Henrique Marques Samyn
Bio-bibliografia
Henrique Marques Samyn nasceu em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, em 1980. Criado na Praça Seca, na zona oeste carioca, teve o primeiro contato com a literatura frequentando bibliotecas públicas da região. Aos 17 anos, ingressou no curso de Filosofia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Na mesma instituição, bacharelou-se também em Letras e obteve os títulos de mestre em Filosofia Moderna e em Psicologia Social; e o título de Doutor em Literatura Comparada.
Como pesquisador acadêmico e intelectual negro, Henrique Marques Samyn é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde leciona na graduação e na pós-graduação, também atuando junto a diversas outras instituições brasileiras e estrangeiras. Suas pesquisas estão voltadas ao estudo de poéticas negras e à representação literária de corpos racializados. Em 2017, fundou o projeto de extensão LetrasPretas (UERJ), dedicado ao estudo e divulgação da produção literária e cultural de autoria negra e feminina, desenvolvido com estudantes negras e cotistas da UERJ; o projeto mantém o blog letraspretas.com, que já publicou mais de 200 resenhas e ensaios acerca da literatura negra de autoria feminina, além de um podcast.
Como escritor, Henrique Marques Samyn tem se notabilizado pela construção de uma obra literária que se caracteriza por revisitar a história do povo negro e por propor releituras subversivas para a tradição canônica ocidental desde uma perspectiva negra.
Estreou em 2005 com Poemário do desterro, livro publicado em edição autoral que teve poemas selecionados para a antologia Roteiro da poesia brasileira – anos 2000, organizada pelo escritor Marco Lucchesi. Em texto crítico sobre a antologia, o pesquisador Wilberth Salgueiro destacou a poesia de Henrique Marques Samyn como a única a abordar diretamente questões sociais.
Já Estudos sobre temas antigos, de 2013, apresenta uma releitura poética de temas históricos e mitológicos, levando o escritor e crítico Ivan Junqueira a tecer comparações com a poesia de Charles Baudelaire, considerando que a poesia de Samyn apostava literariamente “na fugacidade da existência e no grotesco da condição humana”.
A publicação de Levante em 2020 acentuou a tematização de motivos já presentes nas obras anteriores, sobretudo no que diz respeito às questões raciais. Reunindo 75 poemas que abordam a trajetória do povo negro no Brasil, Levante recebeu grande destaque na imprensa e teve diversos poemas reproduzidos em antologias, sendo louvado tanto por suas qualidades estéticas – por “construir beleza formal tendo o horror como material literário”, segundo a escritora Cidinha da Silva, autora do prefácio, que também destacou na obra “uma poética de alteridade e autoridade que a todo tempo confronta a perspectiva patriarcal e branca de ‘dar voz aos subalternizados’" –, quanto por sua importância histórica – constituindo “um dos mais metódicos e coerentes recenseamentos dos tópicos sobre a escravidão no Brasil” – segundo o escritor e crítico Alexei Bueno.
A estreia na prosa ocorreu em 2022 com Uma temporada no inferno, romance em fragmentos que simula as anotações de um escritor que voluntariamente se internou no hospício para seguir os passos de Lima Barreto. O crítico literário Arman Neto comparou a complexa estruturação do livro a um quebra-cabeças experimental que, por vezes, assume um tom ensaístico; já Rachel Quintiliano qualificou o livro como “um grito por ajuda, por liberdade, por equidade, pelo fim do racismo, assim como quase tudo que escreveu Lima Barreto”.
Entre as obras acadêmicas que publicou e organizou estão: Por uma revolução antirracista: uma antologia de textos dos Panteras Negras, de 2018; Feminismos dissidentes: perspectivas interseccionais, de 2021, em parceria com Lina Arao; (Sobre)vivências de mulheres negras, de 2021, em parceria com Amanda Lourenço; e Os Panteras Negras: uma introdução, de 2023.
(Texto redigido em 19.09.2023)
|