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Ronald Augusto

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Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ticiano, Magdalena

 

Leighton, Lord Frederick ((British, 1830-1896), girl

 

 

 

 

 

 

 

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

 

 

 

 

Ronald Augusto


 

Odisseu para os seus remeiros



o obsceno não fica a caminho de nada
não vale como acidente

quem o quer vasculhar palmo a pau
cu à cona
não deve fazê-lo sem os colhões terceiros


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Ronald Augusto


 

A indiscutível qualidade


cera de operárias em orelhas de remeiros
os mesmos mesmo topando com o cu do mundo

porque o mandachuva deles fechará sua
rosácea de rotas
transtornadas feito chama enunciante

nenhum dos seus comerá de outro pão
hera operária nos buracos dos eunucos


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Bathsheba

 

 

 

 

 

Ronald Augusto


 

Alvéolos ínferos


obra sucata de coração imprudente fez
          aquele não permitindo entre corpo
e linguagem sinal de menor cópula

          pensou ocupar-se apenas do espírito
atribuindo equívocos ao corpo
          e vocábulos atinados ao pensamento em repouso

mas agora o vento nos atormenta e
          nos faz presentes em meio a águas imensas
imaginamos o inimigo nas redondezas

          e ele sem novas da guerra sequer nos pensa
nas ondas do aqueronte opulência sicária
          naked egg insensato e levado de barca

ao mais turvo lordo da bocarra do inferno
          setas inúteis o vencedor agitará
tendo em mira a sombra dos vencidos

          ainda no palácio mudo de ramos e brisa
com desnecessária perícia - depelo congelado -
          equipes rivais para distrair a eternidade

jogam um xadrez de dés no quadrículo interminável
          uma folia de reis onde campeia o empate e
quizila sem margens jugulando talento

          almas-rãs romaria serpente atada à
própria cola e às vezes à alheia
          indo dar por círculos vagabundos em areia

incandescente com rastros de mais gente


 

 

 

Michelangelo, 1475-1564, David, detalhe

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Andréa Santos

 

 

 

 

 

 

 

John Martin (British, 1789-1854), The Seventh Plague of Egypt

 

 

 

 

 

Ronald Augusto


 

Pequena coleção


poetas manuseiam ainda
papel e caneta
o papel alta alvura vale
a caneta vale

(tatuagem de tabaco
entre os dedos
um ponto a menos)

h. s. mauberley deve
as unhas da carne
ao passado e firma-se
valor pré-datado

*

nunca a música da prosa e
para retroalimentar-se da outra escapulindo
ao que só em prosa – acontece –
o poeta entope os ouvidos
com cera de segunda mão
cada página que o prosador
perpetra
                 petalismo
                                  até
agora uma gargalhada pregas
pedrada na polpa da poesia
o que tomou para si a tradição do verso
e que versolibrista e que anti-semita
invejará de maneira total
a astúcia de odisseu
o prosador
desceu
aos
in
fernos
monte santo
cosme velho


1 Poemas do livro Confissões Aplicadas, Ed. Ameopoema, 2004.

 

 

 

Da Vinci, Madona Litta_detalhe.jpg

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Eleuda Carvalho

 

 

 

04/07/2006