Hanna*,

um quadro e suas versões ao passado

 

Hannah

Quando Teófilo abriu o estabelecimento, lá estava, por baixo da porta, uma gravura. Quem a botara ali? Recuou-se ele, desde a infância, àquelas professorinhas a quem os meninos de então, ele também, chamavam “fessora”. Não. Não era.

– Apenas uma foto de currículo, senhor. O vento. Quem sabe, algum retrato que vazou do cesto – disse a auxiliar das pastas.

Hannah

O vento. Isto mesmo! O que fazem as empresas com os currículos que lhes chegam aos montes? Afinal, não se sabe de alguém que tenha tomado currículo de volta. As cartas, as fotos, sim. Mas não era uma foto. Nem carta. Um quadro, com aparência de coisa fina: oil on canvas – e, no verso, ilegíveis, os nomes, do quadro e do autor.

– Não é fotografia! – disse Teófilo.

Hannah

A secretária deu o dito pelo não dito. Bem que o assunto poderia ter morrido ali mesmo. Contam que Teófilo pegou a gravura e, cuidadosamente guardou-a. Contam que ele, todos os dias, colocava-a sobre uma mesa imensa, de tampo de vidro, e botava-lhe lupa. Examinava-a repetidamente. Quando entendia que o tamanho estava bom, retocava-a em vermelhos, tudo a partir de um lápis de cor, desses de marcar CDs, que ele antes utilizava para avivar os rótulos do estabelecimento. Pior, mal chegava um freguês, lá estava ele a indagar se conhecia aquela jovem. Muitos, de tão repetidos os interrogatórios, antecipavam-se e, antes mesmo de regatear preços, esclareciam que não.

Hannah

– Bem que o amigo poderia tê-la visto na quermesse... não?!

Na quermesse! Como se as jovens de hoje fossem à quermesse. Não; ninguém sabia. Não fora encontrada.

Outros garantem que o retrato nada teria de misterioso e muito menos a ver com um suposto vendaval, mesmo porque o vento, ali, as janelas fechadas, seria nenhum.

Teria sido assim, de uma outra versão: Teófilo, um dia restaurou um sonho e rascunhou-o no ar. Aliás, “riscou-o” em cima da perna, mal acordara. Correu com toda pressa para o estabelecimento, botou o sonho em papel e remeteu-o, mediante gorda retribuição, a uma sociedade de pintores. Até abriu concurso. Deu instruções, assim e assado.

Quando chegou o quadro, um amigo objetou que não havia, naquela pintura, nenhuma referência sobre a parte de baixo. Realmente, olhando-o, não dá para garantir que a jovem tenha algo abaixo cintura.

Hannah

“Claro que deve ter!”, dizia ele ao amigo.

Realmente, não existe pessoa só do peito para cima. E o resto? Como haveria de ser o resto?

Contam que Teófilo, do alto de suas muitas exigências, não teria reclamado da equipe de pintores, mesmo porque as indicações do sonho a nada mais abrangiam que as partes superiores, tal como está. Dizem que Teófilo padecia do medo/pânico de exigir algo a mais, digamos, um novo quadro, de corpo inteiro, pois lhe assaltava o terror de jamais “encontrá-la” se acaso aparecesse nesse novo formato, dos pés à cabeça. Afinal, no sonho, era-lhe somente aquela parte, a de cima. Mostrava-se ela também de lado, mas nem tanto.

Sim, a outra manga da blusa, onde estaria a outra manga? Não dá para ver – os cabelos são-lhe longos e espessos. Muito estranho, não?!

Hannah

Até que um belo dia, um caixeiro viajante deu notícia de um pintor, um certo Allan R. Banks, norte-americano, nascido em 1948. O quadro? Justo aquele da gravura: “Hanna”. Nada a ver, portanto, com o sonho, aliás, com o pesadelo de Teófilo. O problema é que ninguém acreditou.

Leitor, por obséquio, não me pergunte sobre desfecho. Isto pertence ao passado, algo totalmente inacessível até mesmo aos senhores historiadores. De fato, se dois historiadores se encontram, igual aos críticos de Literatura, desentendem-se imediatamente. O que, pois, dizer, dos muitos boateiros que balanceavam dia e noite a vida de Teófilo e seu quadro misterioso?! Sobre o futuro, não! Isto é assunto calmo, o futuro. Todos nós sabemo-lo. Experimente colocar qualquer pergunta no modo “acontecerá”, e a resposta será imediata. Por isto mesmo é que os feiticeiros e adivinhos estão todos desempregados. Inclusive Teófilo.

 

Hannah
*HANNA, Oil on canvas. Private collection by Allan R. Banks, USA, 1948 in Gandy Gallery

 

 

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Este, o 10º capítulo de Poética, um livro vivo, aberto, gratuito, participado e participativo, cheio de comentários que, a rigor — esta, a proposta —, os comentários, mais importantes que o texto comentado: abrir o debate, uma multivisão.

— Livro vivo, como assim?

— Porque em permanente movimento, espaço aberto a quem chegar, tão amplo como o espaço àqueles que aqui estão desde os séculos, todos em absoluta ordem alfabética. Seja bem-vindo!

POÉTICA: Capa, prefácio e índice poemas e poetas comentaristas

 

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Comentários:

ABÍLIO TERRA JR: Um rosto feminino com uma beleza intrigante, vastos cabelos, um olhar de jovem que enxerga além do momento um sonho distante, lábios à espera de um beijo: um quadro que Teófilo nunca esqueceu, que cresce aos nossos olhos, nos encantando, e que provoca você, nobre Poeta, a indagar dos sonhos de Teófilo, que projetaram um quadro, a tecer um poético texto e até descobrir que o autor desta maravilha foi um certo Mr. Allan Banks e que Hanna é o nome da mulher que neste momento também me fascina.

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ADRIANA ZAPPAROLLI: Soares, meu tão querido Poeta. Tão belo o seu texto sobre “Hanna”, de Allan R. Banks, ou melhor seria, “Hanna”, de Teófilo, do vento da gravura da lupa do sonho que rascunhou no ar de seu pensamento. Simplesmente ótimo! Adriana

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ADRIANO ESPINOLA: Soares,
Gostei muito do seu conto “Um quadro e suas versões do passado”. Beleza de texto e de quadro! Ambos misteriosos e intrigantes. Grande abraço, Adriano

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ADRILES ULHOA PINTO: Poeta Feitosa, li, gostei. Reli, gostei mais ainda! Incrível a facilidade com que você escreve sobre temas tão díspares, com igual beleza. Este conto da figura da moça que chegou ao escritório do Teófilo por debaixo da porta e que tanto rebuliço causou é fascinante. E olhe que só chegou a metade! O desenrolar da história vai num crescendo (como as ampliações que o Teófilo fazia) que até parece estarmos ouvindo o “Bolero”, de Ravel.
Só não gostei do chato do caixeiro viajante descobrir e vir revelar o nome da personagem e do autor da obra. Preferia que tivesse ficado para a imaginação de cada leitor o seu nome, como ficou a descoberta de como seria o resto do seu corpo. [Ainda bem que ninguém acreditou!]. Desde o começo da leitura eu a vi de corpo inteiro. E, com aqueles cabelos, aquele olhar, aquele colo... o resto é detalhe! Chamei-a de... Bem, deixa pra lá que a moça é sua. Parabéns mais uma vez e aceite o meu abraço. Adriles

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ALCINA MARIA SILVA AZEVEDO: Agradeço-lhe a mensagem, bem como o texto sobre o lindo quadro de Hanna. Um rosto expressivo de mulher cheia de mistérios, cujo autor, Mr. Allan Banks, deu-lhe um destaque de amor e pecado. Pena seja apenas um sonho para Teófilo. Feitosa, gostei muito, envie sempre mais obras nesse gênero. Abraços, Alcina Maria Silva Azevedo

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ALVARO ALVES DE FARIA: Meu caro Soares Feitosa: belíssimo conto, belíssima linguagem, tudo isso de uma maneira em que a narrativa vai sugerindo coisas, acontecimentos, talvez ternuras, às vezes dor. Beleza. Isso basta. São palavras poucas sobre o conto do quadro. Li ontem à noite e notei vários comentários de escritores e poetas. Exilado da poesia de meu país, ainda me atrevo a fazer algum comentário, mas só o que de fato me mostra beleza. Caso de seu conto. Álvaro Alves de Faria

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AILA MAGALHÃES: Feitosa, meu caro, fosse eu, compadecida de Teófilo, não daria a Hanna pernas como as minhas, acho-as um tanto pequenas, embora não sejam assim muito grossas ou finas. Hanna não seria mulher de pouca perna, isso não! Tivesse cruzado com Teófilo numa quermesse, na bodega em hora do pão e leite ou num boteco das tardes preguiçosas de um sábado-final-de-mês, bem poderia ter-lhe dito da impressão de haver avistado Hanna, ou alguma outra cabrocha muito da parecida, posto carregar no olhar a similaridade das mulheres que nunca crescem completamente. Talvez o lacinho vermelho da blusa empreste-lhe esse ar um tanto juvenil, não sei. O fato é que Hanna lembra muito uma prima que não vejo há anos, de cabelos fartos e longos e pouca conversa. Talvez devesse mesmo falar com Teófilo sobre a prima. Penso que nunca casou. Apenas não me consta que goste de vermelho. Poeta, sempre grata por teu cuidado, peço que forneças meu e-mail ao Teófilo e que recebas meu abraço carinhoso. Aila

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ALBERTO DA CRUZ: Teófilo prendeu-se ao sonho, trazendo a fantasia onírica para sua vida. Preso por uma pintura desconhecida, dirige a existência, fascinado pelo desconhecido. “Hanna” representa mais do que um simples retrato, talvez seja a consciência perdida que viera ao seu encontro. Na segunda hipótese, seus sonhos lhe revelam a imagem da sensualidade perfeita. Seria uma projeção de seus desejos? No mais, um conto intrigante, cheio de interpretações. Um abraço. Alberto da Cruz

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ALEILTON FONSECA: Caríssimo Soares Feitosa: Ler sua prosa é sempre uma aventura mágica para o leitor. Você opera com a sugestão, imbrica o texto com a imagem, cria uma sinestesia estonteante. Cresce a sensação narrativa, as palavras vão palpitando, cresce a imagem da musa em rouge. E, nesse compasso, já amamos “Hanna”, de Allan R. Banks, mais que seu próprio pai. Ela se torna a nossa nova Gioconda, tão bela e enigmática quanto à diva de Da Vinci. Dá vontade de gritar: “Hanna, meu amor, sai de ti mesma, liberta-te da moldura, e me abraça com teus cabelos”. Aleilton

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ALEXANDRE FORTE: Poeta madrugador: li o conto. Parece conto. E espiando o quadro mais de perto, no sítio do próprio Banks, a impressão que se tem é que se trata de imagem viva. Como escritor, amante das artes plásticas, por diversas vezes já destes prova da rara capacidade de captar o sentido e os múltiplos significados estampados numa tela, transpondo-os criativamente para a forma textual, fazendo da imagem poesia. E assim a interligação entre literatura e pintura, numa interface entre a poesia visual e a cantoria. Alexandre

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ANA FLAVIA AZEREDO DE MARTINS: Soares, Lindo este texto... Achei incrível brincar com as muitas possibilidades sobre o mistério... Este quadro? Que beleza única e rara... Adoro tudo o que está ligado à arte. Abraços, Ana Flávia

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ANA GUIMARÃES: Para além e para aquém da estética, a obra de arte instaura uma transcendência. Que risco se corre ao se debruçar sobre ela: ou se cai no fechamento da interpretação, ou se fica na fascinação pura e simples (chapado, como cupim na lâmpada), impedido da fala, da simbolização. Mas você nem tchum. Como Lacan dizia que deve ser feito: tomar o seu exemplo (prende de la greine), tomar sua semente, fazer germinar outra coisa, você faz isso magistralmente bem com esse texto: sua própria Allan R. Banks (USA) – Hanna – leitura, seu laboratório.
Com que segurança amarra o sentido com a corda da consistência do imaginário! Enquanto o pintor pinta a tela, você cunha a sua escrita e assina embaixo. A partir da pintura, sabidamente uma fábrica de signos, cria histórias, versões do fato. Busca a verdade, ainda que da ficção (e existe outra?). Assume a parte perdida e jamais reencontrada, até porque não é ela e sim o todo que você dá como jamais reencontrável, pois sabe, desde sempre, da impossibilidade da completude.
Lembrei-me de Duchamp: The viewers are those who make the painting.
Parabéns, Feitosa! Ana Guimarães

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ANDRÉ SEFFRIN: Feitosa, meu caro, que belo texto! Um texto que só pode ter a sua assinatura. Você, como sempre, dá sustos na gente.
Abraço saudoso do seu amigo
André

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ANTONIO CARLOS SECCHIN: Soares, muito obrigado pelo envio do quadro... e de suas belas versões textuais.
Grande abraço do Antonio Carlos Secchin

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ANTONIO JACKSON SOUZA BRANDÃO: Não só abri os links como li os contos enviados, apesar de, particularmente, ter gostado mais do que retrata o quadro de Allan Banks. Muito expressiva a interpenetração de seu texto em relação ao instrumento pictórico, já que seu texto nos leva não só ao mundo do pintor (expressiva, como sempre, a ampliação que você faz da imagem na mesma proporção que o texto nos envolve!) como também ao do narrador. Além disso, belíssima obra que nos impele à reflexão. Parabéns pela escolha!
Prof. Antônio Jackson

Prezado Soares Feitosa, todas as vezes que adentro ao site, vejo os olhos de uma menina que há muito me encanta qual os encantadores, às serpentes no deserto. Esses olhos estão sempre a me chamar, mas buscava simplesmente ignorá-los, contemplando sua beleza de longe, até que tive de chegar mais perto dela! Mas que texto é esse, sob os auspícios de um olhar penetrante, de uma boca delineada que nos fazem voar para não sei onde, nem para um tempo definido, mas que mostram sua implacabilidade? Vai uma, duas, várias leituras e vem-nos também a picada que acometeu ao compadre, no entanto nem sempre o beijo da serpente é-nos letal, apesar de ela estar sempre a nos rodear... De repente, lá vem o rosto da menina cujo olhar penetra mais que o da própria serpe e de cujo espanto – quem sabe pensando num futuro não tão distante – irradiado, veremos nós, poucos anos depois, presentes em nossos próprios olhos quando a mesma menina, encontrada após o letal 11 de setembro, mostra-nos o carcomido corpo destroçado pelo tempo e pela pobreza: é a mesma menina? Sim, é a filha do tempo. Belo texto, apesar da constante intromissão de Sharbat Gula – sim, é esse seu nome – que insistia em se intrometer em minha leitura... Parabéns. Antônio Jackson

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ANTONIO MARIANO DE LIMA: Soares Feitosa, gosto de sua prosa, onde muito vislumbramos as lições de mestres como Machado, Graciliano, Rosa, Carmo Bernandes, Bernardo Elis.
Este “Um quadro e suas versões ao passado” vem reafirmar seu talento de contador de histórias reais ou inventadas. Aqui, constatamos um talento especial para prender o leitor do início ao desfecho do caso. Você deveria investir mais em projetos de maior fôlego. Muita poesia e boa prosa. Antônio Mariano

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ANTONIO MIRANDA: Poeta Soares, um belo texto, sem dúvida... Gostei muito. Parabéns. Prefiro-o aos milhares de mensalões, embora os meus poemas não falem de mensalão mas de suas causas... A desagregação partidária, entre outras... Antonio Miranda

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ANTONIO FERNANDES PALMEIRA: Caro Poeta, quem nunca foi um Teófilo ou quem nunca teve uma Hanna que atire a primeira estrofe...
Abraços fraternais
Antonio Palmeira

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ASTRID CABRAL: Querido poeta Feitosa: Hanna é uma linda figura em claro-escuro barroco: a noite dos cabelos, o dia na face iluminada. Mas o pincel de Banks só nos dá o visível. Em que pensa Hanna por baixo da bela cabeleira? Por quem ou por que bate seu coração atrás do belo busto? Que veem seus olhos?
O invisível, amigo, só a palavra, muito além do pincel, pode nos dar. Assim a história de Teófilo vai além da figura de Hanna... Conhecemos de Teófilo bem mais que a máscara de Hanna. Dele temos o interior, a emoção; dela a pele, a aparência. Afinal, Soares Feitosa nos diz mais que Banks... Quem escreverá a história do ponto de vista de Hanna, penetrando a esfinge?
Você fica nos devendo o outro lado da história, amigo.
O abraço da
Astrid

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AUGUSTO NESI: Caro Francisco Feitosa, fiquei impressionado com o “conto” sobre a pintura que parece foto... Fiquei assustado como o Teófilo.... E como ele, apaixonado pelo semblante representado na pintura. Adorei.
Com apreço.
Augusto Nesi

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AURELINO COSTA: Caro Poeta Soares Feitosa, o seu trabalho literário em Hanna é de qualidade superior; nele brota o conto em onírico e Teófilo apresenta-se como personagem carácter da estética onde se filia Allan Banks. Aí, encontro o ponto fulcral da mestria inquestionável do criador que é Soares Feitosa.
Desejo-lhe a continuação tranquila. Creia-me seu admirador sincero,
Aurelino

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BRUNO MIQUELINO: Olá Feitosa (posso lhe chamar assim?), tudo bem? Li seu conto. Vamos às críticas: Adorei a forma suave e prazerosa que você conduz o texto. Palavras leves, bem escolhidas, juntadas de uma forma que faz os olhos deslizaram de forma gostosa!
O conteúdo é deveras único (ou seria inovador?). Um conto sobre um quadro que simplesmente entrou por debaixo da porta, sem ser comprado. Um presente divino, que, como tal, é sempre mais apreciado e mais valorizado. Se soubéssemos apreciar os pequenos presentes que “entram por debaixo de nossas portas”, não nos perderíamos tanto na futilidade, na ânsia de querer comprar e comprar.
O final me intrigou bastante também. Um conto sem desfecho, que faz com que o leitor ou saia irritado da leitura (este é o mau leitor, aquele fútil, que muito provavelmente nem se lembra do começo da história) ou saia pensativo, refletindo acerca dos detalhes deixados pelo autor. Suave, sutil, soberbo! É nessa aliteração de “esses” que descrevo seu conto. Ao menos o que ele passou a mim...
Enormes abraços a você!
Bruno

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CAMILO MARTINS: É, meu amigo, assim são os quadros! Quadros que pintamos [na perna bamba da ilusão do ser], que rabiscamos [no espaço vazio da alma], que imaginamos [na escuridão da parte clara do coração] e que no fundo são apenas matérias para a fantasia da palavra, porque essa sim, não podemos deixar de ter como objetivo primordial para a [sobre]vivência do ser em sua essência [se é que tem alguma].
Coitado do Teófilo! E isso porque era apenas um quadro! Pensando bem, amigo, talvez, até, pra mim e pra você, mas na mente de quem espera por um ser iluminado, belo e perfeito [a busca é longa, exaustivamente sufocante] faz muita diferença. E aí, claro, vai importunar Deus e o mundo na tentativa de descobrir quem, como, por que, onde, é, num é, vai, num vai, foi num foi... [haja sapo-boi], oi, oi, oi! E penso, agora: quantas vezes eu fui Teófilo! Sem tirar nem botar! Vivia fazendo os meus quadros... Era Silma, Rosilda, Verônica, Maurícia, Valdélia... Todas bem emolduradas do lado esquerdo do peito! Imaginação era o que não faltava, nunca!!!
Mas, num posso ficá aqui me alembrando disso não, num sabe? O coração fica arrebentadim e os ói chein d'agua, pru mode qui essa istóra num tem e nunca terá fim!!!!! Ainda bem. E se tiver... Eu também num conto e pronto.
Um grande abraço. Camilo Martins

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CARLOS FELIPE MOISÉS: Meu caro Feitosa: Gostei demais dessa Hanna e acho que entendo bem o drama do Teófilo. Por uma “fessora” dessas, quem não voltaria a ser aluno?
Abraço forte do seu
Carlos

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CARMEN ROCHA: Poeta Soares, que importa pintura ou gravura, inteira ou semi? Que importa o resto de Hanna, se já basta o rosto? O que importa é o texto de arte em sonho. Sim, aliviou.
Abraço. CR

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CIDA SEPÚLVEDA: Amigo escritor Feitosa, o estar pronto não significa que estamos acabados, mas significa ter atingido uma tal volatilidade de imagens que as palavras perdem suas cinéticas originais, transmutam-se em algo que vai muito além do que podem imaginar as bocas que as geram. Está lindo seu conto. Tenho em mente que precisamos publicar livros, para distribuir em escolas, em lugares onde possam ser experimentados. Vou repassar seu conto para a Luci Collin e pedir a ela para mandar algo dela pra você conhecer. Por favor, seja gentil, ela é adorável. Abração. Cida

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CLAUDIO WILLER: SF, bela descoberta de Allan R. Banks. Belo relato onírico-estetizante. Prossiga. Abraxas, Willer

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CRISTINA BITTENCOURT: Boa tarde, espiei. O que vi? Foi o que li. Está lá dentro, tudo. É assim mesmo, um vento que mistura as coisas, põe figura no texto, igual quando eu era pequena e desenhava nos livros, eu preferia as histórias com gravuras, podiam ser em preto e branco, melhor coloridas. Eu também gostava de receber cartas pelo Correio. Hoje em dia, ninguém tem mais cartas para guardar, eu tenho. Agora, melhor de tudo foi Teófilo ter conseguido levar o desenho riscado na perna para o estabelecimento. Foi nesse momento. Foi aí que a coisa aconteceu. Aí está o mistério. Ludibriou os leitores, pôs o passado e o futuro no mesmo pé. Pegou uma espada e obrigou os dois a se ajoelharem. Mas claro, frente ao retrato.

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DANIEL MAZZA: Prezado Poeta, belo conto. Ou diria relato ficcional mesclado a biografia? De qualquer, uma boa estória (ou história?). A fotografia também, de tamanho progressivamente maior, não me parece casual, mas é como se a pintura tomasse a vida de Teófilo, paulatinamente, dia a dia... Abraço do Mazza

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DIMAS MACEDO: Feitosa: Estou por aqui olhando “Um Quadro e Suas Versões ao Passado”. A arte é superior a tudo. Superior à política e superior à vida. Em frente. Do amigo, Dimas Macedo

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DIATAHY MENEZES: Chico, gosto de sua poética narrativa: você tem o dom e o talento da coisa. E esse recurso que acompanha o texto de ir ampliando o quadro é maravilhoso e torna a expectativa mais intensa. Grato, pois, pela lembrança do envio. Diatahy

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EDNA MENEZES: O sonho e a realidade se entrecruzam no ato de se forjar a arte. Ah! Abençoada Arte! Esse texto confirma as palavras de Santo Agostinho, em outro contexto, mas que encaixam muito bem aqui. O passado e o futuro não existem, só o presente existe, pois quando se fala do passado é presente e quando se fala no futuro é presente. A arte é o eterno presente. E se sonhada, inspirada ou imaginada é sempre a representação do mundo sensível. E também gostei do estilo “machadiano” de chamar o leitor para o interior do texto. Metalinguagem pura e consciência de que o leitor é, conforme Jauss, copartícipe do texto, diacrônica e sincronicamente. Parabéns Edna Menezes

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EDSON ALVES DAMASCENO: Poeta, que coisa impressionante esse texto. Que retrato lindo. Quem é ela, Poeta? Ela é linda. É uma linda mulher. Lindos são seus cabelos, longos e pretos como a asa da Graúna. Quem é ela, Poeta? É a monja? Não, não é a monja, pois ao que me consta, a monja estaria com as medidas acima do padrão e essa, não, vê-se logo que suas medidas são exatas. Nada podemos dizer no entanto da parte de baixo, que não conhecemos. Mas a parte de cima mostra ser ela muito bonita, linda. Poeta, não lembra a Mona Lisa? Poeta, o que mais impressionou em seu texto, além do texto, foi a foto, o retrato, a pintura, seja lá o que for, se agigantando no texto, Poeta. Ela começa bem pequenininha e vai se agigantando, correndo pra cima de você, Poeta. Tirando o seu fôlego, tirando o seu fogo. Quando menos se espera, ela está ali enorme em cima de você, lhe abraçando. Um grande abraço do amigo e fã número 1. Edson

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ELVIRA LIMA: O que o conduz a escrever as figuras é uma rica sugestão para melhorar o trabalho com poemas em sala de aula. Olhe só! Duas linguagens e a possibilidade de muito dizer. O texto é ótimo. O personagem vive num mundo e o tempo corre em “A menina afegã”, de Steve McCurry, outro. Obrigada por este trabalho e tantos outros. O outro que olha a menina afegã é grandioso. Que olhar!! Abraços Elvira Lima, Profª de Línguas e Literatura. Concórdia-SC

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FLORIANO MARTINS: Em definitivo, o que escreves tem toda uma estrutura narrativa que se situa como um conto. Mesmo que, em alguns momentos, se faça uma reflexão bem ao gosto do ensaio, continua sendo um conto, e bem contado, envolvente, surpreendente e com um adorável sentido de humor. O texto todinho é um primor e gosto da maneira como vais ampliando a foto, como se acende [acentua] o decote no vestido da mulé. Abraxas. Floriano

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FRANCISCO PERNA FILHO: Caro Soares Feitosa, a nossa vida é feita de recorrências. Não sabemos ao certo em que tempo estamos. Segue um texto meu, publicado na Revista (uma recorrência), que, assim como o quadro, foi feito para você. Abraço amigo do Chico Perna

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FRANCISCO MANOEL ANTUNES SOARES: Obrigado pela dica. Adorei esse conto. Fica-nos aquela aura de magia que os contos devem sempre ter. Há um conto iniciático em torno de um retrato de Fernando Pessoa escrito pelo filósofo português António Telmo. Conhece? Tem algumas ligeiras parecenças com o seu. Francisco Soares

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GUSTAVO DOURADO: Soares mais uma vez nos enleva com um texto numinoso. Uma pintura de arte que revela “um certo Allan R. Banks, norte-americano, nascido em 1948”. A pintura me lembra uma Gioconda dos tempos modernos, revelada pelo código de Vinci. Faltam um braço e as pernas, que, pelo rosto, devem ser de diva. Dádiva da natura. Sereia no mar da poesia. Um certo Teófilo. TheoDeus nos entusiasma com as suas belas criações. Musas para nossas fantasias. Soares nos revela o labirinto do inacessível: o destino a Deus pertence. Pressente-se. Gustavo Dourado

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HENRIQUE MARQUES SAMYN: Caro Soares, seu conto é instigante, como, aliás, alguém já comentou – e como, de fato, soem ser essas convergências entre literatura e artes plásticas. Penso agora nas belíssimas obras de Delacroix com temáticas literárias. Que síntese perfeita! Mostra-nos o texto que muito ainda há de surgir do encontro dessas águas… Um forte abraço, H

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IEDA ESTERGILDA DE ABREU: Ao Soares Feitosa, quero dizer que achei bem poética essa página, a composição, o crescimento de Hanna fechando a moldura. Grata pelo envio. Ieda

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INEZ FIGUEIREDO: ADOREI!!!!Gosto muito desta interpenetração entre a literatura e as outras formas de expressão criativa. Quando leio algo assim sinto-me como um peixe passando de um aquário a outro. Já que o aquário para mim é um ícone de criação. Abração. Inez F

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IVO BARROSO: Feitosa, que mulher bonita, meu caro! Ela existe ou é só imaginação de poeta? Abraços e parabéns pelo instigante texto. Ivo Barroso.

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IZACYL GUIMARÃES FERREIRA: Amigo: Seu poema em prosa é também uma demonstração de que essa coisa de poesia visual (sic) tem muito o que aprender com quem sabe juntar palavras e usar o visual como devido: crescendo no espaço e dentro do contemplador. Esse retrato e o da menina afegã estão a pedir alguma coisa. O que será? Izacyl

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JOÃO DE MORAES FILHO: Meu estimado Poeta Soares Feitosa, li “Um quadro e suas versões ao passado” com o gosto de quem pinta a memória com as cores dos olhos e com aquela interrogação de quem recebe um bilhete de amor sem assinatura. Lembrei-me dos versos de Narlan Matos, a poesia que há em “Theatro” é o susto das correspondências diárias, surto dos currículos e do tique-taque do corre-corre desse início de século: “Por baixo da porta/ chegam mais contas que soluções / o preço do pão é o preço da vida. / E não há nenhum milagre marcado para segunda feira”. Será que Teófilo descobrirá suas versões ao passado a tempo?
A história se constrói imediata com suas cenas e diálogos bem delineadores da emoção que os personagens transmitem e elevam a um ambiente contemporâneo, sem os exageros do realismo travestido. Mas aquele olhar de quem está entre a fronteira da criação e da realidade é a mais-valia desse “Quadro e suas versões”. Narrar é mais que contar. É mais que um conceito. Aqui ouço um ritmo, a voz de um poeta. Sobre o futuro, não! Isto é assunto calmo, o futuro. Serão as próximas versões do presente que lerá passado e futuro nesse misterioso eterno retorno. Fechadas as portas e as janelas: Como haveria de ser o resto? Será realmente silêncio? Como foi dito, (não é mesmo) o autor não foi encontrado para obtermos as respostas imediatas!
Cachoeira, 7 de Julho de 2005.
Forte Abraço, João de Moraes Filho

Um quadro e suas versões
“Quem sabe, algum retrato que vazou do cesto”
ao poeta Soares Feitosa
um vermelho vestido
de outros portos tangia
os traços iluminados do rosto
em direção ao olhar
de menina sonhada,
levemente. Um laço
dividindo atenções com os cabelos
ensaiava como haveria de ser o resto:
Sorria seus lábios tímidos
dirigidos àquela direção. A janela.
Lá estava um pincel,
um vermelho vestido desatado;
no laço nenhum retrato.
O problema é que ninguém acreditou.

João de Moraes Filho
“Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só; mas sonho que se sonha junto é realidade.”

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JOAQUIM SAIAL: Caro amigo e incansável trabalhador cultural, Feitosa: Primeiro: aqui o bicho por detrás do ecrã do computador, não é poeta. Apenas mero professor de História da Arte, simples conferencista, algo escritor e forçado director de revista de cultura, para além de destemido artífice de 1001 outras coisas. Mas não poeta, apesar de uma ou outra vez poetar. E digo-o sem autodesdém ou outro tanto para os meus colegas destas coisas que antes disse que sou. É que ser poeta é ser muito acima de mais. Como muito bem disse a minha conterrânea (porque de Vila Viçosa), Florbela Espanca, “Ser poeta é ser mais alto, é ser maior do que os homens!”. Daí que, estamos conversados, nunca mais me chame poeta, coisa que nunca poderei ser, dado que sou simples e irrevogável homem.
Segundo: Envia-me uma short story que me deixa de água na boca. Acho que isso é vingança do destino, dado que muitos me têm dito o mesmo acerca de longo conto que escrevi, situado na ilha de S. Vicente, Cabo Verde, em que a personagem principal, Fernando Desamparado da Luz Spinelli, acaba esborrachada na parede do mercado municipal (ou “plurim de verdura”, como ali se diz) quando o leitor está à espera de outras desgraças e não da morte do dito cujo. Mas deixemos isso, que não se trata aqui de falecimento de gente mas de uma woman in red, não da vulgar femme fatale, mas de um ser coberto de fogo intenso que enche a tela de labaredas. Diabo, essa de fogo persegue-me. Há dias, eu que, ali acima disse que não sou poeta, enviei versos sobre fogo ao poeta (esse sim!) Ruy Ventura, em contexto de incêndios que estão a fazer desaparecer as últimas duas ou três árvores que ainda existem em Portugal… Mas lá estou eu a fugir da mulher de vermelho. O que se passa é que a partir de agora, quem ler o seu texto há-de sempre ver essa misteriosa “Hanna” de meio corpo junto ao seu conto e vice-versa. Um ficou definitivamente fundido no outro, como uma mesma e só entidade. O quadro, da Gandy Gallery, em Creekwood Court, McDonough, Geórgia, não tem o desgraçado veneno social do “Fado”, de José Malhoa, mas há aquele ombro escondido na penumbra que me remete para a Adelaide da Facada, figura feminina da tela malhoana, que o pintor quis retratar com a alça da camisa descaída, coisa que ela não deixou (disso ficou aliás um pequeno quadro de estudo). Miséria também tem os seus pruridos…
Terceiro: As coisas no Brasil não vão bem, mas onde é que elas vão bem? Olha, Feitosa, aqui te envio o (quase) poema e o conto, para aliviar um pouco, que essa “Hanna” e sobretudo o seu conto foram o melhor deste dia. Um forte abraço aqui da Cova da Piedade (Almada) para si, do Joaquim Saial

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JORGE HUMBERTO: Caro amigo Soares, acredites ou não, vou agora, depois de ter lido Hanna, dormir mais descansado, afinal Teófilo também teve o seu sonho, o resultado deste cabe a cada um torná-lo viável, mas estão ambos de parabéns, a personagem e tu. Abraço amigo

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JORGE PIEIRO: Meu caro Soares, Teófilo é de panaplo, sim. A jovem também. Pois que já os mirei, embevecido em andanças por aquele caos portátil, quando chorava pedras sentindo a solidão. Eu pensei que os havia perdido para sempre, mas eis que de relance uma recompensa pela esperança, e encontro-os. Em palavras, em imagens cada vez mais próximas. Seria seu esse meu novo delírio? Pois que o seja. E obrigado por mostrar a pista novamente. O abraço deste panapleu, Jorge Pieiro

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JOSÉ INACIO VIEIRA DE MELO: Feitosa, depois do teu conto fiquei me sentindo “como um boi no meio da multidão”. É como se estivesse de passagem por Teófilo Otoni com todos os profetas do Aleijadinho pendurados no pescoço, carregando uma cruz que só eu sei do peso, tentando esquecer o que está incrustado no meu âmago e, de repente, a Verônica desta minha saga é estampada nos meus olhos: Hanna. E olho bem para Hanna e na verdade da retina desse olhar só vejo Vanessa. E saio pelo meio do mundo acorrentado aos meus êxtases – e todos eles só têm um nome: Vanessa. Hanna – Vanessa. E eu “como quem perde o prumo e desatina”. José Inácio Vieira de Melo

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JOSÉ DO VALE PINHEIRO FEITOSA: Soares Feitosa: sendo de 1948, do mesmo gargalo da ampulheta do pintor que o teu texto repinta. Uma viagem fisgada por um anzol, o nome do personagem, Teófilo, deixando-me em cenas, atitudes teimosas, persistentes, sem desviar-se do seu objetivo, igual um Teófilo, o Rodolfo, da primeira metade do século XX, aliás uma geração de Cearenses de causar inveja: Leonardo, Quintino, Salles e por aí. Uma boa edição, o quadro crescendo, até chegar à sua plenitude de exposição adequada ao olhar. Um texto e uma edição de poeta. Abraços. José do Vale

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JUAREZ LEITÃO: Primo Poeta: A pintura... esta mulher que, da montanha, se iguala às nuvens e, de singela e triste, se faz tarde ou manhã, os seios, certamente ávidos das mesmas mãos que destilaram FEMINA e se condenaram eternamente a transpirar essências. Esta mulher é o nosso pecado mais sagrado, aquele que guardamos no melhor alforje das estimações, como a farinha-com-rapadura dos comboieiros, para meter a mão e enchê-la de um bom bocado a saciar a fome. A fome nordestina de mil anos, a fome ardente dos seminaristas. Aqueles que fomos e ainda somos. O poema e a moça vêm em boa hora para a solidão desta madrugada. Abraço do primo. Juarez

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LUCIENE BARREL TAMEIRÃO: Olá! Li e reli. Achei super interessante. O texto apresenta duas versões do suposto ocorrido. Uau!!! Amo ler, mesmo não sendo crítica no assunto. Aliás, estou longe de ser. Pretendo fazer uma pós em Literatura assim que eu terminar o 3° grau que será agora no final de Julho. Muito obrigada por enviar a sugestão de leitura. Aguardo novas... rs... rs. Até mais...

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LUIS MANOEL SIQUEIRA: Soares, será que se a gente colocasse um anúncio num jornal, aparecia alguém parecido com ela, hein, Feitosa, que achas? Linda mulher. Apaixonei-me por uma assim, retrato de formatura antigo, num corredor do Colégio Agnes Erskine, no Recife. Ela era de uma turma de moças formadas em 1920. Nome: Argentina. Belíssima. Que negócio mágico esse negócio de beleza de mulher. Já assististe MALENA, de Tornatore. O mesmo diretor de CINEMA PARADISO. Assista. O nome da sereia é Monica Belucci. E vou logo lhe avisando: Eu me apaixonei primeiro. Só um conto bonito como esse teu pra gente esquecer um pouco a... Vou copiar e guardar na memória o retrato da moça. Um abraço. Luis Manoel Siqueira

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LUIZ PAULO SANTANA: Caríssimo Feitosa, joguei o jogo e fiz um dos muitos caminhos na virtualidade desse espaço que se abre com esta história singela, na qual você usa o recurso do texto e da imagem – como em “A Menina Afegã”, ou em “Salomão”, no “Relato do Capitão”. Texto circunvagando como as folhas de um suave redemoinho em torno da bela imagem. Imagem icônica para Teófilo, que em princípio evocou a “fessora”, figura arquetípica de virtude, carinho e proteção, mas buscou-a sonâmbulo como um platônico amor. Sopro de vida e renovação, eros, pondo em movimento amores e paixões, mas tão estranhamente desencantados, como se pertencentes a outra dimensão, à dimensão desbotada de um tempo passado.
O amor é suave, discreto, será mesmo amor, ou uma espécie de veneração, tanta a ternura com que o personagem retoca delicadamente a imagem na pintura, e nos remete a pensar e preencher seus pensamentos, e nos seduz a observá-lo no jogo de sombra e luz com a “realidade” que o cerca, o cotidiano do texto agora preenchido pelas evoluções virtuais da jovem em torno de Teófilo.
Mas o que pode um quadro com tão bela imagem? Por mais que se reavivem as paixões, que se ressuscitem os amores, por mais que se pergunte a tantos quantos – se a viram, se a conhecem, tudo não passa de evocação. A busca de Teófilo é uma evocação. Aberta a tantos quantos, posso imaginar que o futuro do quadro e sua imagem e o passado de Teófilo se encontram, ele a retocá-la, como se a fizesse, como se tivesse mandado fazer – a outra história – de sua própria costela, e, misteriosamente lhe faltasse uma parte, uma mulher incompleta como que impossível de tornar-se real, de realizar-se, exceto como incompletude, evocação de mulher, evocação de uma ou mais histórias estranhamente incompletas. Tão estranhamente incompletas que a gente fica na dúvida se realmente existiram um dia Teófilo, o quadro etc. Pois que, conforme o narrador, que nada sabe sobre o desfecho, mas na verdade, sabe, segundo informa mui oportunamente Mantovanni Colares no seu belíssimo – e sintético – comentário, porque, na verdade, o narrador desfecha, isto é, não fecha, ou seja, abre, e toda(s) a(s) história(s) está(ão) aberta(s) às viagens. E contando o número de viajantes que lhe escreveram, fico com o narrador, que diz: “O que, pois, dizer dos muitos boateiros que balanceavam dia e noite a vida de Teófilo e seu quadro misterioso?!”. Grande abraço.
LPSantana
BH/MG

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MANO MELO: Soares, mas também, a tal de Hanna não poderia ser um sonho mais lindo, não acha? O tal de Banks deve ser mais um apaixonado. E se hoje à noite eu sonhar com ela, vou ficar também… ABRAÇÃO, MANO

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MANTOVANNI COLARES: Andarilho, agradeço a viagem literária proporcionada no instigante texto. Ele tem o sabor do vento, das quermesses, das pálidas fotografias moldadas pelo tempo, em contraste com a pintura de Hanna, avivada por cores e sabores imaginados. Você recusa um desfecho. Pensando melhor, desfecho é a negação (des) do fecho. O prefixo nos trai. Daí que um desfecho é quando se deixa algo aberto, como em sua bela crônica, a nos causar a sensação do gosto na boca jamais experimentado, daqueles carnudos lábios da gravura que se fez encaixe sob a porta de quem há muito esperava um chamado do destino. Abraços, Mantovanni

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MARCO AQUEIVA: Caro Feitosa, pois então, apreciei muitíssimo esta comovente parábola da imagem primordial e cara, dolorosamente fugaz e que por isso mesmo tentamos reencontrar. Dolorosamente embalde. Tentativa de reencontro com o sonho. A infância não só é ruínas. O seu texto o prova, transcendendo muito a extensão da tela. Abraços calorosos, de Aqueiva

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MARCO AURELIO RODRIGUES DIAS: Soares Feitosa, a tenacidade é uma espécie de inspiração, talvez a tensão pela materialização de um objetivo. E a tua quase tangível força de vontade impulsiona o “Jornal da Poesia”. Essa qualidade admiro em você. Quanto aos seus dotes de contista, acho que “um quadro e suas versões ao passado” é uma obra que dá fé da sua capacidade de escritor. Se um homem passa dos 20 anos e continua fazendo poesias, contos, músicas, quadros – é um artista potencial; mas se passa dos 40 e envelhece com a mesma mania, certamente é um artista. Para mim, Soares Feitosa é um artista, e assino embaixo: Marco Aurélio Rodrigues Dias.

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MARIA DO CARMO FERREIRA: Mas que beleza, Coronel! Sua formatação, sua “letra”, sempre instigante, novidadosa, invencionista, ritmo-em-prosa e, sobretudo, o quadro. Dá vontade de gritar plágios: Per ché non parla? Parabéns em dobres & redobres!!

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MARIA GOMES: Caro Soares Feitosa, o sonho acredita-se depois de diluir Hanna neste conto. O modo crescente como acomoda a pintura e a palavra, diz-nos da sua elevada capacidade de sonhar neste mundo “de barra tão sinistra”; esse nada a haver e tudo a haver que, os que amam a arte não perdem, nunca. grata pelo convite, um abraço atlântico das margens do Mondego. Mariagomes

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MARIA DA PAZ RIBEIRO DANTAS: Soares, sobre seu conto, a chave dele está naquele final, quando se chega à suposta identidade da figura pintada no quadro: chegando-se à sua origem no tempo, chega-se ao autor do quadro; chegando-se a este, tem-se o nome da personagem. São dados que satisfazem o lado realista (utilitarista) da grande maioria dos seres humanos. Mas há um outro hemisfério do ser que escapa a essa instância: é o sonhado. Você mostra que Teófilo ressonhou aquela figura – que alguém, por sua vez já havia sonhado, pelo pincel do pintor... E por que Hanna, embora tenha a mesma aparência da imagem retocada por Teófilo, nada tem a ver com o sonho dele? Simplesmente porque há um conflito insolúvel entre sonho e realidade. Cada sonho é único. É feito de camadas de intimidade, de imaginação. “Freud explica”, sim. Mas no fundo, a busca da realidade (no sentido de conflito, de neurose) através da psicanálise, que o desmascara (e que pode ser um pesadelo) implica a morte do sonho. Por isso não dá pra dizer o que vem depois... Seu texto é um insight de tudo isso. Sobretudo da relação da arte com o real. Meu abraço Maria da Paz Ribeiro Dantas

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MYRIAN PERES: Meu querido amigo Soares Feitosa! É com o coração nas mãos, que escrevo para você. Uma pessoa que tem, dentro de si, um manancial de sensibilidade e carinho pelas belezas da vida. Tudo em você emana arte, cultura e amor. Na Literatura, você abraça as palavras, dando um cunho de carinho e magia ao oferecê-las, para nossa felicidade. Adorei seu texto e apresentação, tão cuidadosamente elaborados. São esses detalhes que põem a sua beleza interior para enriquecer seus trabalhos. Estou feliz, sabe por que? Porque estou entrando nessa plêiade de artistas e poetas. Myriam Peres

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NICODEMOS SENA: Caro Soares Feitosa, li o teu “Um quadro e suas versões ao passado”, que me fez refletir sobre uma questão presente em boa parte da melhor Literatura, em todas as línguas, desde “As mil e uma noites” até “O jardim dos caminhos que se bifurcam”, do J. Luís Borges: a questão dos limites entre o sonho e a chamada “realidade”.
Intrigante é que, no teu conto, a decifração do enigma não veio da “realidade”, pois ninguém a quem o narrador perguntou soube informar algo sobre a jovem retratada no quadro. Tampouco no sonho ele encontrou explicação, pois, ao garatujá-lo quando retornou à vigília, o sonho se desenhou incompleto, com a parte de baixo da mulher se recolhendo nas brumas de seu esquecimento, onde o homem costuma refugiar-se para não enlouquecer. Afinal, foi a intrigante figura do caixeiro viajante – esse prestidigitador do tempo, capaz de estar em todos e em nenhum lugar – que revelou o enigma: tratava-se do quadro “Hanna”, do norte-americano Allan Banks, nascido em 1948. Mas alguém é capaz de discernir o que é verdade e o que é mentira nas mil histórias que um caixeiro viajante vai recolhendo em suas andanças? Apesar disso, por onde ele passa, todos o inquirem avidamente; e é assim que a “mentira” converte-se em “verdade”, e a palavra adquire o status de arte! Um abraço fraterno do amigo, Nicodemos Sena

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NILTO MACIEL: Soares: Conto enigmático, feito de sugestões. O leitor se enreda nas entrelinhas, tenta se safar, se entender, e pode terminar mais enredado ainda. Porque tudo pode ser obra do narrador-escritor. E é. Porque não há realidade em arte ou na obra de arte.
“Hanna” é um retrato, uma pintura, mas é também um esboço de história. Como o que se vê de uma janela, estando quem olha não muito próximo dela. Então tudo o que há lá fora é suposição. A imaginação há de ser capaz de ver o que acontece ou está do lado de fora. Nilto Maciel

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PAULO REZENDE: Velho Feitosa, você está cada vez mais íntimo das palavras. Estão todas “comendo na sua mão”. Sonho de qualquer escritor. Muito boa a história da Hanna, mais que isto, muito bem contada. Abração. Paulo

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RAFAEL BARRETO: A propósito, o ensaio-conto é fantástico, a eterna perquirição acerca do belo, uma das constantes angústias do humano. Abração. Rafael

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RAQUEL NAVEIRA: Caro amigo Soares Feitosa, os retratos de mulheres fascinam. Assim foi com “Mona Lisa”. Assim foi com “Hanna”. O mistério desses seres marinhos e profundos, que puxam para o abismo e geram vidas. Envio-lhe um poema sobre o “Retrato de uma infanta”. Feliz por encontrar no site o trabalho de minha distinta ex-aluna e amiga, Edna Menezes. Poesia e magistério são histórias de aprendizagem e afeto. Abraço fraterno, Raquel Naveira

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RAY SILVEIRA : Caro Poetamigo. Ninguém pode se queixar da falta da parte de baixo (ou de qualquer outra parte) da sua “Dorian Gray”. Não se trata exatamente de uma “Dorian Gray”, pois você mesmo declara: “Leitor, por obséquio, não me pergunte sobre desfecho. Isto pertence ao passado, algo totalmente inacessível até mesmo aos senhores historiadores”. Uma coisa é certa: um retrato de mulher, para ser fiel ao original, não pode mostrar tudo. Ainda que se trate de um nu. E mesmo que o artista seja um Holbein, ou mesmo um Rubens, ou um Rembrandt. Veja o que diz sobre elas, as mulheres, um ginecologista da alma: Les femmes sont des poêles à dessus de marbre. (Honoré de Balzac). Parabéns pelo excelente texto. Um abraço
Ray Silveira

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REGINA LYRA: Querido Soares, a beleza do conto está exatamente no mistério. O mistério do sonho, das histórias, das ocorrências. Da procura por moça tão bela O principal receio daquele que sonhou aqueles traços superiores é não permitir a visão da parte inferior. Belo momento de encantamento e saudade! Beijos, Regina Lyra

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REGIS FROTA: Poeta Feitosa, adorei seu texto, recordei do Cortàzar, “nas babas do diabo”, ampliando as fotos, tornando abstratas as imagens… achei você de melhor nível. Parabéns, poeta!

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RICARDO ALFAYA: Caro Soares, não farei comentários técnicos, desta vez, direi apenas que achei delicioso o texto. Muito sabor. A moça é linda, e você conduz bem o suspense, aproveitando os recursos de ampliação gradativa da imagem até que a pintura, excelente, apareça diante de nós em todo esplendor, o que nos leva a compreender e compactuar com o sentimento experimentado pelo personagem principal.
Ah, sim, desculpe somente ter dado retorno agora. Esta mais recente edição de Nozarte foi um processo muito difícil, absorvendo muito tempo. Hoje finalmente pude ir até lá com calma.
Faz já algum tempo, li um compêndio de psicologia, no qual o autor mencionava que sempre nos apaixonamos por um ente idealizado, que nunca corresponde ao real. Ele demonstra os processos psíquicos inconscientes envolvidos, que fazem com que durante o que chama de “período do encantamento” o enamorado apenas perceba no objeto de seu amor aquilo que se acha disposto ou interessado em ver. É curioso, pois a partir dessa leitura e revendo minhas próprias paixões ao longo da vida, concluí, um tanto chocado, que na verdade sempre nos apaixonamos por uma... imagem.
Abraços, Ricardo Alfaya

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RICARDO SANTHIAGO: Soares, desempregados? Pois não só o passado está inacessível, como a extensão do presente — aquilo que o sustém. O rosto que não revela, transfigurado que é. E é rosto! Rosto, transubstanciado: o resto. Inacessível — o resto, que revela, contra a louça branca, o que é perdido, desempregado. Não se encontre o corpo, mas se busque. Quanto ao poema, li alguma entrevista em que você dizia ter como costume distribuir seus livros aos amigos – e não vendê-los; pendurá-los às quinas do Direito. Me lembrei imediatamente da lição de Leminski (pra ser poeta, tem que ser muito mais que poeta) e fiz. Até breve. Até breve, poeta. Ricardo

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RENATO SUTTANA: Soares: De fato, fiquei muito intrigado com esse seu conto. Será que o pintor, que nem participou do concurso, que talvez nem tenha ouvido falar dele, foi o que realmente venceu? Então, o menino teria sonhado também esse pintor, cuja pintura, pelos acasos da sorte, teria ido parar debaixo da porta do estabelecimento, para ser sonhada pelo poeta, que por sua vez sonhou menino e quadro, e assim por diante. Ou estou tresvariando? Não sei. Interpretei assim. Outros interpretem como quiserem. Parabéns pelo belo e sugestivo texto. Vai o abraço, do Renato Suttana

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RODRIGO D'ALMEIDA: Sr. Soares, Poeta Maior que és! Fico alegre e envaidecido por receber seu texto sobre o passado: Hanna, Teófilo, adivinhos e feiticeiros. Vale lembrar que o passado vira presente na hora que a gente quer: seja uma alegria imensa capaz de alargar os lábios; seja através de uma gota silenciosa, mas que vem fazendo barulho por dentro. O Passado pode ser saudade. Alívio para outros, com certeza, também está no passado. Rodrigo d’Almeida

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RODRIGO HÉSED: Olá Soares!!! Adorei o abraço literário em Hanna!... os rumos da lenda da gravura sem desfecho... estão a delinear os pensamentos de quem a cria em seus mistérios. Rodrigo Hésed

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RODRIGO MAGALHÃES: Coroné Feitosa, conheço as suas artimanhas! Isto não é um conto. Aliás, isto até zomba da pretensão de contar do conto. Fizeste um ensaio, um ensaio-conto. Agora, um ensaio sobre o quê? Sobre o nosso universo sonhado? Sobre a teoria da melhor estória, que deve ser a melhor contada? Sobre a perenidade do instante-belo, sem passado e sem futuro? Sobre o que é ser um Teófilo, um homem à caça da beleza, um Quixote?
Conte daí! Abraços, Rodrigo Magalhães

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ROSANE VILLELA: Oi, Soares, você é um “parabolista” de primeira, um equilibrista de significantes ocultos na corda bamba dos significados das palavras. “Um quadro e suas versões ao passado” foi outro texto que me levou a indagar se, além da diversão, do prazer que sua leitura nos dá, há um outro sentido. E, como sonhadora ambulante, achei que você, através de seu texto, queria metaforizar a importância do sonho na vida das pessoas, mas não o sonho que se cumpre, pois o desejo de “estar a sonhar” supera muito o fato dele “estar a se concretizar”. Na realidade, o presente só importa quando o sonho não desmancha-se, isto é, quando o “estar sonhando” continua, e é acalentado, aumentado até, através de uma lupa, “retocado” de vermelho e, aqui, pode-se notar a escolha vocabular do “retocado”que implica uma volta contínua ao sonho, corroborada na ausência da parte de baixo do corpo da mulher e da nebulosidade de um dos lados de sua imagem, o que lhe permite divagar sobre ela, não correndo, assim, o risco de “encontrá-la”. O mesmo acontece com o passado. Ninguém quer acreditar na procedência do quadro, pois não é isso o que importa; todos querem continuar “sonhando” e o futuro sobre ele também é insignificante quanto ao seu real valor, que é o de ele estar sempre a se construir. Daí, adivinhos e feiticeiros virem a estar sempre desempregados, inclusive Teófilo... Enfim, a maneira como a gravura chegou às mãos de Teófilo. Ela simplesmente surgiu, sem explicação. E sonhos podem surgir assim também, trazidos pelo vento ou “restaurados” e “rascunhados no ar”. Se Hanna veio pelo vento, ela veio sem dono, livre como qualquer sonho. E se foi restaurado, já existia e nunca, realmente, findara. Esta é a ideia que perpassa todo o texto: a sua atemporalidade e liberdade e a sua importância na vida humana (daí as várias versões). Carinho, Rosane Villela

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SANDRA FASOLO: Oi, Soares. Recebi o teu texto, “Um quadro e suas versões ao passado”. Muito obrigada, adorei!
Eu já havia lido os textos na tua página, mas, nossa! Eu sou à moda antiga. É muito diferente ler impresso, ainda mais que colocas imagens junto com os textos, lindo, lindo! Já pensou um livro teu com este título? “Hanna, Suas Versões ao Passado”! Ficaria belo demais ver os teus textos, poesia & prosa, reunidos num livro, ou dois ou três.
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(Adorei ler sobre a tua vida lá na página, fiquei pensando: será que ele fez da vida que já era vida-literatura a literatura-escrita ou será que ele tendo sangue-literário fez da vida-não-literária, vida-literatura?... a tua vida parece mesmo já... como dizer... dá a sensação de que a literatura te envolveu desde o berço, mas acho que tens “culpa” em eu sentir assim pois escreves muito bem. Eu adoro tuas poesias.

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SANDRA SANCHES BALDESSIN: Poeta, li a história da moça Hanna e de Teófilo, ou a história que Francisco viu porque tem olhos de ver. Você bem sabe que sua prosa me cativa! Sandra

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SILAS CORREIA LEITE: Benza-Deus. Moinhos e velcros? Que desvéu é esse? O Feitosa, na prosa, quer pegar a gente pelo colarinho da palavra? Onde já se viu isso? Onde há fumaça há salvos de incensos? Adorei o conto com técnica meio borgiana que ora conta, ora desmonta, ora joga bruma, depois sapeca introjetando ensaio, feito estúdio de descombros, enlivra o dizer e joga água palavrática na fervura. Já pensou? Ah, a repeito do Feitosa, há outra contação, é claro, sem tirar nem pôr. Soares Feitosa, tudo o que se dizer dele é pouco. Ele é magnânimo.
Tem um site bonito, faz uns agitos legais, coloca a alma no que faz, escreve bem par caramba, coloco-o junto com o Erorci Santana e mais outros/alguns como um dos melhores da poesia brasileira contemporânea, pouco o conhecemos no táctil/ presencial mas o temos como se fosse, perdão, alma gêmea - bem aquilo que cantou o Rei Soares Feitosa é "um amigo de fé um irmão camarada.
Ele é uma alma generosa no mundo às vezes frio-bruto da web. Dá nos o Palco Iluminado do JP e ali todos caem feito um chão de estrelas. Nesse mundo da net, ele, certamente, tem estrela própria, luz próprio, aura e halo próprios. Fino, humanista, inteligente e verdadeiro, coloca inteligência cult na Internet, abre páginas, semeia poesias, faz das tripas chips e assim vai o bolero-blues-baião. Um agitador-promotor lítero-cultural. Fora de série ou fora do sério. Citando o saudoso Gonzaguinha, ele é exatamente gente mais maior de grande.Tenho-o em grande valor, é de ótimo quilate, saca os lances, pinta e borda, o site dele, aliás, já entrou pra história. Já pensou?
Soares Feitosa faz falta quando eventualmente dá um chá de sumiço, queremos saber quais as últimas dele, lemos/vemos/cremos nele, é rotineiro seu estar conosco, seu site é referencial, o indicamos para amigos, parentes, alunos, colegas, e todos dizem, aleluia, o JP é dez! JP é signo ficante e Soares Feitosa em seu canteiro faz brotar o que melhor esperamos nas nossas relações: humanismo, ética, a arte como libertação, para citar Bandeira. E não é isso que esperamos todos, das pessoas com as quais nos relacionamos, muito mais ainda quando depositamos nossos criames nas mãos-tabuleiros delas? Às vezes a literatura é clube de egos, panelas, bueiros, esgotos góticos, mas com o Soares Feitosa é uma no cravo e outra na iluminura. Ele divulga, detona, alumbre, viça, bate o pênalti, cabeceia pro gol e ainda veste a número um. Sorte nossa. Não existe gente fina assim na web, é jóia rara, coisa rara.
Soares Feitosa é nota mil em verso e prosa.
E ainda deve manjar muito desse bicho cabeludo chamado computador.
Habemus Feitosa.
Os que vão sobreviver são saúvas
FUI
Silas, poetinha de Itararé

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SOLANGE STOPIGLIA: Bom-dia! Agora cedo, na calma da manhã deste meu singelo local de trabalho, li calmamente teu texto e digo-lhe ao mesmo que indago: O que esperar de tal quadro? Das palavras firmes e envolventes de tal mistério? Cada qual em seu íntimo, cria a sua versão fantasiosa em prosa sobre tal história. Ou seria em poesia? Também claro que poderia. Bem Senhor, “coronel” assim chamado por um rapaz que deixou recado; creio ser um dos melhores textos a me levar a longos devaneios. Abraço de mais uma admiradora de teu trabalho. Solange Stopiglia

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TERESA SCHIAPPA: (Comentário horaciano:
Tu ne quaesieris, Leuconoe...
Tu não indagues, Leucónoe...)


Desta vez, contudo, a advertência não se dirige à jovem e sim aos curiosos leitores da história, que desejariam saber mais (demais...) sobre a personagem do quadro, cativa dos sonhos de Teófilo.
Do encanto da pintura às encenações fotográficas que o projectam em dimensões crescentes – embora nunca de corpo inteiro – sobressai a recusa do “modo acontecerá”, a poética do carpe diem (“colhe o dia”) onde o olhar da personagem e a vontade do seu poeta nos deixam.
Mas será que feiticeiros e adivinhos estão mesmo todos no desemprego?
Um abraço grato por este momento de “vidência”!
Teresa Schiappa

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TULIO MONTEIRO: Nada mais instigante, meu caro Soares Feitosa, que um texto coerente, corrediço e livre de erros ortográficos. Some-se a isso personagens misteriosos, literariedade e um final “aberto”, daqueles que levam o leitor mais exigente a burilar, por horas a fio, sobre quais alinhavamentos e arremates nem seriam mais interessantes. Temos, pois, o nascimento de um clássico. Fica um abraço! Túlio Monteiro

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VERA QUEIROZ: Caro Feitosa, seus contos-conversas com as artes plásticas já dão um belo livro (acho que já observei isso) e esse é uma das peças raras, é lindo e a mulher do quadro é deslumbrante, merece seu texto. Um beijo. Semana que vem estou livre, férias enfim, vamos almoçar na quarta? Confirme, please. Um abraço, Vera

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WANDERLINO ARRUDA: O que é mais lindo: o quadro “Hanna”, de Allan R. Banks, ou o rico texto de Soares Feitosa? Qual mais colorido, mais inteligente, mais generoso em configurar sentimentos? Hanna, crescendo desvendar mistérios, detalhamento, impacto, marcante vermelho sobre fondo oscuro; o texto, marcante garantir de estilo, visível indagar de sonhos, multifacetado colorir semântico, tudo só possível como bateia e cadinho do minerador Soares Feitosa. Mais do que suficiente para ser real e eterno. Wanderlino Arruda

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WEYDSON BARROS LEAL: Querido poeta, ótimo o conto, o quadro, o Teófilo, a escrita. Você, com todo esse conhecimento de religião e filosofia – não admira o nome “Teofilo” – acrescido de todo seu conhecimento de Kafka, criou um conto dos bons. Podia até ser mais longo, que você tem fôlego pra isso. Não sei se todo leitor lhe acompanha. Enfim, coisa boa, como tudo feito por você.
Parabéns e obrigado.
Weydson

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ZILMAR PIRES MOTA: Doutor Soares Feitosa: Li e reli UM QUADRO E SUAS VERSÕES AO PASSADO. Bela história. Leva-nos a fazer indagações. Gosto da maneira como escreve, é como se estivesse falando. Faz o pensamento criar as imagens. Sempre visito o seu "site", o JORNAL DE POESIA. Obrigada e um fraternal abraço. Zilmar Pires

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