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Eduardo Furtado 

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Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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  • Tradutor (para que mais pessoas entendam); sociólogo (para que eu entenda mais as pessoas) e escritor (para que eu me entenda). Ou, resumindo, uma resposta em busca de uma pergunta. 37, SP, SP (2009)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As Carnaubeiras de Catuana

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), L'Innocence

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

  

 

 
 

Eduardo Furtado 


 

A História se repete

 

 

Há três possibilidades: Nietzsche estar certo, e a história ser um círculo; Santo Agostinho estar certo, e a história ser uma linha reta; e todos nós, que sabemos o que é saudade, estarmos certos, já que a saudade pressupõe uma história que se desenvolve em uma espiral ascendente, voltando sempre ao mesmo ponto, mas um nível acima.

É quando a história (a nossa história - afinal, o que é a História, senão uma infinita combinação das histórias de cada um?) sobrepõe dois momentos iguais, mas separados pelo tempo, que sentimos saudade. Isso ocorre a todo instante - ainda mais quando a nossa história já desenrolou espirais o suficiente da nossa vida. Mas porque não sentimos saudade sempre?

A saudade está dentro de nós, mas precisa de um estímulo para se manifestar - uma cor, um lugar... uma música. Às vezes, a saudade se manifesta em forma de uma outra pessoa ou de um outro momento no tempo. E, às vezes, a saudade se manifesta em si mesma.

Quando isso ocorre, somos tomados por uma melancolia que nos deixa em paz. É um sentir saudade por algo que não lembramos, mas sentimos; algo que poderia ter sido, não no sentido de uma possibilidade não realizada, e sim em um gosto de alguma coisa que foi marcante, mas que agora reluz apenas em si mesma. Algo que não está na memória, mas na alma - longe, portanto, de qualquer alcance.

São nestes momentos, em que a saudade se manifesta por si mesma, que tudo parece fazer sentido. Porém, a saudade só pode aparecer como ela é quando se está consigo mesmo. Quando se está despojado, livre dos excessos; quando há silêncio, dentro e fora de nós. Quando estamos sozinhos, podemos apreender como a história sobrepõe os momentos iguais; e o tempo se nos mostra como realmente é - um prazer.

 

 
 

 

 

 
Elizabeth Marinheiro

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Edna Menezes