Luciano Tosta
Estudos & catálogos — mãos de Soares Feitosa
Li e gostei muito. Gostei de como você compõe a realidade através da fragmentação,
como conecta o tempo, a paisagem e a linguagem e de como tira-se vida puríssima como
o ar deste teu Ceará ou da minha Bahia destas linhas. Aí está um Brasil ainda
desconhecido de muitos; um Brasil que tem memória com cheiro, gosto, cor e força,
até para “ferrar”. Eu, que escrevo daqui das “estranjas”, duma América que não e
“nuestra”, como queria o cubano José Marti, muito menos “nossa”, como, iludidos,
pensam alguns dos muitos brasileiros que hoje habitam esta Nova Inglaterra onde
estou, mas sempre “deles”, senti saudade de casa, do meu Brasil. Senti no seu texto
também uma certa inquietação e lembrei-me de Pessoa, mas não o do Guardador de
Rebanhos, pois seus bezerros, cavalos, burros e jumentos, mesmo “dóceis”, têm a
vitalidade insuperável de nossa terra e nosso povo, mas sim do seu tardio e
fragmentado “Livro do Dessassossego”. Depois deste prefácio, que venha o resto
da sua angústia, saudade, história! E será bem-vindo!
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