Jurema Barreto de Souza
Trajetória
de uma metamorfose
As escadarias da FAFIL (Faculdade de
Filosofia Ciências e Letras) da Fundação Santo André foram palco de
conversas, troca de confidências e muita música de violão nos
intervalos das aulas, descobertas impregnadas de poesia, levadas
para fora das classes. Esse movimento espontâneo nos animou, a mim e
a Terezinha Sávio, a criar, em maio de 1982, o “Jornal Literário A
Cigarra”.
Inspirado nos alternativos chamados
“marginais” que burlavam a censura em folhas mimeografadas,
verdadeiras “viagens” de inquietações circulando de mão-em-mão, A
Cigarra nasceu, assim, fruto da necessidade de fazer circular
poesia, estabelecer convivência de interesses e afinidades entre
nós, estudantes daquela Instituição de Ensino.
Datilografado e mimeografado, reunindo
poemas dos alunos de vários anos e de vários cursos, o número 1, foi
acolhido com entusiasmo por alunos e professores. Sairia ainda
naquele ano o número 2, divulgando a imprensa alternativa que
circulava pelo correio. A Cigarra rompeu os limites da faculdade e
da cidade. Assim, por muitos anos, o jornal A Cigarra foi publicado
de forma artesanal, traduzindo-se numa atividade lúdica de partilha
poética. A partir do número 3, passou a ser impresso em xerox.
O que era para ser um projeto
temporário tornou-se um projeto de vida, sempre incentivado a
continuar por um grande número de correspondentes. Em 1994, nas
efervescentes tardes de sábado na Livraria Alpharrabio, onde se
reuniam, assiduamente, grupos das mais diversas áreas culturais,
transformando o ambiente em uma verdadeira “usina de criação”, senti
a necessidade de renovação, o que foi possível graças ao convívio
com o poeta e artista gráfico Zhô Bertholini e o artista plástico
João Antonio Sampaio, que vieram alimentar novas idéias. Inicia-se,
assim, uma nova fase do jornal, utilizando novas mídias digitais e
impresso em off-set.
A partir do número 21, maio de 1995, A
Cigarra transforma-se em Revista Literária, contando com duas
co-editorias gráficas (Zhô e João), utilizando-se de trabalhos de
artistas plásticos em suas capas. No número 30, maio de 1997,
inicia-se o processo de impressão a cores, em muito valorizando a
concepção original dos trabalhos num formato mantido até hoje e que
acreditamos ser ideal. A tiragem também foi significativamente
aumentada, diante do interesse dos novos leitores.
Ao longo destes 25 anos A Cigarra teve
uma constante participação em eventos sobre produção e divulgação
poética, ampliando a circulação de informações literárias e mantendo
intercâmbio com diversas outras publicações do gênero.
Reconhecendo e valorizando nossa
trajetória editorial, a Fundação Santo André (que completa 45 anos
de atividades este ano) participa desta celebração, compartilhando
desta publicação.
Quanto a nós, continuamos acreditando
ser a poesia matéria prima essencial ao ser humano.
Jurema Barreto de Souza
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Jurema Barreto de Souza, poeta,
contista e professora de Educação Infantil e Fundamental, formada em
Letras, Pedagogia, é paulista, de Santo André.
Editou, com o Grupo Livrespaço, a
"Revista Livrespaço" (1992-1994), ganhadora do prêmio APCA 1993.
Edita, desde 1982, o periódico
literário "A Cigarra".
Atuou junto como Grupo Livrespaço, editando livros, participando de
intensa atividade cultural, de 1983 a 1994, inclusive coordenando
oficinas de criação.
Livros editados: "Papoulas e Amnésias"
, "Dalilas Siamesas", “ Poética da Ternura”.
Participou de inúmeras coletâneas,
entre outras, as do Grupo Livrespaço de 1983 a 1990. |