Rosel Soares
Noite, dois excertos, de Soares Feitosa
Poeta! A facilidade com que as palavras furam
meus/nossos olhos, ouvidos, cérebros e corações deve-se unicamente a
escolha acertada que você, lapidador, empreende durante as “altas noites”
do Ceará. Eu me impressiono, verdadeiramente eu me impressiono. E é uma
sensação gostosa da porra estar lendo versos seus. Por exemplo: tu sabes
que minha situação financeira não está nada boa. Mas enquanto ouvia você
falando que “...agora de manhã, mostrei a advogada, ela trabalha aqui comigo”,
juro que esqueci do “pncd” e vivi (por instantes, é verdade!), como o mais
abastado dos homens aqui na Terra. Esqueci do que podia esquecer e lembrei do
que devia lembrar. Viajei!... Conclui-se: você é um ilusionista, um enganador,
um homem cuja crueldade parece não ter fim. Por que tanto talento para tanta
maldade? Mas queremos ser iludidos (precisamos), enganados (é importante) e
aniquilados (é morte feliz) por causa de seus versos satânicos. Escreva-me
mais! Mande-me novos versos! Pois, se o “pncd – pão-nosso-de-cada-dia” está
sendo difícil de arrancar do solo canadense (estou sendo dramático demais,
aplique o desconto!), que pelo pelo menos a “pntd –
poesia-nossa-de-todos-os-dias” não nos seja negada. Pois que já me sinto dono
dos teus versos. Vai ver o processo é esse mesmo. Escreveu, desenhou, computou,
publicou..., já era, não te pertence mais. É de quem lê, aprecia, cita,
divulga... Fiquei feliz porque você manteve o verso “Ela perguntou se
tinha bromélias”. Perfeito! Não sei criticar poesia (ainda bem!). Mas sei
quando um verso vale a pena! Abraços sinceros! Rosel
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