Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Marta Viana

martapviana@hotmail.com

Poussin, The Empire of Flora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

 

 

 

 

 

São Jerônimo, de Caravagio

 

 

 

 

 

Marta Viana



O INSTINTO DE SER


A solidão me fortalece.
Os amantes me entediam.
Ainda considero tímido
O que se diz escândalo.
A dúvida é tudo
O que tenho de valentia.
O medo é apenas
O que vejo na certeza.
Não considero nada mais sério
Do que o ato de brincar.
O belo me comove.
A desordem me excita.
Considero livre
Quem não combate o risco.
Sigo em frente
Sempre olhando para trás,
Porque lá, sei que estou viva
E logo adiante, não saberei mais
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

 

 

 

 

Marta Viana



PICADEIRO


Desrespeitável público!
Atenção por sua desatenção:
Assista daí, do seu eterno galinheiro,
O seu "eu" brasileiro
Porque camarote hoje é ilusão.
Vejam, a partir de agora e
Não esquecendo os dias de ontem,
O quanto seu bolso e sua ingenuidade
Alimentaram o "sagrado ganha pão..."
Falo do poder e sua corrupção.
Eles nos dão crédito
Para sacanagens,
Olhem bem para vocês
E aproveitem a oportunidade.
Chega desse ritual!
Vamos desligar a televisão,
Parar de comer feijão,
Sair do normal.
Tô cansada de ser uma maluca boazinha!
Tô cansada de ouvir tanta hipocrisia!
Vamos originalizar toda essa baixaria...

 

 

 

 

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Márcio-andré

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

Marta Viana



COMBATENTE ATUANTE


Me alistei na vida.
Mas não segui essa marcha torpe,
Esse império de penúria moral.
Saí da fila!
Escolhi e marchei em minha direção.
Saltei todos os muros.
Ralei.
Me arranhei.
Eu enfrentei as metralhadoras mais carregadas:
Algumas de preconceitos, outras de mágoas.
Levei até uns tiros...
E continuo combatente.
 

 

 

 

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Rodrigo Magalhães, 12.2.2005

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

Marta Viana



A DOIDA


Ela é doida!
Ela come mosca,
Ela come moça.
Ela tem!
Ela tem nada de delicada.
Ela vem!
Ela vem e nunca passa.
Ela é super-isso,
super- aquilo...
Ela é doida!
Ela é a mãe das outras.
Ela é a figura,
Ela dorme na rua...
Em cara de intelectuais
Ela sabe demais.
Ela é magricela,
Ela nada espera.
Ela não lê jornais,
Ela prefere amar iguais.
Ela fala pros idiotas
Idiotices na praça.
Como são pros "idiotas",
Ela sempre agrada,
Ela é sempre vaiada...
Um dia Ela vai Ter,
Vai se lambuzar, vai comer,
Ela vai morrer (!)
E ninguém vai ver seu enterro passar,
Só as moscas e as moças
Vão poder lacrimejar.
..... E salve a doida
Que sou eu, que somos nós!
 

 

 

 

Bernini, Apollo and Dafne, detail

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07/11/2005