José do Vale Pinheiro Feitosa
Das Remessas de Francini: um pouco
às liberdades dos teus 16 anos.
Ana Kessler: Eu me habilito.
Minha cara botão de rosa, vestida em pensamento de mulher prosa.
Eu me habilito.
A jamais cobrar a costela que me roubaste.
Quando Gabriel expulsou-me do Paraíso,
levei comigo, um pedaço, feito tu.
Quando nossas vozes chorou no exílio de Nabucodonosor, o doce canto
era teu.
Prometo-te todas as estrelas, a lua também, quando tudo farei, mesmo
não indo além.
A minha natureza é cortar os galhos da
floresta para que teu corpo trilhe solto.
Se teu semblante guerreiro afrontar-me flecha, dos cabelos mover-me
sequer uma mecha.
Quando presidires o congresso dos homens, conduza-os com teu pleno
instinto que gesta.
A decisão que nutre, o outro que se
cria, nem maior e nem menor, apenas como tu és.
Pois de outra mulher, mesmo feminista, o laço não se armou, estava
fora, na produção.
A vida, movida, tangida, subidas, descidas, saltos e atrasos
resumira-se a meras jornadas.
Estiradas, sulcadas feito disco gravado, repetidas qual o passado
que fala pelo presente.
Não esteve, em ti e nem em outra, a
correia que move as engrenagens fabris.
Pois o maior dos erros é pensar em ti como parte duma caterpilar que
esmagava,
Com as garras de suas esteiras, como se este fosse um gesto de
gênero, feminino ou não.
Habilito-me a curtir o couro que tuas
mãos soltam monções de artesanatos,
Secar a madeira que lentamente espelhará o formato incerto que teu
corpo esconde.
A alma que faz brigadeiros, papos de anjo, toucinhos do céu,
ajoelhando-me por ti.
Como tanto a teu cérebro frenético ou aquele que recusa sair da
cama.
Tanto ao teu corpo nu, como à fantasia de extrair-lhe espartilhos e
sutiãs.
Se algo confuso estou, nem sempre se deva a papel teu, pois paixão
também entontece.
Seja o que fores, o que ainda estar
por vir, ou jamais virá, vivo porque és mulher.
Afinal sou apenas um José do Vale
apaixonado por vocês.
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