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Rose de Castro
O SANTO ECOLÓGICO
Francisco Bernardone foi o santo precursor da luta ecológica
na Itália Medieval. Teólogo, historiador, filho de pai rico
(comerciante de seda), assumiu o compromisso de resgatar a
missão espiritual da Igreja, livrando-a dos hipócritas que a
enxovalhavam. Playboy e trovador hedonista, Assis era um
produto de seu meio.
A Idade Média e seus estigmas já apresentavam sinais de
cansaço em uma época de libertinagem e selvageria. O
catolicismo crescia em poder e influência no Séc. XIII, numa
Itália onde circulavam clérigos corruptos, comerciantes sem
escrúpulos e assassinos.
Conhecido como o renegado, Francisco de Assis dançou nu na
praça conclamando os fiéis a seguir seu exemplo. Decidido a
imitar o exemplo de Cristo, renunciou à herança paterna,
sobreviveu da mendicância e de trabalhos servis. Não tinha
intenção de fazer um apostolado numa ordem religiosa.
Rebelou-se contra um pai autoritário como um homem
voluntarioso que cultiva suas paixões – a crítica sem medo e
o amor desmesurado. Teve um comportamento exemplar. Possuía
a coragem de dizer não, inclusive ao desejo sexual, que
aplacava mergulhando em água gelada.
Pacifista quando a palavra não existia, Francisco foi também
o primeiro a cruzar fronteiras territoriais com propósitos
revolucionários, promovendo um diálogo transcultural com os
muçulmanos, foi também motivo de embaraço para a Igreja
Medieval, pela atitude excêntrica de renunciar à riqueza por
acreditar ser um presente satânico.
Pacifista e ecologista, ficou conhecido como o santo que
conversava com pássaros e domesticava lobos selvagens e por
suas atitudes, acabou dando origem a um mito que ele mesmo
teria renegado: o de predestinado.
Polêmico, excêntrico e renegado, ainda assim, sua santidade
não excluía humanidade. Francisco de Assis morreu em 1226 e
foi canonizado em 1228. Tempo recorde para quem, por assim
dizer, criou um modelo de fé.
Há controvérsias sobre sua morte.
Boa sorte em sua viagem, Embaixador!
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