Rosalice Scherffius
Sent: Saturday, August 21, 2004 1:52 PM
Subject: Requisitando abertura de franquia Cururu ou Como esse
sapo pulou ate' a Florida
Caro poeta, E' um deleite ler Da maldição das estantes ou da Biblioteca Cururu! Melhor ainda participar desse esforço tão fenomenal, através dos textos e fotos sobre a distribuicao dos livros cujas preces foram atendidas... não mais precisam ficar nas prateleiras! Ao correr dos anos tenho emprestado livros e mais livros por estas bandas e confesso que em muitas ocasiões o travo do amargo "não retorno," estava flutuando na memória, a me atanazar o espírito. Foi por isso que senti uma cicatrização enorme ao ler sobre a Biblioteca Cururu e da generosa, digo grandiosa idéia de "deixar ir os livros"... Agora, já não guardo rancor do pessoal que levou meus dois livros de Jorge Amado, que desfalcam minha coleção... Circularei o restante dos volumes, junto aos interessados na língua portuguesa, nesta terra americana do norte. Na verdade, o conceito da Cururuzagem entrou em minha mente como uma luminosa e feliz semente, a germinar impulsos de querer entrar para a rol das franquias. Aguardo detalhes, por favor. O mais urgente possível! Um grande e carinhoso abraço para vocês que fazem a Cururu-mãe, Rosalice |
Edson Alves Damasceno
From: Edson Alves
Damasceno
To:
jornaldepoesia@hotmail.com
Sent: Wednesday, August 25, 2004 7:43 PM
Subject: Biblioteca Cururu
Poeta, você acaba de quebrar um paradigma ancestral, você conseguiu inverter a ordem das coisas, do que até então era tido e havido como consensual, lógico e racional. Com essa idéia brilhante da Biblioteca Cururu, você criou uma nova filosofia, virou de cabeça para baixo o simbolismo do agente cultural, da inteligência e da sabedoria, o simbolismo da estante cheia de livros. Até então, a biblioteca particular cheia de estantes cheias de livros, era o paradigma do acadêmico, do estudioso, do culto, do sábio, do mestre, hoje, a partir da idéia da Biblioteca Cururu, isso mudou. O
livro preso na estante agora é sinônimo de egoísmo, da falta de
cultura, da burrice, do emergente. O objetivo é levar adiante a história
do Djalma. Que cada um que receba o livro, seja um novo Djalma. Poeta,
ainda estou meio zonzo com o que me ocorreu agora a pouco, liguei a tv e
me apareceu um candidato a prefeito, numa sala, com uma estante enorme
cheia de livros, ao fundo. Sabe qual foi minha reação? De indignação.
O candidato perdeu o meu voto. Poeta,
fico imaginando como as pessoas irão reagir, após terem lido o manifesto
de criação da Biblioteca Cururu, ao visitarem os amigos e encontrarem
estantes cheias de livros. A
idéia é fazer circular o livro, não prendê-lo. Dar a oportunidade a
outros de lerem o livro. Essa idéia é fantástica, é maravilhosa,
precisa ser divulgada. Poeta
puxei o beiço na história do telefonema do Poeta Correia Lima, foi incrível
a coincidência. Poeta,
você viu a monja na Escola de Belas Artes do Paul Delaroche? É ela,
Poeta, é ela, não tenho a menor dúvida. Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Um abraço do amigo e fã número 1.
Nota do editor: Bom, a amizade, está-se vendo, é mesmo capaz de muito. E eu aqui fico morto de feliz com a estima de quem muito estimo, o meu amigo Edson Alves Damasceno. Essa história de monja, ele fala de uma personagem de Salomão, mas para ele real (para o Coronel também!), que ele diz parecidíssima com a essa jovem do quadro de Delaroche, à direita, recostada na colunata. Clique para ampliar. Sim, é ela, só pode ser! Difícil é saber como Delaroche adivinhou-lhe rosto, traço e corpo com cem anos de antecedência... Mas é ela, sim. Ah, o Djalma de que fala o Edson é personagem de Salomão. Ele mantém uma Biblioteca com milhões de livros, mas nenhuma estante... circulando, despachando, remendando, despachando outra vez, os livros, é claro! SF |
Maria da Conceição Paranhos
Sent: Friday, August 27, 2004 1:46 PM
Subject: Livros a mancheia
Meu caríssimo amigo, A
idéia da Cururu vem me tirar dos ombros um peso que me fazia
sentir culpada! Ao contrário do extraordinário Jorge Luís Borges, os
livros já lidos sempre me incomodaram. Doei minha biblioteca de Filologia
e Lingüística (cerca de 1.500 exemplares), a de Literatura Brasileira
(cerca de 4.500 exemplares, da qual vendi metade a um sebo local ―
antes de sua idéia da Cururu naturalmente, mas também precisava de um
dinheirinho). Minha biblioteca de teatro e arte ― coletada por anos a fio por meu ex-marido (homem de teatro como você sabe) e eu; na partilha de bens, deixei-a integralmente com ele (cerca de 2.000 exemplares). Ele, cururumente, a deixa disponível para seus alunos da Escola de Teatro da UFBA. Também a de História e as enciclopédias tomaram caminho semelhante às acima citadas (dicionários não, pois tenho verdadeira paixão por Lexicografia e Lexicologia). Ainda assim, providenciei alguns dicionários eletrônicos junto com algumas obras completas, como as de Freud e de Lacan. Mas ainda tenho livros demais (na área de Teoria e Crítica da Literatura e Filosofia principalmente, a par de ficcionistas e poetas, a maioria em línguas estrangeiras, o que torna meio problemática a questão, pois mesmo a maioria dos nossos Professores Doutores é monolíngüe, mais ainda, claro, os nossos alunos). Outros tantos livros raros e a coleção da Aguilar em literaturas brasileira, portuguesa e espanhola, bem como a de Filosofia, desta mesma editora, além da Obra Completa de Freud, etc. foi levada por um certo escritor baiano que freqüentava minha casa. O mancebo, segundo meu julgamento, é um trapaceiro contumaz. Mas, quem sabe estarei enganada ― se assim for, que Deus me perdoe por estar ferindo o 8º. Mandamento da Lei de Moisés ―, e ele será um cururu (fanático) e estará distribuindo, generosamente, livros a mancheia (entretanto, acho que não devemos estimular o fanatismo sob nenhuma forma)? Que os tenha vendido ― o que é mais plausível ― ainda assim, os livros estão circulando, o que é de grande valia para a coletividade (para o mancebo, a valia ou o valor foram os centavos que deve ter embolsado). Guardo comigo, sim, alguns do Sacrossanto Empíreo: Horácio, Virgílio, Dante, Cervantes, Shakespeare, Camões, Fernando Pessoa e Jorge de Lima — entre uns poucos outros. Isto porque, volta e meia vou para junto deles, a fim de conferir se minha produção de algum modo contribui com o já feito por eles. Você sabe, a modéstia não é um traço de minha personalidade, e então (embora não sempre) digo-lhe que não fico envergonhada do que até agora criei, salvo umas bobagens que todo escritor comete, inclusive os citados. Entretanto, sou humilde ― por cultivar essa qualidade no patamar das maiores ― e, afora livros publicados e inéditos, não guardo nada de publicações minhas ou sobre mim em periódicos. Vou logo dando tudo, porque aquela papeleira toda (principalmente jornais) desencadeia em mim rinite alérgica — que não é crônica não, é "papiral" (de papiro, já que "papelal" soa um tanto estranho). Digo
a nossos confrades que me fascinam as papelarias, muito papel em branco me
excita a libido e a direciona de modo aceitável pelo decorum
burguês. Também, muitos pequenos objetos de stationary,
que me provocam a juntá-los. E usá-los em atividades alquímicas. Sem mágica,
a vida não tem graça nenhuma — que me perdoem os eruditos e os bibliófilos
(acho, até, que a bibliofilia é um desvio sexual). Temos
de ser universais. Sem traços universais em nossa estrutura cambiante
estamos votados à esclerose e à morte. Livros, como sangue, têm de
circular — e, de sístole para diástole, irrigar nossa matéria compósita
e imaginária, ao tempo em que irriga a do próximo leitor, e assim
sucessivamente. Na Igreja Católica (não falo da igreja temporal, mas da
espiritual), o Corpo Místico de Cristo é como um sistema de vasos
intercomunicantes; se um dos vasos se esclerosa, compromete o todo. Há
que circular este sangue! A Redenção consiste nisto. Bem,
parece que hoje estou tendendo ao manifesto. Mas vai assim mesmo. Como
prova dos nove de minha inconteste aprovação e admiração por ser você
um cururu, e assim também me sinto, desde já, uma cururu. O
abraço de sua sempre amiga, Conceição |
Luiz Paulo Santana
Soares Feitosa, Poeta Que festa libertária essa dos dias 12-18 de agosto de 2004, da Biblioteca Cururu! E o lance da moça com o livro na mão e o autor ao telefone? Nossa! É de arrepiar. As minhas barbas e os meus livros estão de molho. Já sei da franquia. É fato que os meus livros (poucos) são emprestados a mais de 80 clientes, da vizinhança, da rua, das famílias amigas e aparentadas. Mas a radicalização da Cururu deixa a gente insone. É uma revolução! Muito oportunamente Edson Damasceno relembra “Salomão”. Ficção e/ou realidade? O bibliotecário Djalma deve estar muito feliz. A biblioteca com suas estantes repletas de livros imóveis e frios perdeu o sentido. Estantes agora são estações de passagem. O livro chega como um pássaro, canta seus versos, e voa para o futuro. E mais. Resolve nosso problema de espaço. Salve o poeta Soares Feitosa! Salve o Jornal de Poesia! Um viva à grande rede! E eu, é claro, feliz como pinto no lixo. A Escola J. Piaget – Sistema de Ensino Multimídia, sediada em São Bernardo - SP, mandou-me uma carta solicitando autorização para incluir no material de História – 8ª. série, o meu poema “Composição”. Adivinhe onde eles foram “buscar”? No JP, é claro! Solicitei que publicassem autoria e fonte, e que me mandassem um exemplar do tal material. Obrigado, poeta! E por falar em JP, essa grande biblioteca virtual da Poesia, (pelas chamadas de capa avalia-se o trabalho insano do Editor), acabo de ler “Quatro Sonetos Cardinais” da vigorosa poeta Maria da Conceição Paranhos: belíssima, sensibilíssima obra de arte! Meu abraço a toda a equipe, ao poeta Rodrigo Marques, o breve (só como fotógrafo), ao Diego e ao Vicente, ao Cururu-mor, que ficaram todos muito bem na foto e... na nossa História. Foi mais um passo concreto no caminho da redenção humana. Pode parecer grandiloquente. Mas é passo a passo que se chega lá. Abração
do admirador, Luiz Paulo Santana |
João Batista de Oliveira Filho
From: <ilhamutuns@brturbo.com>
Sent: Wednesday, August 11, 2004 12:48
PM
Subject: comentário sobre biblioteca
cururu
Soares Feitosa, cê é demais. Ao ler o danado desse texto, dei boas gargalhadas. Pensei nas estantes aqui de casa. Poucas, mas abarrotadas. O que alguns livros que nunca li, e provavelmente nunca hei de fazê-lo, dirão uns aos outros? Com certeza não serão palavras elogiosas à minha pessoa. Tentando "navegar" nesse bicho de sete-cabeças que é a informática, num é que aportei no seu "site" (que nome feio! sítio ficaria melhor). Sem querer puxar muito (talvez só de levinho), porreta! Um grande abraço. batista filho |
Renata Moreira
O que mais me agrada na Biblioteca Cururu é justamente o fato dela ter ganho materialidade. Há algum tempo já ouço (já leio...) essa idéia do Soares de que os livros devem saltar fora das estantes, mas isso me pareceu sempre tão bom quanto irrealizável. Quando vi aquele carro no bosque de letras, rodeado por uma turba enfurecida aos gritos de "cadê o meu?!", confesso que fui tomada de real felicidade. Era verdade! O cururu-chefe estava realmente ali, distribuindo livros, e eu fui uma das que quis enfiar o dedo na chaga de N. Senhor, sãotomesianamente. Não precisou. Além de ver o Soares Feitosa pular da internet e perder a virtualidade, ainda recebi dois livros - que eu não ia sair dali só com o aspecto teórico da empreitada! A
outra coisa que também me agrada, já que comecei nessa de Entendemo-nos por fim: ele no papel de escritor lido, eu no de leitora saciada. E assim, ode aos teóricos da literatura, o sistema literário se formou e pôs a obra em movimento - que só autor e obra não fazem um livro. Eles precisam desse terceiro e barulhento elemento, o leitor. Barulhento porque dialoga, não cala como as tais estantes. Para completar a cururuzagem, passo o livro a um amigo, que vai fazer o mesmo processo: ler, reagir, provavelmente comunicar a reação ao autor e novamente passá-lo - e o livro, creiam, vai sendo lido, vai criando existência. Cá para nós, se eu estivesse lançando um livro, minha primeira distribuidora seria a Cururu! Palmas a ela.
Nota do editor: Antes, Renata já havia escrito: Oi, Soares Feitosa, Sou a Renata, falei rapidamente contigo no dia em que você estava no Curso de Letras distribuindo os livros da Biblioteca Cururu. Sou do grupo Litteratura, mas passei tanto tempo sem ler as mensagens (coloquei como opção de ler exclusivamente no site, coisa que, por falta de tempo, nunca fazia) que, quando voltei, você não estava mais lá. Notei a ausência, mas não sabia o motivo, pensei que fosse, como a minha, falta de tempo. Ainda assim, não deixei de dar minhas olhadas no Jornal de Poesia. E lá vi o anúncio da Biblioteca Cururu, que muito me interessou. Foi por essa leitura que o reconheci, já que a foto que vi na página (já faz alguns meses) não parece em nada com você! :) Fiquei feliz em encontrar você, já que - pela virtualidade do grupo, talvez - me parecia uma personagem mítica!:) Quanto à Biblioteca: a quantas anda? Abraços afetuosos, Renata
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