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Novidades da semana
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Página atualizada em 05.07.2000
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Sensacional Peleja:
Poetas do Rio-SP e o resto.

Lista dos guerreiros:

  1. Flora Sussekind
  2. Vera Queiroz
  1. Florisvaldo Mattos
  2. Soares Feitosa
  3. Cláudio Willer
  4. R. Leontino Alves
  5. Diatahy Menezes
Florisvaldo Mattos.
florismattos@e-net.com.br

"Fabricantes de desigualdades


[A Tarde, 5 agosto de 2000
Caderno Cultural]


O Brasil cultural, mais precisamente o literário, continua jogando torto; não para o lado esquerdo, como sua seleção de futebol, com Rivaldo, Alex & Cia., mas geograficamente para o Centro—Sul, onde se afunila o jogo do reconhecimento em arte e literatura. É o velho truque, com que o poder, em todas as suas esferas, se esforça para travar, desde os tempos da Colônia, potencialidades internas que não rezem pela cartilha da dominação, a que deram prosseguimento, primeiro as elites do Império, depois o caudilhismo da República (velha e nova) e, hoje, os enfatuados do neoliberalismo globalizado.
Há alguns dias, respondendo a uma pergunta de Tatiana Lima, em entrevista para o Caderno 2, de A Tarde, a propósito de meu recente livro Mares Anoitecidos (Imago Editora, 2000), que na sua parte inicial tece conjeturas epico-líricas relacionadas com a dramática passagem dos holandeses pela Bahia em 1624—1625, resposta não publicada por limitações de espaço, cifrei idéias batendo em tecla regionalista, ainda um dos pontos nevrálgicos da realidade nacional. Perguntava-me ela, argutamente, “como seria para os brasileiros uma vitória dos holandeses, nas circunstâncias da época?”
Reproduzo aqui literalmente, por sua pertinência, a resposta: “Os poemas não sugerem nem autorizam tal conclusão, apesar do viés de clara simpatia para com os derrotados, um traço de compaixão, que sempre ocorre em tais circunstâncias, através dos tempos, a depender do ânimo dos vencidos. De mim mesmo, considero que, naquele momento, o século XVII, embora ficássemos menos sentimentais, e certo de que nenhuma forma de colonialismo serve, o domínio holandês teria levado o Brasil a um desenvolvimento mais rápido e menos desigual, tomando como exemplo o que os flamengos realizaram depois no Nordeste, que os portugueses praticamente abandonariam, já no século seguinte, ao transferirem a capital da Colônia da Bahia para o Rio de Janeiro. É lícito supor que, com eles, viriam trabalho assalariado, liberdade religiosa e integração com o novo espírito europeu, de que certamente decorreria o livre trânsito de idéias e mercadorias. O atraso econômico nordestino tem, na minha ótica, muito a ver com o desfecho da presença dos holandeses no Brasil do século XVII. Sabendo-se que a vitória é creditada aos espanhóis, parece que o português colonialista tomou raiva do Nordeste.”

Essas considerações e digressões vêm a propósito da leitura de um longo artigo publicado no caderno Mais!, da Folha de S. Paulo (domingo, 23.7.2000), de autoria da conhecida crítica literária e pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa (RJ) Flora Süssekind, com um balanço da produção cultural brasileira, principalmente literária e plástica, do último decênio, em que flagra “uma espécie de variação sistemática de escala”, manifesta tanto em exercícios de expansão e compressão, quanto de narrativização da lírica, de um lado, e de miniaturização narrativa, de outro, e também na retomada de gêneros, em que se destacam o conto mínimo, na prosa de ficção, ou o poema em prosa e a seqüência poética, no campo da lírica, tensões enunciativas e procedimentos esses que “se converteriam em premissas dominantes da experiência literária contemporânea”.

Alongando-se em malha de rigor conceitual que denuncia erudição e competência analítica e expositiva, a escritora flagra variáveis de medição (mais tendente à desmedida) em produtos de atividade artística criativa e, para sustentação de suas teses e argumentos, com incursões inclusive pelo terreno das artes plásticas em voga (Cildo Meireles, Leda Catunda, Eduardo Sued, Afonso Tostes, Nuno Ramos, entre outros), do teatro (José Celso Martinez Corrêa, Gerald Thomas) e do cinema (Eduardo Coutinho), arrola uma série de autores e obras, que ela considera de nítida vigência sobretudo no último decênio, que comprovam as hipóteses de sua pesquisa; em alguns casos nomes já consagrados (Dalton Trevisan, Rubem Fonseca, João Gilberto Noll, Silviano Santiago, Modesto Carone, entre prosadores), enquanto na poesia se alinham, entre tantos sobre os quais se lançam, atualmente, faróis na ansiosa busca de um substituto para João Cabral de Melo Neto, nomes da estatura dos irmãos Campos, Haroldo e Augusto, de José Paulo Paes e Paulo Henriques Brito; em outros casos, nomes que vêm alcançando notoriedade na medida da disponibilidade de espaços cativos em importantes jornais e revistas, e em outros ainda, nomes quase desconhecidos, fora dos círculos de movimentação de greis, corriolas e congregações geracionais e burocráticas. Enfim, abarca um variado campo em que se desdobram miríades de atitudes máximas e mínimas, como sejam a novela e o conto miniaturizado, na prosa, enquanto um movimento inverso de expansão, em substituição aos poemas brevíssimos da década anterior, marca a expressão lírica na poesia, como traço distintivo da produção literária e artística dos últimos anos.

O que fragiliza a brilhante arquitetura do enfoque de Flora Süssekind (não a seriedade e qualidade de suas premissas e argumentos, diga-se) é o vezo que preside à trajetória de sua navegação cultural. A impressão que resulta é que, fora do eixo Rio—São Paulo, daquela estrita chapa geográfica onde fulge e ressoa a cultura brasileira, podendo-se formar um triângulo com a inclusão de Minas Gerais, ou um losango, se a geometria tende a absorver o Rio Grande do Sul, a literatura e a arte do último decênio se resumem ao espaço sobre que incide o intenso brilho daquele sol; o resto é escuridão. Deduz-se que ali ocorrem sucessivos big-bangs, produzindo miríades de astros, cada qual mais luminoso. Parece existir uma linha divisória (uma cortina de ferro, talvez), ao norte da qual não se produz nem se transmite civilização; nada, nada que possa atualmente resultar em paradigma, algo digno de atenção e menção, em matéria de criação e beleza artística.

Sob a designação de “O que ler”, Süssekind lista nada menos que 42 autores e respectivas obras, todos habitantes da iluminada geografia sulina, sendo a única exceção, ao que suponho, o nordestino Ariano Suassuna, com seus Auto da Compadecida e A Pena e a Lei, que jamais poderá ser considerado um autor dos anos 90. E mais: todos editados no Sul, 16 deles pela editora paulista Companhia das Letras (sintomático), ao que se deduz, com tal matemática, que a crítica brasileira só abre sua janela para a um espaço dolorosamente limitado, a denunciar inteiro desconhecimento do que se produz no restante do País, em arte e literatura. Mais grave ainda é o enigma que emerge de tal enfoque, referente a autores e artistas de outras regiões que, vivendo no Rio ou em São Paulo, ali escrevendo ou fazendo arte, publicando ou expondo obras, estão fora da canônica e específica lista, embora de sua vigência cultural ninguém tenha dúvida.

É o caso (só para citar baianos) de escritores, como o indiscutível João Ubaldo Ribeiro, de quem não se podem esquecer os desdobramentos, expandindo-se em refigurações e ressurreições, de personagens em seu consagrado Viva o Povo Brasileiro; de Sonia Coutinho, com a redução não só psicológica como em matéria de extensão de discurso, e variações outras, em contos e novelas; de Marcos Santarrita, cuja ficção reflui a dramaticidade psicológica anterior e se estende com avanços narrativos em clave histórica; de Muniz Sodré, que transfere para o campo da criação literária as sempre menosprezadas simbologias da cultura afro-brasileira, entre outros, que atuam no Centro—Sul, tal como o escultor e gravador Emanuel Araújo, em cuja obra escultórica ocorrem também desdobramentos e reafirmações de elementos simbólicos de decifração e inspiração afro, desde que se mudou para São Paulo, onde hoje dirige a Pinacoteca do Estado. Mesmo os que exercitam uma salubre preocupação com a fama (Antônio Torres) não freqüentam as listas de qualificação e reconhecimento. Trata-se de situação que deve ocorrer com escritores e artistas de outros estados, do Norte—Nordeste e, talvez, do Centro—Oeste, como também outros muitos esquecidos do próprio Centro—Sul e Sul do Brasil, que estão sendo omitidos, a exemplo do Chico Buarque ficcionista (Estorvo).

Parece claro que a tensão enunciativa e a geminação entre econômico e cultural, articuladas com processos centrados na atual crise sistêmica brasileira, intensificadas e disseminadas amplamente, grávidas de agonia intelectual e social, insegurança individual e coletiva, e de outros fatores e causas, até econômicos, a incidirem na poesia, na prosa literária e na obra de escritores e artistas de várias linguagens contemporâneos, através de escalas variadas, não se ausentam da obra de criadores que produzem e publicam fora daquela geografia iluminada, onde residem e agem os que se cobrem de louros e para os quais não se regateiam aplausos, mesmo que de claque.
Não sei o que pode ocorrer em outros estados a Norte—Nordeste, sendo mais apropriado que historiadores de literatura e críticos literários esclareçam, mas será no mínimo uma distração, em relação a criadores regionais, o olímpico desconhecimento de desdobramentos poéticos e ficcionais e de múltiplas figurações e espelhamentos patentes na obra do paraense Vicente Cecim, que durante algum tempo atuou na Bahia. O mesmo acontece em se tratando de autores baianos, de clara vigência no espaço da década, mas ainda habitantes da periferia cultural, tais como os poetas Ruy Espinheira Filho, consagrado lírico, cujos poemas se expandem e se comprimem, em sucessivas escalas de auto-reflexão e escavações na memória de tempo vivido e vivente; o feirense Antônio Brasileiro, voz também lírica, expansiva, mas alheia às inflexões do mercado, que se propaga numa desmedida de acentos enunciativos e proliferação de falas, sugerindo algo a desdobrar-se indefinidamente em idéias e formas; os travamentos discursivos e as minimalizações e rarefações líricas da poesia de outro feirense, Roberval Pereyr; a dicção antilírica e o debochado diálogo com as convenções formais da estética literária, explícitos em sonetos e outras formas poéticas no quase estreante Cajazeira Ramos; o sensual e tenso enunciado lírico feminil com que Myriam Fraga expressa heterogeneidades do ambiente natural e do meio social, de seres e coisas, através de um suceder de imagens enxutas, contritas, permeando versos ou mesmo poemas em prosa, em vestes de crônica. O enraizamento e desenraizamento que povoam a contística do grapiúna Hélio Pólvora, com suas evocações épicas e dramáticas, em registro contínuo de figurações e desfigurações, a desdobrar-se sobre uma tensa realidade social, iluminadas por uma escrita impecável.

Nas artes plásticas, sobressai, entre outras, a caudal urbana da arte pública de Bel Borba, cujas formas invadem espaços, escalam encostas e muros, numa intensa e extensa militância de figurações, com que lirismo juvenil e sátira bem-humorada interferem para neutralizar tumultos e agressividades do trânsito, aparentada com o muralismo escrachante de um Basquiat, um Keith Hearing, um Sigmar Polke, um Julian Schnabel, e outros da grei plástica internacional contemporânea. A arte info-plástico-poética de Juarez Paraíso, descobrindo, redescobrindo e desdobrando visualizações e refigurações e plasmando formas abstratas no espaço virtual. E, de outra parte, mas num mesmo crescendo, que dizer das variações de escalas visuais, restauradoras de tempo, espaço, formas, perfis, gestos e semblantes, que vem já há algum tempo revelando e fixando a arte fotográfica de Mário Cravo Neto, Aristides Alves e Maria Sampaio, em exposições públicas, em álbuns e livros? E do teatro de Paulo Dourado, que retira dos sombrios arquivos da história regional tragédias coletivas e as salva, propagando-as em cenas vivas como um eco das ruas, levadas em praça pública, como o foram a do malogro dos “alfaiates” revolucionários de 1798 e a que exumou para incrédulos olhos urbanos o cru desenlace místico e rural da guerra de Canudos? Tudo isso e muito mais é desmedida, de pensamento e método, mas acontece — infelizmente, neste caso — que todos são baianos, nordestinos, logo periféricos.

Claro que a exposição e as análises de Flora Süssekind possuem mérito, na medida em que, através de um corte sincrônico, procura auscultar o estado geral e o funcionamento de um corpo vivo, mas enfermo, que é a cultura brasileira na atualidade. Não estão em jogo seriedade profissional e capacidade crítica da autora, ambas já de muito agregadas a sua biografia. Os questionamentos se dirigem, sim, para a distorção e o efeito discriminatório de tal método de exclusão, que compromete seu enfoque, assemelhando-o ao de certos organizadores de antologias nacionais de poesia ou prosa de ficção, ou de salões e bienais de artes plásticas, que selecionam nomes e obras sem verdadeiramente estarem a par da real produção cultural dos estados envolvidos, desinformação que, no mínimo, desmerece a função crítica. Süssekind, nesse ponto, apenas segue uma ignominiosa tradição, mas ela própria atesta sinceridade, sugerindo apenas suposição e tráfego em campo incerto, pantanoso, ao iniciar seu texto com a palavra “talvez”, o que lhe fornece um álibi de exercício prospectivo.

Há de se reconhecer, no entanto, que tal discriminação perdura não apenas devido ao olhar vesgo da crítica, mas também em certa medida pelo sorrateiro desempenho de uma espécie de quinta-colunismo instalado nas regiões, que corrobora com tais atitudes e métodos nacionalmente perniciosos, contribuindo para reforçar o preconceito e a desigualdade, simplesmente em busca de obter um lugar, mínimo que seja, debaixo daquele ofuscante sol, na dessolidarizante filosofia do salve-se-quem-puder, tão velha como as portas de Tebas. E de sua contraface, o tenebroso silêncio que se estabelece em torno de livros, aqui publicados anualmente, e são hoje muitos.

Sei que os juízos alinhavados acima correm o risco de ser encarados como expressões de ressentimento, bairrismo ou provincianismo, como sói acontecer estrategicamente no plano da cultura nacional. Que seja, mas já é chegada a hora de se dar um sonoro BASTA! a essa postura zarolha.

Florisvaldo Mattos é poeta, ensaísta, crítico de arte e de literatura, jornalista, editor de A Tarde Cultural, professor da UFBA, membro da Academia de Letras da Bahia.
Comentário de Claudio Willer
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Sensacional Peleja:
Poetas do Rio-SP e o resto
Dos leitores:

Soares Feitosa
jpoesia@secrel.com.br

Do caipirato:
endo & exo

  O termo caipira é recente aqui nestas brenhas, Nordeste do Brasil. Incorporamo-lo, à força da TV, mas dizíamos matuto, tabaréu, beradeiro, bicho do mato, em oposição ao civilizado, o praciano. Ofensa grave, muitas mortes até, chamar matuto a um praciano da cidade; pior se cidade grande fosse; imperdoável mesmo, se da Corte. 

            Havia regras, acho que ainda há, como se fosse de um manual de sobrevivência, para reconhecer, a léguas de distância, um matuto e fugir dele como o cão foge da cruz. Mode, prumode, istrudia, apois, cuma e outros que tais diziam-nos do grau e da incurabilidade da fera braba. Se dichesse "prodijica" em lugar de prejudica, ah, minhas senhoras, podia matar: era bicho como bicho e com bicho nos coiros.

  Hoje, praciano eu sou, mas, vez por outra, me descuido e desaprego um istrudia em meio a uma roda culta. Imediato, me refaço, sapeco-lhes um in illo tempore, raspo a garganta... "outro dia, como eu ia contando, etc e tal", e a platéia estarrecida.

            Civilizado mas nem tanto, percebo que o caipirato tem duas vertentes, aliás, três. A verdadeira, lá de dentro das brenhas, o pessoal bem quietinho, donde sou, quando a maior novidade eram os ambulantes, os "sírios", suas miçangas e sedas lustrosas, tudo coisa muito bonita de ver e de alisar. Dizem até que tem esse bicho na versão paulista; que eles dizem cainêRRRRRo em vez do nosso carneiro, aqui de erre arrastado, doce, manso, lento e bom de assar para comer com pirão de jerimum.

            Além do caipirato de modelo tradicional, digo-lhes que há outros dois: o caipira da Corte, para quem o mundo se resume à Corte (ou, um pouco além, a outra Corte (SP); e um pouco mais longe, a Miami ou Paris). É o caipira endo, ou endocaipira. 

           O exo- seria o caipira da província, para quem só existe a Corte. Ambos, exo- e endo-, perigosíssimos.

             Falam num quarto grupo do caipirato: o exo-endocaipira para quem só existe o mato e mais nada. Gente que nunca levou uma ferroada de lacrau, nem jamais deu uma carreira com medo da onça-da-mão-torta. Seriam os tais ecologistas da Corte. 

Dois troféus 

            O Jornal de Poesia está lançando um prêmio, aliás, dois, a contemplar os caipiraços exo- e endo-. Os exo-, dentre eles o que mais se destacar, ganhará um passeio ao Ceará, no navio Itapagé, na terceira classe, com direito a afundamento pelos submarinos do caisalamão — perguntem ao Suassuna o que diabo é caisalamão. 

            Os endos-, dentre eles o primeiro, ganhará um rico presente: um uru e chapéu, ricamente fabricados em Sobral com palha de carnaúba, e ainda um par de apragatas de couro de bode, com o rastro desenhado para trás, à moda cangaceiro, para indicar que o premiado estaria a viajar no rumo oposto.

            Obviamente, os premiados serão escolhidos por uma comissão de endo-exonotáveis. Abrem-se, neste instante, as sugestões ao nome de cada um dos prêmios, bem como dos candidatos:

Caipirato endo: [da Corte para a(s) Corte(s)]

  1. O artigo da escritora Flora Sussekind, acima
  2. Os artigos do Mainardi comprovando que nunca existiu vida inteligente, no Brasil, além da Corte Rio-SP


Caipirato exo: [da província para a Corte]

  1. Cultura baiana: Derek Walcot veio ao Brasil em 1996 e a Bahia (negra,  branca ou mouriscada) não tomou conhecimento, porque naquele momento, "exos", só tomavam conhecimento do que os da Corte produziam. 
  2. Cultura cearense: Alberto da Costa Silva, infância no Ceará, os melhores poemas — na opinião deste escriba, os sobre a infância —,  recém-eleito para ABL, e nenhuma linha nos jornais daqui além da simples colagem da notícia das agências especializadas. A disputa está entre os jornais O Povo e Diário do Nordeste.
  3. Artigo de Manoel Ricardo de Lima, elogiando os livros editados no eixo Rio-SP
          Com a palavra (e voto) os caros leitores do JP:  em@il
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Sensacional Peleja:
Poetas do Rio-SP e o resto
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Cláudio Willer
<cjwiller@uol.com.br>


          Caro SF 

          Artigos longos merecem comentários breves. E minhas restrições a esse texto de Flora são metodológicas, pois acho que, nele, é retratado o grau de confusão a que chegou nossa crítica literária. O tema provincianismo em literatura e distorções regionais, como bem aponta Floriano, vai longe, é infinito. Salões literários parisienses são provincianos. Portanto, ficamos apenas com as observações que eu já havia formulado (acabei acrescentando algo):

           O artigo de Flora aponta como específicos dos anos 90 modos de escrever, temas, estilos, de autores e respectivas tendências que já vinham produzindo, e escrevendo desse modo, há tempos, alguns desde os anos 60. Comparações com artes plásticas, do modo como ela faz, são superficiais, e ignoram a crise de crítica, mercado e valores nesse campo. De um modo ou de outro, obras e autores que ela considera representativos conteriam alguma crítica da economia globalizada. Os que ela trata depreciativamente, de Rubem Fonseca a Paulo Coelho,  estariam obedecendo às regras de mercado da economia globalizada.

          Isso é reducionismo. Além disso, Brasil está inserido em economia globalizada faz tempo, como o demonstra o impacto da crise de 29 sobre nossa base econômica e as consequências disso (ascensão do getulismo, etc). Relação entre literatura e globalização como algo novo, com esse mundo resultante da integração dos mercados financeiros e do fim das economias de planejamento central, isso é algo que valeria a pena pesquisar na literatura dos anos 90 da Ucrânia ou Geórgia.

          Um abraço, Willer
 

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Sensacional Peleja:
Poetas do Rio-SP e o resto
Dos leitores:

R. Leontino Filho
r.leontino@ig.com.br


Amigo SF,

       Muito bom o seu texto DO CAIPIRATO: ENDO & EXO. Sua verve vai fundo nas questões, sua ironia é bem colocada. Na verdade, a busca de um sucessor para João Cabral de Melo Neto, perde-se no próprio vazio daqueles que se propõem a eleger tal sucessor, esquecem - todos eles - que a poesia não é um reino que precsia de um senhor. Só por esse 'pequenino aspecto', já iniciam o seu rosário de bobagens. 

       Mais bobagens: a tola e vazia discussão da arte feita no eixo rio-são paulo, a arte (a poesia) passeia indiferente dos lugares, quanto mais de eixos. Mais uma vez, parabéns pela lucidez e pela beleza do texto

                                       Do amigo e admirador

                                                         R. LEONTINO FILHO 

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Sensacional Peleja:
Poetas do Rio-SP e o resto
Dos leitores:

Vera Queiroz
<arepo@tropicalbr.com.br>

Subject: 
            Re: riso e siso
       Date: 
            Fri, 25 Aug 2000 20:45:18 -0300
      From: 
            "vera queiroz" <arepo@tropicalbr.com.br>
        To: 
            "SF - Soares Feitosa - Jornal de Poesia" <jpoesia@secrel.com.br>

            Feitosa, querido, tenho de te de escrever pra dizer que ri muito   com os textos sobre a lista dos 20 poetas...::)) com 2 anos de atraso, hélas, li aquela esbórnia relatada por vc e me senti ali na pândega, numa roda de bar discutindo quem era o maior... mas fiquei na dúvida se eu poderia ali estar, era um grupo 'macho' pra caramba, luluzinha teria vez? 

            Também li a Flora, as respostas à Flora, as províncias & as cortes e esse pano tem mangas largas, mas discordo de vc, não tem jeito não, caro amigo, Rio e São Paulo são centros irradiadores de cultura - nada como uma provocaçãozinha....::)) -, ou por que razão vc acha que todos os baianos vêm para o Rio se lançar como cantores e virar yuppies? Aqui é a grande boca, e isso tem a ver, como todos sabemos, com a economia, com o 'vil metal' e com outras cositas. 

            Achei o artigo do Florisvaldo uma perda de oportunidade para colocar no JP não apenas os nomes, mas a apresentação, a consistência, o quem é quem dos autores que ele cita, na carona que ele pega do texto, denso e sofisticado, sim, da Flora. Ou seja, o papo meio que ressentido não tem jeito de funcionar, mas funciona o trabalho, a análise, o escrever e divulgar aquele é bom, dizendo por que é bom, etc... 

            Agora, a grande vingança do NE é que o Jornal de Poesia é o que há realmente de existente, de fecundo e de enorme [em tamanho e qualidade] a respeito da poesia, tout court, hoje no Brasil. 

            Outro palpitante tema que vai abalar o JP: vc sabe que a editora Objetiva está organizando um volume dos cem melhores poemas do século, isso saiu no jornal. Como a lista da Biblioteca Nacional gerou tão acaloradas discussões, e poesia é vespeiro puro, já vejo outro encontro da galera do JP furibunda porque tantos X e Y não estão na lista... 

            Beijo grande pra você, e que o JP tenha vida longuíssima... [às vezes tenho pesadelos de que  vc vai se render ao capital e não demora vai vender esse site por milhões de dólares e nos abandonar... ::)) 

                                           vera queiroz 

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