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Rogaciano Leite (pai) 


 

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Thomas Colle,  The Return, 1837

Cristiane França

 

Maria Georgina Albuquerque

 

 

 

 

 

 

 

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Angélica Feitosa
 

 

 

 

 

 

O Povo, Fortaleza, Ceará, Brasil

7.10.2009

 

Memória

Para lembrar Rogaciano

O pernambucano Rogaciano Leite assumiu o Ceará como terra sua. Poeta, jornalista e cantador, ele se destacou pelas grandes reportagens e ao levar as trovas de viola os lugares de elite

angélica feitosa >>> angelica@opovo.com.br
07 Out 2009 - 01h07min

 

``Não sou um Manuel Bandeira/ Drumond, nem Jorge de Lima/ Não espereis obra prima/ Deste matuto plebeu/ Eles cantam suas praias/ Palácios de porcelana/ Eu canto a roça, a cabana/ Canto o sertão que ele é meu``.
Poema Aos Críticos, de Rogaciano Leite

A notícia tardou a chegar aos jornais do Ceará: vinha um dia depois do ocorrido e quando a noite já estava posta. A cidade custou a acreditar que, no Rio de Janeiro, um infarto do miocárdio levava de vez o poeta, jornalista, cantador e repentista Rogaciano Leite. Tão moço, nem chegava aos 50 anos naquele 7 de outubro de 1969. O Ceará sentiria, a partir dali, a falta do pernambucano nômade que escolhera Fortaleza como sua, na maior parte da vida.

Dois dias depois da morte, o corpo vindo à Fortaleza da capital fluminense se fincaria no cemitério São João Batista. A despedida chegou na forma de ode: 13 cantadores lhe cobriam de orações e, por derradeiro, embalavam com seus versos mais conhecidos: Cabelos Cor de Prata, canção feita de improviso, na beira do mar, na tarde em que Rogaciano conheceu o cantor Sílvio Caldas. ``Ele era um menino, não tinha nem 30 anos, quando fez a canção. Ficou cabreiro, encabulado, mas o Sílvio Caldas gostou tanto que a musicou no mesmo dia``, diz, em entrevista, o amigo Waldy Sombra.

Rogaciano foi menino, moço e homem inquieto. Num pequeno vídeo disponível no site YouTube - Rogaciano Leite: A casa que ele nasceu - um irmão mais moço, José Bezerra, conta que os 10 filhos do casal de agricultores Manoel e Rita sentiam a poesia, mas só Rogaciano foi, de fato, poeta. ``O pai chegava e dizia: -Rogaciano vai ser trabalhador!-. E ele já avisava: -Ô, papai, eu não vou puxar enxada-. Meninote, ele já sabia o que queria``. Tanto que, cedo, foi atrevido: aos 15 anos, chamou ao desafio um cantador afamado e prestigioso: Amaro Bernadino. Sem uma pinga de medo, criou confiança.

Sim, porque Rogaciano formou-se em Letras Clássicas, foi cantador, poeta, repentista e, ainda, jornalista & sendo, inclusive, colaborador do O POVO. E tudo com primazia. ``O Rogaciano era uma pessoa muito agradável, carinhosa. Acima disso, foi um grande homem e um dos jornalistas mais instigados. Ele era um investigador, um andarilho sem pouso certo``, define a colega de profissão, a jornalista Adísia Sá. Ela narra Rogaciano como um autodidata que concluiu o curso superior sem fazer o segundo grau (hoje Ensino Médio). Pela sua obra em versos, foi lhe dado notório saber.

A perspicácia lhe rendeu duas vezes o Prêmio Esso de Reportagem: em 1965, com A Fronteira do Fim do Mundo, sobre a Amazônia e o território de Roraima e em 1966, com a reportagem Boa Esperança é Sonho Transformado em Realidade, sobre a Hidroelétrica de Boa Esperança, no Piauí. ``Ele só tinha um problema: era um boêmio. Vi várias vezes o Rogacianinho Filho, menino, de calças curtas, sentado no colo do pai em uma mesa de bar``, completa.

Além do Esso, a reportagem rendeu o nome a uma das filhas. Quando o pai morreu, Helena Roraima contava a idade em sete dedos da mão, mas ainda assim preserva muitas imagens do homem alto e carinhoso. Era pai que reunia os filhos em volta de si para contar estrelas no céu. ``No nosso sítio, em Messejana, ficávamos todos os seis filhos ao redor dele. A gente planejava as férias, o futuro, o que cada um queria ser. Meu irmão Rogaciano Filho era o que mais o admirava e o que mais queria ser como ele``, recorda Helena

Hoje funcionária pública e mestre em Cooperação Internacional, ela não quer deixar a história do pai morrer. Por isso, ela é uma das organizadoras da festa em homenagem aos 40 anos da morte do poeta, em Itapetim e pela reimpressão do livro mais conhecido do escritor, Carne e Alma, com patrocínio do Banco do Nordeste. ``Meu pai foi um erudito, lia muito. Acima disso, era extremamente popular. Sua poesia chegava ao povo de forma tão espontânea...``, analisa a filha que entrou de cabeça na vida do pai, pesquisando e recolhendo qualquer memória do cantador.

E-MAIS

> Rogaciano Leite é filho dos agricultores Manoel Francisco Bezerra e de Maria Rita Serqueira Leite. Casou-se com Maria José Ramos Cavalcante, com quem teve os filhos Rogaciano Filho, Anita Garibaldi, Roberto Lincoln, Helena Roraima, Rosana Cristina e Ricardo Wagner.

> A avenida Rogaciano Leite foi inaugurada em 28 de outubro de 1976, em homenagem ao poeta e jornalista.

> Waldy Ramos lança, no próximo dia 15, o livro Cabelos Cor de Prata, no restaurante Faustino (avenida Beira Mar). O livro é um diálogo de Waldy com o livro Carne e Alma, de Rogaciano Leite.

 

 

     

 

   
Regina de Souza Vieira

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Ana Guimarães

 

 


 

 

 

 
 
 
 

 

 

 

 

 

 

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Henrique Nunes

   

Diário do Nordeste, Fortaleza, Ceará, Brasil

7.10.2009

 

LITERATURA

 

Poesia de corpo e alma

Há 40 anos morria, no Rio de Janeiro, Rogaciano Leite. Homenageado da VII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco e em Itapetim, sua terra natal, o poeta que viveu e foi sepultado no Ceará deixou um importante legado poético, resgatado em "Cabelos Cor de Prata", livro que Waldy Sombra lança na próxima quinta, 15, no Espaço Cultural Faustino

Vila Umburanas, Vale do Pajeú, Pernambuco. Tal como a Serra do Teixeira, na Paraíba, ou o Cariri cearense, um terreno sagrado da poesia. Da vila originaram-se as cidades de Itapetim e São José do Egito. Nesta parte de Umburanas, vieram ao mundo João Batista de Siqueira, o Cancão (1912-1982), os irmãos Batista, Lourival (1915-1992), Dimas (1921-1986) e Otacílio (1923-2003). Na outra, Itapetim, Jó (Job) Patriota (1929-1992) e Rogaciano Leite (1920-1949), Rogaciano Bezerra Leite, filho dos agricultores Manoel Francisco Bezerra e Maria Rita Serqueira Leite, nascido no sítio Cacimba Nova, em 1º de julho (ou 30 de junho) de 1920.

Certo é que Rogaciano era mesmo de Itapetim, cidade do sertão pernambucano, a 420 quilômetros de Recife. No entanto, até aquelas primeiras décadas do século XX, a Comarca de Itapetim pertencia a São José do Egito. Já o pesquisador Saulo Passos, sobrinho-neto de Rogaciano, garante que quase todos, inclusive os irmãos Batista, são mesmo de Itapetim. Há que se registrar ainda as cidades, também do Vale, de Monteiro e de Ingazeira, a primeira berço de Pinto do Monteiro (1895-1990), a outra, de Antônio Marinho (1887-1940), segundo Saulo Passos (embora o poeta tenha até um busto em São José do Egito, então distrito de Ingazeira). Enfim, uma região por onde também andaram poetas de muitas outras partes do Nordeste, de muitos outros tempos do Nordeste. Onde a valorização da palavra estava muito distante dos silêncios e dos améns pregados pela mídia. Onde ainda hoje a poesia desafia os "novos tempos".

Se é verdade que a poesia estava sempre por perto de Rogaciano, não é já tão óbvio que ela devesse ficar aprisionada no Vale. Muito menos restrita às formas ditas populares. Afinal, ganhar mundo e ampliar perspectivas é uma das missões dos vates que se desdobram entre a viola, o cordel ou o verso declamado a palo seco. Considerado discípulo da Cascavel do Monteiro, Pinto do Monteiro, Rogaciano começou sua jornada poética aos 15 anos, em uma peleja com Amaro Bernadino, em Patos (PB). As leituras de Fagundes Varela, Casimiro de Abreu e Castro Alves começam a fazer diferença. Desloca-se para o Rio Grande do Norte, onde conhece Manoel Bandeira. Aos 23 anos, ganha um programa de rádio diário em Caruaru, de volta ao torrão natal.

Fortaleza, Rio e homenagens

Em 1943, vem para Fortaleza, torna-se bancário e jornalista da Gazeta de Notícias. Suas pelejas com Cego Aderaldo ganham fama nacional, e ambos viajam para o Sul do país, ainda com Domingos Fonseca. Em 1947, lança "Acorda, Castro Alves" (prefácio de Jorge Amado) e promove, no Theatro José de Alencar, o I Congresso de Cantadores. No ano seguinte, o evento chega ao Teatro Santa Isabel, em Recife. Conclui, em 1949, seu bacharelado em Letras Clássicas pela Faculdade Católica de Filosofia do Ceará. Entre 1950 e 1955, Rogaciano viveu em São Paulo e Rio de Janeiro, onde lança, em 1950, "Carne e Alma" (Editora Pongetti, prefácio de Câmara Cascudo). Quatro anos depois, casou-se com Maria José Ramos Cavalcanti, com quem teve os filhos Rogaciano Filho, Anita Garibaldi, Roberto Lincoln, Helena Roraima, Rosana Cristina e Ricardo Wagner. Neste mesmo ano, trabalha no "Última Hora", a convite de Samuel Wainer. Em 1955, retorna ao Estado, tornando-se relações públicas do Banco do Nordeste. Em uma caravana capitaneada por Assis Chateaubriand, viajou pela Europa em 1968. Na Rússia, em monumento na Praça de Moscou, deixou gravado o poema "Os Trabalhadores", uma de suas criações mais conhecidas, entre cordéis e sonetos (muitos deles dedicados à francesa Ane).

É a partir de "Carne e Alma" que o escritor cearense Waldy Sombra apresenta o perfil biográfico de Rogaciano, que será lançado na quinta-feira da semana que vem, dia 15, no Espaço Cultural Faustino. No título, o livro faz referência a um poema musicado por Silvio Caldas em 1951, um dos sucessos do Caboclinho Querido. Segundo Sombra, trata-se de "uma conversa solta, descomprometida, sem convenções". Rogaciano faleceu, de enfarte do miocárdio, no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro. Seu corpo está sepultado no cemitério São João Batista, em Fortaleza.

PERFIL
"Cabelos Cor de Prata"
Waldy sombra
R$ 30,00
95 páginas
2009
EDIÇÕES UFC
Perfil biográfico baseado no livro "Carne e Alma", de Rogaciano Leite. Lançamento na próxima quinta-feira, dia 15 de outubro, às 19h30, no Espaço Cultural Faustino (Avenida Beira-Mar, 3821, Mucuripe).

ENTREVISTA

Waldy sombra*


"Quis fazer retratos da alma deste nosso notável menestrel"

O que você busca com o livro?

Quis fazer um despretensioso 3x4 desse nosso Castro Alves. Retratos de sua alma, da sua sensibilidade, que recolhi no seu livro principal, "Carne e Alma", buscando trazer sua obra para os dias de hoje. Recolhi informações em livros e jornais sobre este notável menestrel, amado por todos. Rogaciano participou ativamente da vida cultural da nossa sociedade, ora movimentando rodas de boêmios, ora trazendo para os jornais vibrantes reportagens, ora deliciando plateias com os fenomenais repentes.

Ele foi um grande repentista?

Sim, impressionante. Aos 16 anos, em companhia do Cego Aderaldo, já causava sucesso e espanto pelas feiras e povoados. Zé Soares era o terror dos violeiros, e sua peleja com Rogaciano se estendeu por horas.

Como foi a atuação jornalística de Rogaciano?

Tão logo chegou ao Ceará, em 1943, ele ingressou na Gazeta de Notícias, sob a direção de Luís Campos. Era repórter itinerante. Simultaneamente começou a escrever para vários jornais de todo o Brasil, embora tenha se registrado profissionalmente apenas no Diário de São Paulo. Em 1965, ganhou o Prêmio Esso de Reportagem com uma série de artigos publicados na Gazeta de Notícias sob o título "Nas Fronteiras do Fim do Mundo". Ele ganhou também em 1966 com "Boa Esperança é Sonho Transformado em Realidade". No ano seguinte, ganha menção honrosa com a série "No Mundo Amargo do Açúcar".

Escritor

Opinião

ARIEVALDO VIANA CORDELISTA


O grande mérito do poeta Rogaciano Leite foi ter um pé no popular, outro no erudito. O ouvido na cantoria e o coração no soneto, forma poética que abraçou de forma magistral, chegando ao extremo de fazer sonetos de improviso em suas conferências. Coisa de bom repentista que progrediu nas letras, como o mestre Dimas Batista. Herdeiro de Castro Alves, Rogaciano nunca negou o seu amor pelo cordel e a cantoria, buscando sempre aproximar-se dos verdadeiros poetas do povo. Um de seus amigos pessoais foi o genial Cego Aderaldo, com quem realizou diversas cantorias. Em uma delas, Rogaciano censura o mestre por haver criado mais de 20 filhos alheios e nunca ter casado (o cego precisava de guias e recrutava crianças abandonadas, nossos primeiros meninos de rua).Noutra ocasião, Rogaciano disse, numa estrofe, que Aderaldo era um velho muito besta. O cego vingou-se dessa maneira: "Andei procurando um besta/Porém um besta capaz/E procurando esse besta/Encontrei esse rapaz/Mas não serve pra ser besta/Porque é besta demais!". Essa era a forte ligação de Rogaciano com a poesia popular, sua grande paixão.

HENRIQUE NUNES
REPÓRTER

 

     

 

   
Marcia Theophilo

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Edna Menezes