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Página do editor Soares Feitosa

 

Soares Feitosa

Fortuna crítica

Neste bloco:

Edmir Regis

Elíude Viana

Hugo Pontes

João Barcellos

Maria Cristina

Maria Azenha

Maria José Giglio

Nei Duclós

Paulo Torquato Tasso

Regine Lima Verde

 

 

 

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Página do editor Soares Feitosa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um primeiro escrito

 

 

Um segundo escrito

 

 

 

 

 

Um terceiro escrito

 

 

 

 

 

 

Regine Lima Verde

 
 

Que encanto de poesia Feitosa. A fumaça é um pano de fundo para os sonhos.

E o chocolate é doce na nossa boca. A paquera é  áçucar para nossa alma.

Que lindas pontes você faz entre o gesto e o ato , entre o pensar e o agir, entre o olhar  e o sonhar. Gosto de sua poesia. 

 

Regine

 

Nei Duclós

 

Um dia, o barro

(Achitectura)


Amor, risco
de areia.
Casa, futuro
suor.

Poema: pássaro
virá do vento
soprar o barro.
O traço em busca
do próprio torso

Depois de breve
mergulho
a palavra
cala

A palma toca telha
e  tijolo.
O dedo molhado
sonda o deserto.

Maria Azenha

 

 

Que as lágrimas levantem vôo

(A lágrima súbita)
 
 

agora mesmo
és 
um cisne.

os teus lagos são jardins do Nada

há pássaros infinitos à revelia e
cultivas laranjas em varandas
de fogo                                    

secretos vasos

desço então pelas tuas asas
de lágrimas:
de  
neve
e
ouro

depois nada mais faço

que as lágrimas levantem voo
da tua  

infinita

face
 

(maria azenha)

 

Elíude Viana

Architectura ou "Gênesis", Poeta? 

(Achitectura)

        Pois não haveria melhor resumo à primeira parte da literatura bíblica, Profeta, que esse teu poema. Porque nele, além da presença, quase palpável, do amor, que não foi explicitado no livro da criação, ainda teríamos o resgate da figura da mulher-protagonista-cúmplice, alijada (pois "culpada") no relato da construção do mundo primeiro. 

        Teu louvor sensual ao companheirismo enternece, Poeta. E nos enobrece, a nós mulheres.

                                                                Elíude Viana.


Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes

 

 

 

Um primeiro escrito

 

 

Dom Feitosa:

 

Acabo de ler o seu poema (Achitectura) nesta madrugado do dia 20, que ainda só nasceu no quadrante do relógio.

O que me encanta é essa loucura da cinestesia criada pelas imagens, que só a língua do poeta é capaz de criar. Por isso ele é perigoso e merece ser perseguido pelos poderosos do momento: ele anuncia mundos virtuais que, no entanto, existem em nossa sensibilidade.


            Vate, vade rectro!

                                    Diatahy

 

 

Um segundo escrito

 

 

Feitosa,

 

Acabo de ler sua lavra nova (Nunca direi que te amo). 

O poeta é um observador terrível e subitâneo. 

De repente, sua fala é dominada pela sensação inesperada e ele diz coisas antiqüíssimas, porém inéditas. 

Gostei.

Diatahy

 

 

 

 

Paulo Torquato Tasso

         

        Um primeiro escrito

         

(Achitectura)

 

Achitectura cheira a terra, cheira a origem, cheira a mato, cheira a primórdio, cheira a raiz. As pessoas se deslumbram com isto por estarem, talvez, em busca de algo que não encontram no nosso mundo. O que parece é que você também não está encontrando, haja vista a emoção concentrada em dose cavalar que conseguiu colocar em apenas duas dúzias de palavras. Contudo, traduziu não só sua agonia, mas a de milhares de pessoas: daí a magia do artista.

Se realmente existirem neste país poetas, intelectuais e críticos que mereçam estes nomes, tua obra será leitura obrigatória para os vestibulares do próximo século (existirá este diabo então?).Você seria sempre artista, independentemente do instrumento de expressão que utilizasse.

 

 

Um segundo escrito

 

 

Fiquei horas tentando descobrir de onde vem a intensidade que Nunca direi que te amo transmite. As palavras são conhecidas, as expressões também. Acho que a coisa tem mais a ver com a estruturação das frases e com o uso das preposições em sentidos não convencionais. A propósito, o que vem a ser um "porto de nenhum aviso"? O porto de destino da morena que navega? E o que são os "contrastes" de um aviso? Contradições, surpresas?
Abraço.
PAULO TASSO

 

João Barcelos

 

 

Um primeiro escrito

 

Soares Feitosa e sua poesia universal. Que belo! Dá-me vontade de viver mais a Vida! A vivência literária de Soares Feitosa (Psi, a Penúltima, Ed. Papel em Branco, 1997/Salvador/BA) é telúrico-cósmica na sua refrescante dramaturgia pelo qual nos é dado o Saber humanizante.

Encontro nesse poeta o som vivificador de uma metalinguagem talvez ancestral: entre pedras, águas e animalidade, enraizamo-nos na contemplação própria e das circunstâncias. E é tão forte, tão social e filosófica essa poesia! Sim, que me atrevo a dizer dela uma poética d'inovação. 

Lá de Fortaleza (CE), o autor trata a vida no quebrar das ondas do Divino Estar, faz-lhe e faz-nos eco humanizando esse som telúrico cósmico, porque somos a Besta enquanto queremos ser...

Psi, a Penúltima, é um talvez novo idioma poético, metalinguagem sensorial e cibernética. Ler esse livro é re-aprender a Vida!

[Jornal das Artes, São Paulo, set/97]

 

 

Um segundo escrito

 

 

 

Soares Feitosa
o poeta

(Nunca direi que te amo)

 

E todos os escritos poéticos de Soares Feitosa sabem-me a néctar encorpado na delicadeza charmosa das vivências.

Digo, por isto mesmo, que viva o Poeta!

É raro, muito raro, em mim, não escrever de imediato o instante da sensação recebida pela leitura de outros escritos. Faz tempo que venho lendo Soares Feitosa - o Poeta, e eis-me diante de um desses instantes que me levam adiante, fazem-me saborear longamente cada verso, cada traço poético (como aconteceu lendo Joyce, Adélia Prado, Octavio Paz, Sá-Carneiro, Quintana)... Soares Feitosa chega(-nos) com a fragrância de um viver profundo, meticuloso até, e no entanto, sente-se o desprendimento nas entrelinhas do seu existir literário.

Que viva o Poeta!, pois. Porque é desse estádio do desenvolvimento intelectual que falo, e ao qual poucos chegam. Sim, a Poesia sublime e profunda e perfumada de Soares Feitosa bebe-se para se refletir à luz das chamas da lareira que somos... quando queremos e somos Alma!

 

Maria Cristina

 

(Nunca direi que te amo)
 

Caro Soares Feitosa, 

 

De poesia nada sei; não classifico, não identifico estilos, ignoro seus aspectos técnicos (admite-se tal?)...enfim,  imagino que saibas a que ordem de seres pertenço; àquela dos que sentem a poesia com o único recurso de que dispõem - o coração. Talvez ousando uma interpretação sobre essa categoria de seres, diria que utilizam a alma mas, essa alimentada pelo corpo aonde estão inscritas, como tatuagens,  os sons e signos da vida.Enfim, sem dar asas à esse devaneio interpretativo, gostaria de registrar minha profunda admiração pelo seu trabalho; trabalho esmo...esse de criação de um Jornal da Poesia, que descobri por acaso há alguns meses...vasculhando os serviços oferecidos pela Internet; que surpresa, quanto prazer, quantos momentos maravilhosos sua página já me ofereceu. 

Tenho brindado um grande amor com poetas fantásticos que compõem a galeria do Jornal. Tenho divulgado entre os que me são queridos seu trabalho. Cheguei a pouco nesta Fortaleza, ficarei um tempo e seguirei por outras trilhas. Mas, minha passagem por aqui está marcada por sua "criação" poética. Confesso que até então, havia percorrido a poesia dos que lhe acompanham aqui e, hoje, curiosamente fui em busca da sua poesia. Estou "encantada" com 'Nunca direi que te amo'. O que posso eu dizer?  Criador...Cria dor...alma remexida; fui em busca de mais - encontrei Femina ...

Sem palavras. Obrigada, 

Maria Cristina <macbunn@secrel.com.br>

 

Hugo Pontes

 

Psi, a penúltima, Ed. Papel em Branco, Salvador, 1997. 

"Nada define melhor a sensação se abrir um Feitosa: a poesia invade! Nosso multinordestino — Ceará/ Pernambuco/ Bahia — erigiu um novo patamar literário e arte o abençoou."

Aproveito o comentário feito na orelha do livro, por Antônio Massa, para dizer, que o poeta Francisco José Soares Feitosa é, sem dúvida, um nome na poesia brasileira por ser ousado, criativo e inovador.

Sua obra ganha dimensão do universo pelos variados temas que aborda  com propriedade e numa linguagem poética que vai do lírico ao épico.

Sem dúvida, na atualidade, Soares Feitosa torna-se pelo poder da palavra — que tão bem sabe manejar — e competência própria o poeta da terra e da gente nordestina.

Vejam esta amostra:

 

Strip-tease

         Jamais eu ficaria quieto
sob o teu olhar;

         que muito menos quietos,
no direito de ir e vir,
         sobre o teu corpo,
seriam os meus olhos lívidos.
 

         Porque sobre mim,
bastam os sons
         dos teus vestidos:
já me desvestem a alma.

[Coluna Comunicarte, Poços de Caldas, MG, 14.8.1997] 

 

Maria José Giglio

 

 

Um segundo escrito

 

 

Seu livro veio confirmar a indelével impressão que conservo da Bahia. Uma palavra só a expressa: demasiado. Para minha pele clara, meu regime vegetariano, minha saúde de porcelana, meu olfato ultra-sensível que um dioríssimo agride; o sol, calor, a exuberância das frutas, dos odores, das iguarias baianas, é demasiado. Agora seu livro com sua capa ensolarada onde floresce um mandacaru grego, suas duzentas e cinqüenta três páginas com fotos, cartas, epígrafes, prólogo, apêndices, bíblia, jornal, manifesto, odes e réquiem, formula-um e prozac, pecados capitais e internet — é demasiado. 

Preciso que você me dê um tempo. Para mim a Bahia precisa ser em conta-gotas. Por enquanto estou sob o impacto da imburana-de-cheiro. Eta idéia singular essa de grudar um envelope com pó-perfume num livro de poesia! Rapé, diz você? Pois, meu caro, é a over-dose exata para o meu suicídio. E previno-o, antes que você consiga me enviar as abelhas que dessa vez lhe fugiram — sou alérgica a picada de insetos. Precisei caminhar quarenta anos pelas trilhas sinuosas da poesia, para topar com você, Soares Feitosa, navegando na Internet com uma arca-de-Noé. Assim é impossível não lhe querer bem.

 

 

Um segundo escrito

 

 

Li, com a atenção que merece, seu grande livro. Tudo. Introduções, cartas anotações, comentários, e seus poemas. Uma primeira impressão ressalta: a sua dicção discursiva não cansa. E isso pelo feliz achado de intercalar como pequenas ilhas, ou como aqueles corredores de pedras que facilitam a travessia, esses versos explicativos, que aludindo o assunto tergiversam, cortam a corrente, permitem uma pausa, um respiro alentador. Concordo, você é um épico. E seu tema vem das origens e irá até quando houver humanidade: a insuportável percepção da inconseqüência cósmica. Você me remeteu ao existencialismo, ao absurdo, ao mito de Sísifo, a Albert Camus. 

Enfim, amei o seu poema  Dormências. Tangida por imprevistas circunstâncias cheguei aqui, digo, em um sítio, antes, “praciana, da cidade grande”, e durante quatro anos aprendi na escola da terra, a teimosia das dormências vegetais e humanas. E como se tudo isso, e muito mais que deixo para as próximas cartas, não bastasse, seu livro é uma  maravilhosa resposta aos apocalípticos do verso, esses que apregoam, embotados por todos os prós-e-prés da modernidade, a morte da poesia. Viva!, afinal, esse daimon que o possui! Está claro o recado: os deuses ainda não abdicaram do sagrado direito de rir por último. E voilà.

 

Edmir Regis

Confesso que foi uma agradável surpresa ler seu poema SIARAH, explosão telúrica sobre um tema angustiante aos nordestinos: a Seca. E aqui cabe a observação de Paul Valéry sobre a poesia: “Tentativa de representar ou de restituir por meio da linguagem articulada aquelas coisas que os gestos, as lágrimas, as carícias, os beijos, os suspiros procuram obscuramente exprimir”.

No seu emblemático poema — testemunho da construção do Canal — a angústia e a lembrança de pessoas e coisas, profundamente marcadas pelo social, Soares Feitosa nos faz acreditar em visões, profecias, cavaleiros e conselheiros!

É a revelação pela poesia.

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