Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

C. Ronald

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão
 

Poesia:

 


 

Ensaio, crítica, resenha & comentário: 

 


Fortuna:


Micheliny Verunschk
 

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Sandro Botticelli, Saint Augustine, Ognissanti's Church, Firenze

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um esboço de Leonardo da Vinci

 

 

 

 

 

 

 

 

Culpa

 

 

 

 

 

 

Ana Cristina Souto

C Ronald

 


 

 

[Eis a porta que range com aquele que entra]

Eis a porta que range com aquele que entra:

domínio da incerteza para mais de um corpo

e o silencio desfeito. A terra depois disto

e o tamanho inexato daquele que a tenta

como parente estranho que nem era homem

entregue ao acaso com a visão atiçada

no acúmulo de cartas quando pesa o nada

na permanência inútil e no lugar dos nomes.

Mãos em coisas pequenas só alargam a morte

no que consomem do outro. Mas o verbo firma-se

em cada grito de antes sendo ainda mais forte.

Ai, meus Senhores, funde-se o pressentimento.

Não sois nada, nem há folha fora dessa bíblia

que não seja virada e lida cada noite...

 

(in Gemônias, 1982)

 

 

 

 

Um dia vês o quanto o rosto pode mudar do amor

 

Um dia vês o quanto o rosto pode mudar do amor que está por baixo dele.
Há sons da destruída força. O íntimo revelado da caça após aberta
num cenário silvestre; e não havia relevo de montanha que a adornasse.
O rosto caçador de olho na mira contra si mesmo, sempre!
E sempre errando na distância humana que o espírito deixou.
Tudo aparece e não desvia o angustiado conjunto no infinito.
Sem alma nesse aumento então se altera, procura soluções
na semelhança "com o que é da terra e a terra canta".

 

(in Cuidados do Acaso, 1995)

 

 

 

Para estar na paisagem

 

Assim que entro, a casa estabelece as regras,

o apoio da terra, as mãos como duas naturezas

juntas e algo que não fui quando chego à cozinha:

algoz e vítima, alimento e gosto, amor e ódio

sobre o mesmo fogo. Tu estavas distante

dessa história, iluminada e nua. Débil eco

para quem precisa do encanto, das coisas antigas

e das novas. Ainda uma vez mais os sonhos tentam

o existido com o que fica dos mortos. O hábito

com que provo o tempo nessa noite de chuva.

Acima de nós, beleza e verdade confundem

a liturgia das raízes, o manancial dos enigmas

a graduar o acaso por tudo que tivemos juntos

entre frutos e flores.

 

(in As coisas simples, 1986)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.11.2010