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José Geraldo 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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  • Bio - bibliografia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Titian, Venus with Organist and Cupid

 

 

 

 

 

José Geraldo


 

Nos salões da casa branca


Há notícias bem vulgares,
Há outras de alta patente,
Como essa que a Casa Branca
Divulgou recentemente,
Ou seja, uma portaria,
Que às boas normas se alinha,
Rogando que as funcionárias
Não trabalhem sem calcinha.

O caso só faz sentido
Para quem, de saia curta,
De usar a roupa de baixo
Conscientemente se furta...

Por que se furtam, suponho
A resposta que hão de dar:
– “Ela precisa de vento,
Cria mofo, se abafar...”

Houve uma que, há pouco tempo,
O que era dela mostrou,
E houve até fotografia
Que na imprensa se espalhou!

No flagrante, a funcionária
Sai de lado e está patente
O ar escandalizado
De quem viu tudo de frente!

Se o fato não transpirasse,
Não viria a sugestão
De pôr as intimidades
além da especulação

Diante de tal proposta
Eu suponho, e é natural,
Que arejar aquelas coisas
Seja moda nacional.

(Nacional lá nos Esteites,
Onde talvez seja franca,
Se agora querem bani-la
Das áreas da Casa Branca.)

Se andam sem calcinha agora
– No inverno de lá – então
Como será que elas andam
Nas quenturas do verão???

Co’essa moda que praticam
(Bem refrescante, isso eu acho...)
As muito descontraídas
Mostram tudo lá de baixo...

E o fazem porque se sentam
Sem disciplina, sem jeito,
Deixando as intimidades
Ganhar seu próprio conceito...

Num caso assim é possível
Que uma resposta aconteça
Quanto à cor original
Dos cabelos da cabeça.

Dirá quem viu: – “Vejam só
A bomba que agora estoura:
Eu a conheço faz tempo,
Pensando que fosse loura!”

E inda dirá: – “Eu espalho,
Depois de ver essa cena,
Que é loura oxigenada,
Pois embaixo é bem morena!”

Outra idéia que me ocorre
É que, quem a coisa expõe
Faz propaganda, e sugere
Bem mais do que se supõe.

Por exemplo: uma garota
Que mostra o que a faz mulher,
Quer que se entenda: – “É gordinha,
Não é como outra qualquer!”

Ou então: – “Compare a minha
Co’a das outras! Vejo o zelo
Com que eu cuido das beiradas
E o crespinho do cabelo!”

Uma terceira sugere,
Ao mostrar a cabeluda:
– “A autêntica fogoió
É mais nobre, não se iluda!”

Vem junto co’o que se vê
O que uma quarta apregoa:
– “A minha já está grisalha,
Mas ainda está muito boa!”

As sugestões certamente
Iriam muito adiante
Mas eu fico por aqui,
Não levo a tarefa avante,

Porque, por mais que se queira,
Decerto não se adivinha
Como e quanto elas exibem,
Se arejando, sem calcinha...