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Fabrício Marques 

Poussin, Venus Presenting  Arms to Aeneas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Admiration Maternelle

 

John William Godward (British, 1861-1922),  A Classical Beauty

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

Fabrício Marques


 

A volta do sátiro multimídia

 

Videodocumentário e relançamento
da obra completa de Sebastião
Nunes colocam em evidência o autor
e artista gráfico mineiro


 

Omar Freire/"O Tempo"

 

 

 

 

 

 

 

 

Sebastião Nunes, 62,
exibe instalação que
embalava seu
"Décalogo da Classe
Média", de 98


 

FABRÍCIO MARQUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
(Folha de São Paulo, 16.12.2000)

 

 

Em um dos mais antigos povoados das Minas Gerais, Sabará (a 25 km de Belo Horizonte), vive o provocador artista plástico e escritor Sebastião Nunes, 62, num sobrado de estilo colonial.

Tendo merecido a atenção de autores como Sérgio Sant'Anna e dos críticos Silviano Santiago e Flora Sussekind, o "ex-poeta" (Nunes deixou o gênero em 88 por achar que, depois dos 50, o poeta "fica de miolo mole") pode agora alcançar um público maior.

Ele é o tema do documentário "Tião Nunes in Provocaçam", lançado na próxima quarta, dia 20, na sala Humberto Mauro, em BH. Também está tendo toda sua obra relançada pela editora Altana, após passar a vida à margem das grandes editoras.

Essa revisão, que se completará no ano que vem, começou em junho, com "História do Brasil". Agora é a vez do recém-lançado "Somos Todos Assassinos".

A movimentação em torno do escritor não se limita a esses eventos. Ele mesmo investe no projeto de um média-metragem, com criações poéticas. Já produziu oito minutos, com 16 animações. O grupo musical Tão e Qual, do também escritor André Sant'Anna, cuida da trilha sonora.

"Não quero nada cheio de efeitos, mas apenas animar meus poemas, recriá-los em outro meio, de público mais amplo."

Outra atividade que ocupa o seu tempo são as histórias para crianças, que começou a escrever em 96 -motivado pela "liberdade poética" do sonho de uma das filhas, Tetê, em que um velho dizia: "Ontem em dia passam muitos bebês dirigindo carros nessa rua".

De lá para cá, escreveu, diagramou e ilustrou ao menos 20 infantis, sob o codinome de Sebastião Nuvens, muitos ainda inéditos. Por conta disso, fundou em 99, com amigos, a editora Dubolsinho, irmã caçula da Dubolso, que abriga seus títulos "adultos".

Produção tamanha contrasta com o "atoísmo", filosofia de cunho dadaísta que criou em temporada no Rio, em 71. "Via filmes de graça no MAM, batia perna nas praias, visitava galerias, ia à casa de amigos filar comida e bebida, enfim, uma fase meio hippie."

Ex-publicitário, Sebastião Nunes é crítico feroz também dos ex-colegas, membros efetivos dos inclames (ou indivíduos classe média) a quem dedicou "Decálogo da Classe Média", de 98.

Sempre sonhou em trabalhar com literatura. "O atoísmo tem a ver com essa necessidade de tempo ocioso para pensar, ler, escrever. Trabalhar desse modo sempre foi uma necessidade vital." Costuma dizer que não escreve por vocação, mas por necessidade. "Sem a necessidade visceral de fugir ao absurdo que é nascer, trabalhar e morrer sem deixar rastros, nada de bom é feito", afirma.
 

 

 

 

 

29/06/2005