Dellano Rios

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

        

 

 

 

Resenha, comentário, reportagem & entrevista:


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

Ticiano, O amor sagrafo e o profano, detalhe

 

Mary Wollstonecraft, by John Opie, 1797

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

Um esboço de Leonardo da Vinci

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

 

 

Delanno Rios

Diário do Nordeste, Fortaleza, Ceará, Brasil

20.5.2006


Verso reverso contraverso

 

Inspirando amores e ódios, na mesma medida, abrasantes, a Poesia Concreta foi o único movimento literário brasileiro a conseguir repercussão internacional. Tendo à frente o semioticista Décio Pignatari e os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, o grupo paulista - fundador e principal expressão da poética concretista nacional - é o objeto de estudo do livro “Poesia Concreta brasileira”, do argentino Gonzalo Aguilar. O obra preenche uma lacuna na bibliografia em língua portuguesa sobre o movimento que se propôs a reinventar a poesia praticada no Brasil. Augusto de Campos

Quando foi lançada, em meados da década de 50, a Poesia Concreta -com o perdão do clichê - caiu como uma bomba na cena literária brasileira. A revista O Cruzeiro (então, um dos veículos da mídia no país) apressou-se em chamar o movimento de “rock’n’ roll da poesia”. Para o autor do artigo, a Poesia Concreta era, tal qual o então nascente estilo musical, “uma moda importada” e “efêmera”. Passados cinqüenta anos, a produção do trio Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos não foi devidamente digerida e continua a inflamar reações apaixonadas - de amor e de ódio.

Mexer no vespeiro concreto sempre foi uma tarefa delicada. Preenchendo a lacuna deixada pelos estudiosos brasileiros, “Poesia Concreta brasileira: as vanguardas na encruzilhada modernista”, do argentino Gonzalo Aguilar, ganha tradução nacional. Doutor em Letras, Aguilar acerta em fazer uma revisão do fenômeno concreto com distanciamento ideológico (tanto quanto possível a uma produção acadêmica) e afetivo.

Eruditos e bem articulados nas áreas de crítica literária, tradução, lingüística, semiótica e conhecedores de mais de uma dúzia de idiomas, os Decio Pignataripatriarcas (como o também concretista Paulo Leminski se referia ao trio) teorizaram sobre a própria criação. Com isso, acabaram por intimidar uma crítica posterior. Não que não tenham encontrado quem se propusesse a comentar a produção do grupo. Via de regra, os resultados tenderam a se polarizar, entre a apologia e o apedrejamento. Esse último caso, encontrou sua melhor expressão na boca do poeta Mário Chamie, criador da Poesia Praxis, que, em entrevista a Antonio Abujamra (Provocações, TV Cultura), chamou o grupo de “concretinos”.

Partindo de uma perspectiva histórica, Aguilar rastrea as ascendências da Poesia Concreta, como os poetas Mallarmé e Erza Pound; seu diálogo com as vanguardas históricas (Dadá, Futurismo, Cubismo) e contemporâneas ao movimento concreto; a influência daHaroldo de Campos literatura e das idéias do modernista Oswald de Andrade - que, em 1928, afirmou em seu Manifesto Antropófago: “somos concretistas”.

Por fim, em capítulos separados, Aguilar faz um comentário crítico sobre a produção dos irmãos Campos, partindo de suas fases pré-concretas aos mais recentes trabalhos, quando os poemas era produzidos de forma menos programática, tão comum nos anos de Poesia Concreta. De crítica fica a ausência, não justificada, de uma análise semelhante da poética de Pignatari.

Apesar das lacunas, “Poesia Concreta brasileira” cumpre bem o papel a que se propôs: dar a um dos mais instigantes momentos de nossa literatura, um estudo à altura.



SERVIÇO: “Poesia Concreta Brasileira: as vanguardas na encruzilhada modernista”, de Gonzalo Aguilar. Edusp, 408pp., R$ 75,00


 

Link para o concretismo

 

   
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

7.4.2007