Rosalice de Araújo Scherffius
Não estava em mim a resposta
Supondo longa a tua jornada,
me deixei ficar na tua demora,
mais adiante,
o teu lugar era o infinito disperso,
que me disse do encontro que matava sonhos
e construía saudades como torre de comunicação.
Depois a fuga sem nexo,
dizendo ser busca de compensação.
Maior que um deserto,
maior que o oceano,
foi a tradição que ficou e estava ficando no tempo.
Partindo e crescendo e o teu destino
se contradizendo!
Vi tua saudade,
vivi tua fuga,
mas não compreendi a infinita intensidade de teu poema, que diz ser
vago e não se encontrar.
Apenas pude descobrir uma verdade
contida em estranhos rumos
de renuncias por aceitações.
_ Mas aquela não era a tua verdade!
Então eu morri.
Morri para o mundo que me deixava triste,
e em silencio,
sem rumo certo,
como objeto grande,
segui,
para morrer novamente adiante,
ao te encontrar fugindo de ti
em busca de um auto-encontro.
E não quis te aceitar, por que?
-Não estava em mim a resposta!
Teu mundo era grande, semelhante ao meu,
mas tive a impressão que na tua calma e distancia,
não tinhas suficiência para suplantar a saudade,
e eu temia,
temia que os teus anseios se desfizessem em agitações medíocres
e que não mais quisesses ser como ave de arribação
pois eu te esperava ter como um parente do vento
e com ele, ser um pouco de ti
em essência.
Para te amar em solidão dividida,
que fosse eu
que te trouxesse,
que ao amar não soubéssemos
o que havia de maior,
pois o maior, já o éramos.
E descobrir...
então varias vezes preferi ano escrever poemas,
para não sentir de mim a tua voz
que intensivamente era a minha solidão...
e descobrir a saudade,
e amar a derrota,
e saber que a fuga não era exatamente partida,
era algo mais
levada no seu estado
toda uma significância,
que fora vivida na exatidão do sentido.
E eu não ficava,
pois viajante me encontrei
e te despertando morri.
Completamente.
E continuei,
andando e seguindo ainda estou.
E não sei por quanto tempo
deverei completar a saudade
ou gastar a estrada,
caminhar na procura
e saber do silencio o teu rumo.
E não sei por quanto tempo descobrirei o vulto caro ou a silhueta de
um destino que trago comigo,
e que pela primeira vez realmente significa uma vida ou algo maior,
bem maior.
Apenas te significa.
E eu ainda sei o teu mundo,
e não sei a tua verdade
e te tenho amor,
indefinidamente!
Texto parte da antologia A Hora de Agora, publicado
pela editora e gráfica Macaé.
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reservados a autora
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