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Maria de Lourdes Hortas

louhortas@terra.com.br

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

  • Bio-bibliografia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rafael, Escola de Atenas, detalhes

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Reflexion

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

 

 

 

 

Maria de Lourdes Hortas


 


A Tua Mão


Quando a tua mão pousou
sobre a minha mão
nesse rastro de ave
nesse peso de folha
eternizou-se o instante.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

Maria de Lourdes Hortas


 


Fado Noturno


Cala-te porque não sabes
dos comboios que passaram
nos carris do mar sem naves
onde os sonhos se mataram.

Cala-te porque insone
nas noites adormecidas
tecelã teci teu nome
de estrelas destecidas.

Sobre o mar morto contemplo
minha vida em agonia
minha saudade é um templo
onde rezo cada dia.
 

 

 

 

Psi, a penúltima

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Alceu Brito Correa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Maria de Lourdes Hortas


 

Ardósia


A palma da tua mão é a ardósia
papel onde inscrevi
os versos do meu destino.

 

 

 

 

Leonardo da Vinci,  Study of hands

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Poussin, The Judgment of Solomon

 

 

 

 

 

Maria de Lourdes Hortas


 

Ciranda


Segundos e milímetros
do tempo que nos resta
a festa que foi ontem
é hoje a mesma festa.


 

 

 

Soares Feitosa, dez anos

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Majela Colares

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

Maria de Lourdes Hortas


 

Página de Diário


Assim que, aportando, a primavera
trouxe o rastro de rosas e andorinhas
à janela do quarto onde habito
trouxe também a pomba que, noturna
vigilante velou do parapeito
minha saudade da janela antiga
de um quarto onde dormia, bem-amada
enquanto as pombas lá fora iam ruflando
as asas que abriam a madrugada.

 

 

 

Bernini_Apollo_and_Daphne_detail

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Alcir Pécora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Maria de Lourdes Hortas


 

Estações


Poderia afogar-me
na silente cisterna de lágrimas
léguas de um longo tempo extraviado
quando o mar recua
para ermo horizonte
de incompletude e inesperança.
Todavia há marés que me resgatam
réstia de luz por instantes ferindo
a silente espessura da lembrança.

 

 

 

Da Vinci, Homem vitruviano

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Carlos Herculano Lopes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Triumph of Neptune

 

 

 

 

 

Maria de Lourdes Hortas


 

Recado


Mas quanto mais me alongo mais me achego
Camões/Sonetos



Nenhuma carta
porém ressoam versos:
sabor de mel lavando o sal do pranto
vale de léguas, fronteira inconsistente
pois tantas milhas de mim jamais se apartam.
Que longe ou perto refaço a mesma rota
ao cais seguro, definitivo porto
onde me espero
e sempre me encontro.

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

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Claudio Willer

 

 

 

23.10.2006