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Mariza Penchel D'Aparecida

mpenchel@task.com.br


Soares, 

O que você escreve é maravilhoso e sutil! Caminhando, faz-nos também caminhar pela vida. A sua, autor, que nos transmite tanta beleza e pureza. Também a nossa. Das palhas, extrai-se a simplicidade, onde está guardado o segredo e a preciosidade da vida. E isto não se rouba. Aprende-se. Por isto, talvez, não se importou, você Soares Feitosa, com o milho em outra panela. No frigir dos ovos, ou da canjicada, ou dos coelhos, ou dos livros, da aurora ao crepúsculo, a beleza da vida é divina, tão bem retratada pela obra de William Bouguereau, apesar da redoma, dos véus e dos panos que encobrem ou desnudam nossos personagens, assumidos no decorrer de nossas vidas, tão inerentes à vida na liberdade do arbítrio, mas de cuja essência divina não nos afastamos: o da criação.

A feira geral que descreveu com tanta realidade, transportou-me à feira de São Cristóvão no Rio de Janeiro, efervescente, onde, quando vou, compro queijo qualho. Feira geral, que vira o dia, vira noite e amanhece. Encontro de nordestinos. Só termina dia seguinte, dia já alto, mesmo assim, só se não mais tiver fôlego, ou melhor pé, pro arrasta forró. Contagia. Como contagia o que você escreve, e que me inspirou a escrever:

 

Feira da vida

O ferver efervescente,

Mercado de opções

Mercados gerais que não param,

Sempre girando, girando,

Fervendo de coisa e gente.

Circunstâncias do oportuno,

Conveniência, mutável,

Experiência e essência,

Retrato do negativo

Que retrata o positivo,

Dualidade do ser,

Do provável improvável,

Congruência, incongruência

Que tangencia o ser.

Feira, arena,

Bem ou mal,

Consciência inconsciente

Perfeita imperfeição,

Fragilidade, vigor,

Medo, coragem, incerteza,

Conhecido, desconhecido

Colorido, incolor,

Hidrogênio, oxigênio

Da água que arde o fogo,

Antídoto e do veneno,

Aurora, Pudor, pureza.,

Beleza da criação,

Crepúsculo que a desnuda,

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No arbítrio aprisiona

Personagens de nós mesmos,

Ora sapo, ora cobra,

Antítese da criação.

Que mancha o véu da beleza

Substrato abstrato

Que toureia e devaneia,

Que meio às palhas encontra

O precioso de ser.

BH, 14/11/2003, Mariza.

 

 

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Paulo Rosenbaum

 

Sent: Friday, October 10, 2003 1:17 AM
Subject: Dos sapos e dos livros


Amigo Feitosa,

Como sempre competência e precisão, sem mácula da consistência poética. 

Não adianta comparar: é estilo muito seu, singularidade expressa. Denota independência e arrojo.

Parabéns,

Paulo Rosenbaum



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Sandra Regina Sanchez Baldessin

 

Sent: Sunday, October 12, 2003 12:42 PM
Subject: sapos, cobras, touros e ...

 

Oi Poeta, saudade de você!, como você está?

Acabei de ler o seu "juízo quentim "; é como já lhe disse outras vezes: você tem um jeito penetrante de dizer as coisas, talvez, porque você se diz naquilo que escreve. Autor e personagem de si mesmo, você segue escrevivendo a sua e a nossa história. A história do que fazemosRegina Sandra Baldessin para 'tourear' os nossos medos, para encantar a serpente, para responder ao juízo do fogo; ou, como diria Deus a Jó: "Cinge agora os teus lombos como homem, eu te perguntarei e tu me responderás."

Enquanto sapo, já andei bailando com muita serpente; enquanto touro, já li minha sentença na dança do pano vermelho; enquanto poeta, sigo cheia de incertezas, prefiro continuar contraindo dúvidas....

Um beijo e todo meu carinho para você.

Sandra


 

 
 

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Anderson Braga Horta

 

Sent: Sunday, October 12, 2003 3:22 PM
Subject: Cobras e lagartos

           Meu caro Soares Feitosa
 Anderson Braga Horta

 Você, mágico-poeta, tirando da cartola coelhos, livros e, de quebra, um sapo e uma cobra, com esses ingredientes nos deu, mais que um belo espetáculo, uma crônica de primeira.

Furtaram-lhe o milho, que fazer? mas ainda bem que o combustível da poesia é feito também de ausências, da falta, tanto ou mais que de coisas conseguidas.

Valeu!

         Grande abraço de

                          Anderson.


 

 
 

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Maria Helena Neri Garcez

 

Sent: Sunday, October 12, 2003 6:13 PM

Subject: Livros magros, sapo cururu e cobra absoluta


Meu caro Soares Feitosa,
 

Só agora, fim de domingo, abri esta maquineta e encontrei o seu mundo!  

Primeira coisa: livros de poesia presentemente são magros porque os preços são gordos. Poeta que não tem estrela - mesmo que sejaMaria Helena Nery Garcez estrela - financia seu livro. Se o engorda, está perdido.

Sapo cururu em redoma? e ainda mais com cobra? E não houve quem quebrasse a redoma e livrasse o cururuzinho daquele horror? Não teria sido uma boa pegar o tal do homem do ônibus velho e colocar a ele lá dentro, junto com a cobra? Já pensou na alegria do cururu, ali, de fora da redoma, vendo o cara a tourear a cobra e ele ali a rir, a rir às gargalhadas, deixando à mostra o encarnado da goela? 

Sou do dia da caça sem dia do caçador!!! Sou do dia do touro! Sempre! Quem manda aqueles basofeiros precisarem provar para si e para o mundo que podem ganhar de um touro? Chifrada neles, touros! Enviem-nos ao espaço sideral! O universo ficará mais bonito com todo aquele brocado girando feito satélites nas suas barroquices!... 

Alguém que me ler, por favor, envie a sugestão para a Nasa! Estou certa de que os lançamentos sairão mais baratos e o Bush conseguirá reerguer a economia do país. 

 

Maria Helena Nery Garcez


 

 
 

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Valdir Rocha

 

From: Valdir Rocha
Sent: Monday, October 13, 2003 10:01 AM
Subject: Dos Sapos e dos Livros, Três pequenos enigmas

 

Feitosa caríssimo,

Antes de desconfiar, já tinha certeza de sua vocação para Esfinge.

Sei, sem medo de errar, as respostas para suas questões de alta indagação. Não direi quais.

Tem mais: sei perguntas para as quais não há respostas. Quais são?

Devore-se.

Abraços,

Valdir Rocha


 

 
 

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Fagundes de Oliveira

 

Sent: Monday, October 13, 2003 5:29 PM
Subject: Dos Sapos e dos Livros, Três pequenos enigmas

Meu caro Soares Feitosa,

Por motivo de viagem estive ausente do meu espaço de leitura. E sei lá mais do quê...

Acabo de abrir as portas do universo digital e ouço (é verdade que ouvi) a sua determinante inteligência ditando ensaios do pensamento e da palavra.

É sempre bom quando, neste mundão de Meus Deus, alcançamos deter a sede de leituras gostosas, escritas no alinhamento da vocação literária, por quem gosta e sabe e pode e quer e realiza.

Obrigado pela caminhada amiga do sapo e da cobra, entendimento de que a sociedade somente não comunga do bem porque lhe falta vocação. 

O abraço da verdade com a imaginação criativa fortalece o sentido do existir. Quer queiram, quer não os imbecis, este caminho tem ida... e volta, sim. 

No meu canto de vivência literária estou fortalecido pela energia benfazeja da leitura cometida.

Valeu muito. Porque entendo que mereço, continuo cobrando a sapiência do mestre. 

Deste aconchego de Brasília, meu abraço para você, lembrando sempre de que devo genufletir-me em regozijo ao mestre e amigo.

Fraternalmente,

Fagundes de Oliveira


 

 

 
 

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Luiz Paulo Santana

 

Sent: Tuesday, October 14, 2003 2:01 AM
Subject: Labirintos

Querido Vate:

Adentrei o labirinto com entusiasmo. Tanto, que fui parar às folhas outras, perdido. E ainda não saí. Taí o resultado:

Lector in fabula (Eco)

É uma vez um homem que, diante dos livros nas estantes, horroriza-se em puxar um deles, e quando o faz, nega-se a abri-lo.

É uma vez outro homem que, muito os abria e, se por mais não for, passa a furtá-los.

É uma vez um homem que colecionava bichos sob redomas, num velho ônibus tornado em museu. Debaixo de uma redoma, juntos, a cobra e o sapo. O sapo, quem "sape", quieto; a cobra em estardalhaço.

É uma vez outro homem que tinha olhos de lince. A tudo olhava por dentro, por fora dava outras cores. Arrematou milho verde na feira por onde olhava. Viu por debaixo da palha. Aos bichos sob as redomas foi perscrutar-lhes a alma. Contentou-lhes sapo e cobra, antítese contraditória. Juntos, sob a redoma.

É uma vez um homem quem vagasse por ali, procurasse ao pé do então, os esquecidos atilhos. Olhos de lince não viram. Achados num outro chão.

E agora, como se explica?

("......resposta de fogo, se é que existe

como ousá-la....?") (Soares)

Toureando-se a pergunta, que a resposta, outro touro em sucessão?

Predileção pessoal ou conspiração de forças? (Adail)

"Que é a verdade?" (Pilatos)

"Há respostas que talvez jamais nos sejam dadas. E isso, para nossa proteção". (J. Romero Antonialli, segundo comentário sobre o poema "Penúltimo Canto, variação nº. 1, a dúvida".

Enigmas.

LPSantana


 

 
 

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Ricardo Alfaya

 

Sent: Sunday, October 19, 2003 8:00 PM
Subject: Dos sapos e dos livros

Caro Soares,

Desculpe a demora, estou cuidando de muitas coisas ao mesmo tempo, então há momentos em que os assuntos se embolam completamente.

Verifiquei a página do José Geraldo Neres, com a respectiva resenha que lhe fiz, ficou tudo muito belo.

Li também o texto solicitado, nele há um revezamento mágico de coelho, com sapo, obra com cobra, num jogo de tangências, de aproximação e afastamento. Há ainda um exercício de colagem de cenas da memória com textos que lhe chegaram, com o qual constrói o tríptico sobre os três enigmas narrados. Em minha interpretação,  os  enigmas caminham na direção de um outro de maior gravidade e universalidade, que diz respeito à questão do relacionamento verdade/ficção, talvez a questão maior que tenha motivado todo o texto. Como sempre, uma arquitetura deveras singular, como aqual vai cada vez mais caracterizando seu estilo.

Desses museus naturais ambulantes de que você fala, recordo-me de ter visto um ainda criança, numa praça em Belo Horizonte, quando passava as férias por lá. Nunca pensei que aquela visita ao bizarro ambiente alguma vez me pudesse vir a ser útil, mas acho que o foi agora, muitas e muitas décadas depois, para ajudar-me a visualizar melhor o ambiente que em que transcorre parte de sua crônica.

Fico contente que tenha recebido o livro. Fico então no aguardo de um comentário seu a respeito.

Um grande abraço,

Ricardo Alfaya



 
 

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Aurora, William Bouguereau (French, 1825-1905)

 

 

 

 

Crepúsculo, William Bouguereau (French, 1825-1905)