Cláudio Willer
cjwiller@uol.com.br
Caro SF:
Graieb, autor da matéria, publicou outras mais substanciosas, quando
estava no Estadão. Isso reforça minha impressão de
que a política editorial, nas revistas semanais, é dar tratamento
banal, bem ligeiro, à literatura, em comparação
aos cadernos da imprensa diária. E não é de hoje:
basta lembrar, na mesma Veja, duas décadas atrás, Chico Alvim
retratado como "princípe dos poetas marginais". Muita gente boa
parou de colaborar em revistas e saiu reclamando por causa da superficialidade,
das gracinhas e ditadura do copidesque. Entre outros, José Paulo
Paes.
Os três grupos ou tendências examinados em Veja mereceriam
até um tratamento melhor (poetas são examinados como periferia
lunática, minoria excêntrica, reduto do quixotismo). O problema
são as omissões. A revista Azougue é mencionada,
mas não são comentadas Medusa, Monturo e tantas outras.
Nem essa explosão de sites, Jornal de Poesia, Blocos, Pop Box...
Já que foi comentada a antologia de Heloísa, tinham que ser,
no mínimo, Outras Praias e Nothing that the sun... Em um provincianismo
às avessas, fica parecendo que só há poetas e grupos
de poetas no Rio.
A agitação literária em SP, com as leituras, os poetas
ligados à Nanquim, nada??? Não existem? E a equivalente
movimentação no Paraná, no Ceará, em Minas,
em...? E essa bobagem sobre poesia vender pouco? Prosa também vende
pouco, normalmente. A quantidade de poetas lançados por editoras
como Topbooks, Record, etc, aumentou. E Fernando Pessoa não vendeu
quase nada, em vida, mas o que ele fez é constitutivo do nosso modo
de escrever e até de falar e enxergar a realidade, direta ou indiretamente.
Desse jeito, fica parecendo que meia dúzia de gatos pingados está
sendo publicada. Justifica o que venho reclamando: que há muita
gente, hoje, escrevendo, e escrevendo bem, sem que isso seja adequadamente
noticiado, comentado, resenhado, criticado. O leitor desavisado, comparando
Veja
e as matérias sobre a edição de julho, do mesmo mês,
da revista Cult, ficaria com a impressão de que se trata
de literaturas de dois países diferentes. O país retratado
por Cult é bem melhor do que o de Veja. E mais assemelhado
à realidade.Agora, quanto à Veja, o que mais criticaria é
terem fugido à discussão. Receberam cartas reclamando dessa
matéria, mas não as deram, não tomaram conhecimento.
Tinham que ter um ombudsman, um departamento de reclamações
como o da Folha e outros jornais, para dar as devidas explicações
sobre essa fuga da reta.
_______________________
Fonte - email ao JP,
jul/99
Fernando Paixão
O que essa matéria fez, na minha opinião, foi tratar a inquietação
poética das novas gerações como uma novelinha de personagens
intriguentos, cada grupo com a sua "mania". É comum a revista Veja
tratar determinados assuntos – sobretudo os de cultura - com o poder de
legislar, ora colocando determinado autor/evento nas alturas, ora depreciando
o que vem obtendo sucesso. Faz parte da necessidade de afirmação
da imagem de uma revista semanal e de massa. Não interessada em
digerir para os seus leitores um assunto tão restrito quanto esse,
eles acharam por bem ridicularizar os poetas. Mas hoje essa matéria
já está embrulhando peixe. Não esqueçamos que
os modernistas brasileiros - e não apenas os brasileiros – também
tiveram esse mesmo tratamento desmoralizador. Essa é apenas uma
batalha da guerra.
Ademir
Assunção
<adeassuncao@uol.com.br>
Para:
SF - Soares Feitosa,
Jornal de Poesia" <jpoesia@secrel.com.br>
Olá Soares: como andas tu?
Agradeço muito pela entrevista no teu site. .
Quanto à matéria do Graieb, tudo o que tenho a dizer é
que aquilo não vale um cocô de gato.
Abração
Ademir
Assunto:
sobre a matéria de Carlos Graieb que deu na Veja sobre a poesia
brasileira
Data:
Wed, 3 Nov 1999 21:54:52 -0200
De:
"Elaine Pauvolid" <pauvolid@olimpo.com.br>
Para:
<jpoesia@secrel.com.br>
Amigos,
a questão não
me parece restrita ao contra ou a favor a respeito do que escreveu o colunista
CG sobre o insosso estado da poesia brasileira.
Prefiro pensar: precisamos
ser todos João Cabral ou Drummond? Precisamos ser geniais
como eles? Ou queremos escrever nossos versos? Ganha-se mais pensando
na poesia do que analisando o nível de genialidade que se alcança
a cada rima. Por isso, leio o que CG escreveu com a consciência
clara de que só mais tarde os que escrevem hoje poderão ser
apontados como grandes ou pequenos e que não é possível
que CG não consiga ver quanta gente boa
anda escrevendo poesia de
qualidade num país onde a grande maioria possui acesso limitadíssimo
à cultura, quando possui.
Saudações
poéticas!
Elaine Pauvolid
Página inicial do
1º artigo de Graieb
Graieb
diz que os críticos escrevem bobagens
Graieb ataca novamente
Página
principal do JP
Página inicial das fofocas & maldades
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