Alexei Bueno
Sobre o Fiat Breu
Luís Antonio
Cajazeira Ramos, nos vivíssimos poemas de Fiat Breu, revela-se,
acima de tudo, como um poeta das formas fixas. Não que não seja
plenamente eficaz nos versos livres, que também existem no volume,
mas é nas formas tradicionais, e sobretudo no soneto, que a sua
verve, a sua dicção fortemente pessoal, melhor se revela.
Construindo e
desconstruindo, a todo momento, o modelo oficial do soneto,
subvertendo inesperadamente a rima ou a métrica em certo passo, para
no instante seguinte reconstruí-la com o mais clássico requinte,
Luís Antonio reproduz na forma o mesmo processo do seu andamento
discursivo, onde o coloquial atinge subitamente o estilo elevado,
onde o satírico abre caminho ao trágico, onde o chulo redunda no
filosófico, ou vice-versa, numa mobilidade que consegue ser barroca
e clássica ao mesmo tempo.
Grande
humorista e indubitável virtuose nas formas poéticas — embora o
disfarce a cada instante com a índole natural, alheia, quase
indiferente, com que o seu verso se apresenta — Luís Antonio
Cajazeira Ramos capta, como poucos poetas, diversas situações e
estados da nossa imediata atualidade, do nosso duvidoso circo
multimídia, transformando-os em vivaz e direta expressão poética, o
que não é dos menores encantos deste livro.
Leia a obra de Luís Antonio Cajazeira Ramos
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