Jornal de Poesia

 

 

 

 

 

 

 

Junot Silveira


 

Psi, a penultima

 

Psi, a penúltima letra. Não a última, como derradeira fosse a sua obra ou nada estivesse por vir... Soares Feitosa, grande autor e poeta retratou em sua obra Psi, a Penúltima o que há de eterno. A essência, as raízes, o retrato poético do homem. Livro que reúne diversas poesias, é, no todo, o verdadeiro poema, autêntico em sua grandiosidade.

Revela, na sua linguagem sertaneja, lírico-sensual, uma multiplicidade de gêneros e tendências tão pouco vistos atualmente. Traz, o livro, em si, o sabor da terra (eis que em seu interior descobre-se um envelope razendo sementes de umburana como o próprio autor diz: “Do lado de dentro, rapé de umburana, cheiro e talvez os sons, as estrelas (...)”.)

Retrata a sensualidade em seu poema, “Femina”, lembranças e belezas como em “Convite à Flor”. A realidade crítica, hilária e verídica em “No céu, tem Prozac” (Mãe, no céu tem pão?).

Livro surpreendente, atual, de grande profundidade, o de Soares Feitosa. Não traz a coerência dos academicistas, nem um modelo clássico ou pré-moldado. Ao contrário, de maneira incomum (talvez por isso tão verdadeira...) revela modernidade. Não uma modernidade descabida, mas rica em encantamento e ternura. É universal. “(Guardo tuas coisas para uma viagem: em que tempo?)”.

Viajar nas poesias de Soares Feitosa, como ele mesmo diz em “Uma Canção Distante” é, não só uma tarefa perigosa, como prazerosa: arriscamos naufragar no seu mar de lirismo e beleza.

Há muito não se falava com tanta sutileza na vida, alma humana: tocá-la compete aos seus grandes, indizíveis conhecedores como o citado autor, que nos surpreende com a emoção inerente à sua condição de homem-poeta.

Soares Feitosa, destinado a brilhar, nasceu com esta estrela: o dom de falar nas coisas simples com destreza, maestria e sedução. Dizer a verdade, sem receios: é certo seguir o exemplo dito na dedicatória que me foi feita – seguir o convite.

Vem, meu irmão/tu és um de nós/o medo é uma loucura breve/nem todos sabem o que fazem/ também é certo:/ se não sabemos/ mesmo assim/ poderíamos/ter feito/ um pouquinho mais/ e melhor. É uma enciclopédia viva da humanidade, o retrato da vida cantada em verso, mas que não é o último, nem tampouco único. É o penúltimo...

Obrigado pelo presente. E pelo convite.

Esta opinião é de Fernanda Carvalho de Matos. Minha neta, com 20 anos de idade, em 98 conclui o curso de Direito na faculdade da Universidade Católica. Apesar de tanto estudar e de trabalhar teve oportunidade de ler o livro de Soares Feitosa que lhe entreguei para apreciar. E sua opinião, já proveitosa e admirada. Escreveu sobre o poeta uma literatura que exalta o autor. Esse autor já foi enaltecido por muitos intelectuais. Dentre outros encontram-se Antônio Massa, João Ribeiro Ramos, Jorge Amado, Hélio Pólvora, Thiago de Mello.

A eles se encontra a jovem Fernanda mostrando-se uma literata que já sabe admirar e elogiar Psi, a Penúltima que realmente merece ser considerado um volume de versos agradáveis. E ela, apesar de tão jovem, faz com justiça e devida consideração ao referido Soares Feitosa. Leu em pouco tempo mas para sempre o que escreveu. Merece o apoio dos leitores.


Junot Silveira, professor, jornalista, cronista e editor geral de A TARDE dominical, faleceu a 8.5.2003.

 

Soares Feitosa, 2003

Leia Soares Feitosa

 

 

 

 

 

31.08.2005