Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Hideraldo Montenegro

 hideraldo2007@yahoo.com.br

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Poesia:

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Ruth, by Francesco Hayez

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), L'Innocence

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Blake, Death on a Pale Horse

 

 

 

 

  

 

 
 

Hideraldo Montenegro
 


 

CANTATA - HUMANO CANTO


O dia convida ao açoite
das palavras que se fazem vento

Tantos fantasmas invadem o dia
que a noite só resta o silêncio

Penso nas horas
que passam como vento
e voam pela janela

Penso nas crianças que hão de vir
e nas crianças que ficaram
presas na memória

O pó ocupa todos
os espaços
e não pára de correr
pelas frestas
da mente

Na quietude
o tempo corre mais veloz
e torna-se absoluto poente

Contemplo as flores que nascem
com as horas contadas
mas que se eternizam
no tempo

Os relógios não determinam o tempo
apenas demarcam os espaços
que o ponteiro percorre
entre um ponto a outro

Já é Outono e as flores
se despedem
e os seus abraços já não são os mesmos
desde janeiro

Espero a chuva cair
e o que passa são os olhos
-vitrines que se renovam
a cada estação

As manhãs acordam mornas
e esperam aquecer
a vida
Lá fora um trem passa
como se fosse apenas cumprir uma obrigação

Mas, sabemos dos olhares que observam
a paisagem que somos
-estática?

E o gado fixa-se no solo
e cerca o território com olhares
imóveis
no espaço

E não sabem do tempo
que o corrói

Mas é absoluto em sua certeza

Só o homem dobra os passos
e esquece das estrelas no céu

As rugas fixam-se em meu rosto
e contam histórias esquecidas

A tv desvia o olhar
do espelho
e vamos surdos para encontros
programados
com máscaras e sorrisos
avisos prévios
editais
e cenas de postais

Visto minhas horas
sem disfarces
e alcanço tuas mãos
entre espelhos diversos
e nenhum beijo te acorda

Meus pés são uma farsa
sobre a estrada
e sinto calafrios
dos teus beijos
-inevitável despedida futura

Você olha para mim
sem compreender a si mesma
e escuta o canto dos pássaros
na manhã

E os pássaros cantam na manhã
e os pássaros cantam na manhã

Mas, principalmente, os galos cantam
e desafiam as incertezas

As manhãs nascem do canto
e até mesmo o galo se espanta
da manhã que se levanta
no seu canto

E, como o galo, também me espanto
mas não consigo deter este canto

E o canto perdurará mesmo quando não houver
mais pássaros nas manhãs

Os homens oferecem pontes
aos pés que não levam
a um outro ponto
do universo

As pontes ligam
apenas o reverso da perspectiva
-ir e vir é a mesma coisa
e quem vai cruza com seu futuro
na volta de quem foi

Os rios foram feitos
para nos atravessar
-batismo purificador
das águas da fala

Configuro emoções
para este momento underline
e formato lembranças ideais

Formato meus prazeres
para você
e te ofereço flores
como oferecesse pão


Visto as palavras para criar universos
-Esta é minha forma de me abrir
como canteiros que se preparam
para as abelhas
que fecundarão o mel

E ofereço para ti
estas asas
abertas para o céu

 

 
 

 

 

 
Elizabeth Marinheiro

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Edna Menezes

 

 

 

 

 

3.10.2009