Juarez Barroso
Bio-bibliografia
Juarez (Távora) Barroso (de Albuquerque Ferreira) nasceu em
Pernambuquinho, Serra de Baturité, no dia 19 de outubro de 1934.
Filho de José Carlos Ferreira e Clélia Albuquerque Ferreira. Apesar
de se ter formado em Ciências Jurídicas e Sociais, cedo ingressou no
radialismo. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou jornalismo
e publicidade. Por diversas vezes voltou a residir em Fortaleza,
porém em 1966 se radicou na velha capital da República, onde faleceu
em agosto de 1976. Premiado num concurso permanente do antigo
Boletim Bibliográfico Brasileiro, em 1958, foi incluído no Panorama
do Novo Conto Brasileiro (Editora Júpiter, 1964), organizado por
Esdras do Nascimento, e em Uma Antologia do Conto Cearense (Imprensa
Universitária do Ceará, 1965). Anunciou um estudo intitulado Estácio
– Os Professores do Samba, “pretensiosa pesquisa músico-sociológica
sobre o samba nos anos de 20”, segundo o próprio Juarez.
Deixou as narrativas de Mundinha Panchico e o Resto do Pessoal
(1969), ganhador do Prêmio José Lins do Rêgo, do ano anterior, e
Joaquinho Gato (1976). Tem também um romance, Doutora Isa (Editora
Civilização Brasileira, 1978), publicação póstuma. Na “Nota Prévia”
do livro, Mario Pontes esclareceu: “Na véspera de viajar, em minha
companhia, à capital paulista para lá autografar seu livro (Joaquinho
Gato), Juarez adoeceu e foi hospitalizado. Uma semana depois estava
morto. Recebi, então, das pessoas mais íntimas do escritor, a
incumbência de pôr em ordem os seus papéis. Com algumas
interrupções, ocupei-me deles de setembro de 1976 até agora. A
história de Margô, felizmente, pôde ser reconstituída”. A Nota é de
5 de fevereiro de 1977.
Uma das primeiras críticas à ainda principiante obra de Juarez é de
Braga Montenegro, no estudo diversas vezes aqui mencionado.
Comparando-o a José Maia, escreveu o crítico: “é mais espontâneo,
telúrico, dono de um estilo original, mas nem sempre correto de
forma. Suas estórias, engendradas à maneira tradicional de narração,
expressam, entretanto, uma dimensão nova, que as isenta à
contingência da realidade elementar e as transfigura em arte. É ele,
antes de tudo, um impressionista poderoso, mas com um jeito todo
próprio de comunicar suas impressões. Ou, antes: seu impressionismo,
por assim dizer, nada tem de visual, e se define em motivos quando
não imaginados pelo menos recolhidos de uma realidade subjacente que
sugere símbolo”.
Com Mundinha Panchico e o Resto do Pessoal, Juarez Barroso ganhou o
Prêmio José Lins do Rego, em 1968. A primeira edição deste livro
traz nas dobras da capa um texto de avaliação, sem assinatura. Na
primeira parte, intitulada “Sagrada Família”, os contos são
ambientados na Serra de Baturité e estão voltados para o “erotismo
patriarcal”, “o orgulho idem” e “o culto à macheza”. Na segunda,
intitulada “Os Hereges”, os personagens são os descendentes dos
primeiros e o ambiente é Fortaleza.
João Antônio, em “A Geografia do Homem”, estampado nas dobras do
segundo livro, faz o seguinte comentário: “Joaquinho Gato, cujos
contos situam-se geograficamente numa área específica do Ceará, sem
o clima trágico do Sul do Estado, é um livro marcado pela violência,
reflete um estado de humor pesado, carregado de tensões, vida,
angústia de um povo vivendo entre a repressão, a rudeza e as
necessidades primárias”. Acrescenta: “Dificilmente se poderá
destacar, neste seu novo livro, um conto como ponto mais alto. Todos
os trabalhos têm força e garra dignos de representar o flagrante de
um momento de previsões negras dentro de nossas realidades. Cururu,
para dar um exemplo, é página inesquecível, de fôlego e pulso, só
encontrável na grande literatura de Graciliano Ramos”.
Enviada por Nilto Maciel
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