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João de Moraes Filho

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Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário:


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

Albrecht Dürer, Mãos

 

 

 

 

 

 

 

Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

João de Moraes Filho




Bio-bibliografia

 

Nascido em 21 de março, em Salvador e feito poeta na cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano onde viveu sua infância. O poeta é graduado em Letras pela Universidade Federal da Bahia, onde iniciou atividade de pesquisa pelo PIBIC/CNPq no Projeto Reconfigurações de Imaginários e Identidades sob coordenação da Profª. Drª. Eneida Leal Cunha.

Em 1987, vai morar no Rio de Janeiro, é quando inicia a escrever seus primeiros traços literários, após ter lido o livro O menino maluquinho de Ziraldo. Em 1988, edita por conta própria os livretos datilografados A menina inteligente e Pode – o criador. Em 1995 volta a morar em Cachoeira, onde funda com amigos a Academia de Desenvolvimento Cultural, ONG da qual foi presidente de 1997 a 1999, ano em que ingressou no Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, graduando-se em Letras Vernáculas em 2003. Em 2001, coordena projetos para publicação Jovens poetas no Pouso da Palavra Arte, Cultura e Comunicação, entre estes: o Movimento poético Poesia na Parede, a Coleção Ofício Dobrado e Quatro Poemas Menores. Neste mesmo ano, participou da edição comemorativa Murilizai-vos, 100 anos do poeta Murilo Mendes, livro editado pela Edufba/Pet/Capes. Dentre suas publicações estão o livretro-experimental Poemas Menores e um Pôster Poema Ora tória, integrando o projeto Poesia na Parede; Concerto Lírico a quinze vozes – Antologia dos Novos poetas da Bahia, organizado pelo poeta José Inácio Vieira de Melo, além de publicações em sites, Jornais, Periódicos e Revistas Literárias do Brasil. Em 2004 ganhou o Prêmio Braskem de Cultura e Arte categoria Literatura / poesia -para autores inéditos, com o livro Pedra Retorcida, editado pela Fundação Casa de Jorge Amado Coleção 123.

Como Arte-educador desenvolveu os projetos Poesia Ouvida: Oficina de Literatura e Criação Literária e o projeto Língua, Cultura e Literatura, ambos no Programa de Educação Supletiva da Fundação Garcia D’Ávila, Praia do Forte, Litoral Norte da Bahia, onde também foi coordenador de Linguagens e Eventos. Atualmente coordena a Ong Casa de Barro Ações Culturais, em Cachoeira, Recôncavo baiano, terra onde reside.

Endereço postal:
Rua Ladeira do Orobó, 02 - Cachoeira
Recôncavo Baiano-Brasil - 44300-000 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João de Moraes Filho



Pedra retorcida


Durante algum tempo,
hesitei abrir aquela porta.

O sentido de toda cidade
estava atado, como um nó,
lá dentro. Talvez fosse
o que jamais procurasse:
o sentido das coisas
explicadas por trás das portas.

Algumas Ruas também
hesitei atravessar.
Eram incansáveis e longas,
como as noites brincadas
lá fora, onde tudo mais cabia.

Em verdade,
nada procurava
além de um pequeno gole
guardado ou esquecido
por trás daquela porta verde:
sem trancas, maçanetas e levemente arranhada
com a dor de abri-la.

Os olhos esverdeados
acompanhavam a inquietação do vento
se infiltrando pela porta exilada
com quem fala: ó de casa!

(As Ruas atravessam o tempo não vencido.)

Aquela porta que hesitei abrir
largou mão de sua fronteira
e deu lugar a janelas
que me assombram pacientes,
até que o frio as feche novamente.

Faz frio por detrás das portas retorcidas;
o outro nos decifra,
enquanto se esconde.
 


 

 

 

A menina afegã, de Steve McCurry

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Jamesson Buarque

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João de Moraes Filho



Engenho vitória


Um silêncio ressoa cá dentro.
Talvez alguma faísca infantil
calasse o risco da margem esquerda dessa mão
calejada em favor do tempo.

Chamam caminho,
a queimadura esticada no chão
de um canavial verde-cinza renovado.

Não que se queira,
mas esse cheiro fumacento de labuta
não escolhe estações.

 

 

 

 

Maura Barros de Carvalhos, Tentativa de retrato da alma do poeta

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Vera Queiroz

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João de Moraes Filho



Hermano
ao puro cubismo de um Paraguaçu legítimo


Essas sombras luminosas
tecem a noite escondida
sobre a moldura da Igreja do Amparo
onde meninos velam cinzas
que esmaecem e atritam a morte
com o tempo pintado
num sobretom clareado de azul.

 

 

 

 

Octavio Paz, Nobel

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Teresa Schiappa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João de Moraes Filho



Projeção cachoeirana em 16mm


I
Por baixo dos tapetes
escorrem versos cadenciados
de rotina concreta
enquanto o ano encerra quatro estações.

II
Lá fora, a procissão carrega um corpo nu
sem códigos de barras nem etiquetas azuis.

III
Exilado,
fujo em barquinhos de papel
jogados, em dias de chuva,
no filete de uma lágrima.

IV
Olhando em janelas,
lembro das felicidades,
Baudelaire, Narlan,
aquele homem no bar do horizonte
com braços abertos e a felicidade do mundo,
num milagre antecipado.

V
Todos os sóis nascem pontualmente
em portos de margens estreitas
no exprimido das cidades.

VI
... fujo fingindo-te amor,
para não morrer dizendo não.

 

 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

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Theodore Chasseriau, França, 1853, The Tepidarium

 

 

 

 

 

João de Moraes Filho



Asteróide B612


Certas loucuras
me vêm em bolinhas de gude.

Não acredito na lucidez
dos homens que não doem.

 

 

 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

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Márcio-andré

 

 

20/07/2006