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Emílio Burlamaqui
Sobre a poesia
de Soares Feitosa
Um primeiro escrito
Caro poeta SF
Em mãos os poemas Habitação e Architectura,
ambos do mais assinalado valor.
A Sra. Fabião, em transatlânticas
observações, disse tudo. Ela mesma poeta — sua prosa plena de
iluminuras. E oleira, posto que sabe que barro se alisa com os dedos
molhados.
Depois da lusitana Maria Alice, pouco me
restaria a comentar. Como ela, fiquei pasmo com o magnífico "só os
pássaros"!
A beleza foi a moradora primeira das duas
vivendas.
O encontro de dedos (desta vez feito sobre
o oceano), Michelangelo chegou a esboçar na Capela Sistina. Mas lá,
não chegaram a se tocar — jamais o farão.
Parabéns, Poeta grande; cumprimentos à Sra
Fabião e o abraço do
Emílio Burlamaqui.
Um segundo escrito
Como o Millôr, também fiquei pasmo com
essa reinvenção da poesia. Seria reinvenção, ou seria a própria
Poesia "en traje de luces"? Poeta e Poesia — enigma do qual não ouso
me acercar. Trazer a amplitude infinita do sonho para o parco código
das palavras e lançá-las em ação por meio da poesia, eis a arte que
só os iniciados, poucos, dominam. Feitosa é um deles!
Um terceiro escrito
Fortaleza, 7 abr 97
Grão-poeta Soares Feitosa,
Em bilhete anterior havia adjetivado seus
versos como trescalantes.
Pois não é que chega, diretamente de sua
generosidade, livro seu com a essência da poesia larga e portentosa
e o incenso do sertão nosso!
Versos que nos alçam à esfera em expansão
da fantasia! Sortilégio da imburana de cheiro nos trasladando a uma
infância dormida, porém viva, que súbito veio à tona.
Pela conjunção mágica de sonho e de mirra,
muito feliz e
reconhecido
Emílio
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