João de Moraes Filho
SONETO PARA O AZUL
O paraíso é onde o coração bate mais forte
E, olha, eu tenho o meu aqui: toca nele, é teu, dorme.
O destino nunca bate à porta
A penas entra sorrateiro.
Kátia Maccés
A fita azul amarrada em teu passo
reflete céu e barcos soprando ondas
jogadas na areia, desfazendo pegadas
que nenhum farol guiou, mas ilumina.
Arrebenta e parte cada palavra
pregada na saliência aguardada.
Essa presença sentida no toque
se ajeita no peito guardado nu.
Nesse imenso azul flutua só, pássaro
lavando a alma em bem-me-quer: pouso
arriado em mulher despetalada,
em lençol de areia iluminada,
tecendo vôos, escancaradamente,
em leito nascido de chão pisado.
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