me interessei em verificar se era verdade ou não. O fato é que
começaram a me dizer que havia um jornalista que tinha um programa
de TV e que todo dia tocava um pedaço da música e dizia que aquilo
era “uma agressão à moral da família pernambucana” e que as
autoridades tinham que tomar uma atitude a respeito. Dizem também
que, após assistir ao programa, a mulher de um general reclamou para
o marido a respeito e este prometeu que ia resolver o “problema”. O
que eu sei mesmo é que antes do disco completar um mês de lançado
foi retirado das lojas pela Polícia Federal, que também proibiu as
rádios de tocarem qualquer faixa.
Como está o seu envolvimento com a música hoje? Ouvinte?
Crítico? Continua a compor? E o que você curte ouvir?
Após um longo tempo parado voltei a compor. Tenho vontade também
de gravar um CD dizendo poemas, o que seria outra forma de fazer
música. Gosto muito do penúltimo disco do Chico Buarque. Gosto de
Lenine e Björk. Alguns clássicos: Erik Satie, Prokofiev. E jazz,
muito jazz e blues.
Da reunião de pauta à produção final: pra você como editor
qual o maior desafio a cada número da Continente Multicultural?
A maior preocupação é manter ou, se possível, elevar o nível da
edição anterior. A Continente é mais uma prova de que Pernambuco
pode ter produtos culturais a ser apresentados em qualquer lugar do
mundo sem complexos. À maneira da música, do cinema, das artes
plásticas e da literatura que se faz aqui no momento.
Você sempre teve uma presença marcante no cenário cultural do
Estado. Sempre acessível e por que não dizer generoso... É preciso
ser um pouco diplomata para lidar com a “fogueira das vaidades” da
intelectualidade pernambucana?
Apesar de gostar de, de vez em quando, fazer provocações na área
das artes, sou, de um modo geral, uma pessoa maneira. E apesar de
prezar muito a solidão, gosto de me relacionar com as pessoas. O
ofício do escritor é feito em silêncio e solidão, mas a experiência
com música me ensinou a trabalhar em grupo. Então, aprendi a curtir
as duas maneiras de fazer arte. A “fogueira das vaidades” existe em
qualquer grupamento artístico, aqui ou nos cus dos Judas, como diria
António Lobo Antunes, um escritor português de quem gosto muito. A
vaidade parece ser intrínseca aos artistas, que se há de fazer? Não
tenho nenhum problema com isso.
Dentre os livros escritos por você, me vem à lembrança o
Memorial, que é justamente um delicioso livro de reminiscências e
que merecia ser reeditado. Uma pergunta que eu sempre quis fazer:
como era o processo de criação do Memorial? E o que lhe motivou a
escrevê-lo?
Estava lendo uma matéria na Folha de S. Paulo sobre o Oulipo, um
grupo de escritores franceses, mas do qual também fazia parte o
italiano Italo Calvino, que criava dificuldades para a elaboração de
um texto. Por exemplo, escrever um conto sem utilizar nunca a letra
“e”, a mais freqüente da língua francesa. Um outro participante do
Oulipo era Georges Perec, que tinha escrito um livro chamado “Sim,
eu me lembro”, justamente acumulando lembranças de um determinado
tempo e lugar. Sempre achei que havia muita coisa que vi na minha
infância e juventude e que não existia mais, que deveria ser
registrada de alguma forma. Havia alguns tipos populares como
Lolita, uma bicha negra e baixinha que saia pela rua cantando
músicas de Ângela Maria e perguntando “Será que eu sou liiiiinda?”.
Ou o sujeito que vendia palito de dentes nas filas de ônibus em
frente aos Correios dizendo, com a cara mais séria: “Palito! Olha o
palito de dente! Profissão de corno essa minha de vender palito.
Olha o palito!” Assim, resolvi escrever o “Memorial”, composto de
pequenas notas que começam sempre com “Me lembro que...”. É o meu
livro de maior sucesso. Soube que houve gente que se reunia em torno
de uma piscina, tomando uísque e lendo alto as rememorações do livro
e acrescentando outras. E o poeta Jessier Quirino, que escreve
poesia matuta muito engraçada, inspirou-se no livro pra elaborar um
poema. É, de fato um livro divertido e eu próprio me diverti ao
escrevê-lo, de uma forma quase compulsiva, em pouquíssimo tempo, uma
lembrança puxando outra.
Várias pessoas já me reclamaram o relançamento do livro, que está
esgotado. Falei a respeito com o Arnaldo Afonso, da Edições Bagaço,
e ele topou o relançamento, mas terminamos não levando o caso a
termo. Vou voltar a falar com ele a respeito.
Sessão família: como é ser pai de novo depois dos cinqüenta?
Ter filhos mudou meu modo de ver certas coisas. Antes deles eu
detestava crianças. Não tinha a menor paciência com elas. Escrevi
até uma crônica com o título “Porque odeio crianças”. Com o
nascimento de meu primeiro filho, hoje homem feito, passei a gostar
das crianças, do que elas podem nos ensinar. A criança tem uma forma
mágica de viver o mundo que se perde à medida que ela é “educada”.
Acho que a nostalgia que a gente sente do Paraíso Perdido é
justamente o resultado da perda desta visão mágica de mundo. Pois
bem, aconteceu uma coisa engraçada. Meu segundo filho, que mora nos
Estados Unidos, me ligou dizendo que eu ia ser avô. Algumas semanas
depois minha atual mulher me disse que eu ia ser pai de novo. Tudo
ao mesmo tempo! Aí, meio sem querer admitir, fiquei torcendo pra que
fosse uma menina, pois já tinha dois filhos homens. Então chegou
Alana que, atualmente, é a minha maior paixão. Apesar do mundo que
está aí, não estou arrependido de colocar mais uma vida na vida.
Afinal, o ser humano é um animal muito defeituoso, mas, ao mesmo
tempo, capaz de superar até o que parecia impossível.
(junho de 2007)