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Carlos Willian Leite

carloswillian@uol.com.br 

Entardecer, foto de Marcus Prado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Vinci, Homem vitruviano

 

Aurora, William Bouguereau (French, 1825-1905)

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

Carlos William


 

Biografia:

 

Carlos Willian Leite, natural de Iporá - GO. Poeta, formado em Comunicação Social e Teosofia, acumula mais de cinquenta prêmios em cinco anos de literatura. Expressivo nome da geração emergente. Nada fica impune na poesia de Carlos William, um pássaro que cruza os céus dos versos sem se sentir pássaro; um poeta que voa pelas palavras sem se sentir céu. Carlos William constrói cada verso se sustentando num ritmo alucinante do verbo, no calor da emoção. É capaz de, em sua poesia, dotar o demônio de luz própria e derrubar sem piedade os anjos de asas límpidas que tingem a vida de emoção. Poeta, agitador, Carlos William carrega o brilho que levava Pio Vargas a se instituir numa espécie de tutor da geração emergente. Seus versos são bases que sustentam numa só oratória todos os discursos dos deuses: lá,a água é apenas água, derradeiro sangue da terra. Lá, tudo pode ser tudo num inferno, onde o fogo flameja em silêncio e queima nossa carne nessa fogueira de insensatos

(Texto extraído do programa de: A poesia sem trégua; recital poético , realizado em Goiânia em 10 de março de 2000)

 

Fonte: Poetas de Minas e Goiás
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Carlos Willian Leite


 

Barco


Vós jamais sabereis
do fogo, do ar,
das águas queimando a língua,
do frio ventre das vertente
             – na cova –
sepultando as sementes!


Dos encantadores de abelhas
e suas abelhas encantadas,
           ó senhores, sabei!,
restou-me apenas o trágico ofício
de debulhar o trigo sobre a nódoa da terra
           e – dos vivos –
recolher as cinzas da aurora morta!


Nunca sabereis por que na Barca desta fala cheia
sou meu único e imenso vazio,
                              quando alma é Heráclito
e nunca se banha nas mesmas águas do rio!
            Nunca!
Deste tinir de martelo, sangrando nos olhos do dia
                     – Living of the Day –
jamais entendereis,
sobremaneira quando os galos tecem o fog das manhãs
e os (lí)rios dormecem
                             – náufragos –
nas águas do estio: um grito, por certo,
ali há de caminhar meus olhos,
ao fogo das sombras no fundo do rio!
E se vasto é o caminho
como apedrejar gestos na
                         solidão dos mímicos
ânforas e pardais
senão através dos ecos,
as cordas vocais?


Sabeis muito bem,
que a linguaferus,
que te habita a esmo,
é o limo das pedras de mim memso!


A vida por direito me tem sido assim:
carpas & lascas no tablado
                  (todotosco)
e manchado de carmim!


Acredito: o que voa nos céus
                  não é pássaro
nem tempestades:
são as asas de um barco adejando
no silêncio das idades.


Ó Hipólito a vida não se resume
em corcéis que choram na noite


A vida é mais: um barco de @rrobas
e lentilhas (solitário)
ancorando no meu cais.


Fonte: Poetas de Minas e Goiás
 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

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Carlos Augusto Viana

 

 

 

 

 

 

03.11.2004