Maria Helena Nery Garcez
Maria Helena Nery Garcez, por ela mesma:
Não sei se feliz ou se infelizmente... sou paulista e
paulistana há já alguns bons anos. Muito de minha criação literária
está marcada por esta circunstância espacial.
Meu pai era do Vale do Paraíba, de Queluz e de Cruzeiro, e minha
mãe, filha de imigrantes italianos, de Itatiba, interior de São
Paulo. Com o pai aprendi, não por palavras mas por sua vida, a amar
a natureza, os animais, as coisas simples, a comida caseira, os
doces das fazendas, o cafezinho, a atravessar as ruas da cidade
grande, o gosto de por ela perambular e um certo tipo de humor ...
Minha mãe, embora não romântica em sua vida prática, gostava de
recitar poemas que aprendera de cor quando estudara no Ginásio Culto
à Ciência de Campinas... E foi ouvindo o episódio da linda Inês
posta em sossego e outros, sonetos camonianos e muitos trechos de
prosa, brasileiros, tais como o de Joaquim Manuel de Macedo evocando
a sua Vila de Itaboraí, que, subliminarmente, fui aprendendo a amar
poesia e prosa. Não romântica na vida prática, a minha mãe, mas, ao
fim e ao cabo, romântica.
Orgulho-me de ter estudado sempre em escola pública, do Grupo
Escolar à Universidade. Na escola pública do tempo em que se
procurava que o povo tivesse, de fato, acesso ao saber. Fiz o Curso
de Letras Neolatinas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo, onde também fiz o Mestrado em
Literatura Francesa, o Doutorado em Literatura Portuguesa sobre o
romance da década de 60 e a Livre-Docência acerca da poesia do
heterônimo pessoano Alberto Caeiro.
Exerço a docência na Graduação e na Pós-Graduação na mesma Faculdade
em que estudei e realizei toda minha vida acadêmica, centrando-me
principalmente na Literatura Portuguesa e na Comparada, e continuo
tentando fazê-lo com vibração e entusiasmo, embora as condições de
trabalho não sejam nada favoráveis.
Meus trabalhos de pesquisa têm-se desenvolvido nos seguintes
âmbitos:
1º - o estudo do gênero épico, na Antiguidade, na Renascença
e na época Moderna, privilegiando a análise do diálogo entre Luís de
Camões e Fernando Pessoa;
2º - a Crônica de Viagem dos séculos XV e XVI em Portugal e
seus prolongamentos modernos, privilegiando Luís de Camões, Fernão
Mendes Pinto, Pero Vaz de Caminha, Pero de Magalhães Gândavo, Fernão
Cardim e, no século XX, fundamentalmente, a figura de Vitorino
Nemésio em suas relações com o Brasil mas não só;
3º - a poesia e a prosa de Vitorino Nemésio, sobre cuja obra
coordeno um grupo de estudos, constituído de pós-graduandos,
pós-doutorandos e professores universitários;
4º - a chamada “ modernidade” portuguesa, desde poetas
simbolistas como António Nobre e Camilo Pessanha quanto autores do
grupo Orpheu, mormente Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro;
5º - o estudo da estética de Luigi Pareyson e de seu
pensamento filosófico acerca da leitura e interpretação, pensamento
fundador da moderna hermenêutica. Coordeno um grupo de trabalho
acerca da obra de Luigi Pareyson.
Sobre minhas Publicações, informo que tenho tratado em muitos
artigos os itens acima relacionados e que aqueles que se
interessarem em conhecê-los, poderão consultar o meu Curriculum
Lattes, no site do CNPq ou também visitar o site da Universidade de
São Paulo. [Nov.2001]
Quanto a livros, publiquei:
ENSAIOS
-
Alberto Caeiro/
“Descobridor da Natureza”?, Porto, Centro de Estudos Pessoanos,
1985.
-
Trilhas em Fernando
Pessoa e em Mário de Sá-Carneiro. São Paulo, Editora Moraes e
Editora da Universidade de São Paulo, 1989.
-
O Tabuleiro Antigo
(Uma Leitura do Heterônimo Ricardo Reis). São Paulo, Editora da
Universidade de São Paulo, 1990.
CRIAÇÃO LITERÁRIA
-
Conta-Gotas.São
Paulo, Editora Scortecci, 1987. (Poesia)
-
Telhado de Vidro.
São Paulo, Editora Scortecci, 1988. (Poesia)
-
Em Trânsito.
São Paulo, Editora Giordano, 1997. (Monólogo)
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